domingo, 18 de março de 2012

O mundo (sempre) em mudança


 Não sei se é medo da mesmice, medo da rotina, se é pura inquietude nata e vontade de transformação, ou se é o tal do bicho carpinteiro.... Mas acho que vivo e convivo com a extrema necessidade da capacidade de (se) reinventar...
Extrema mesmo!
Dava um programa do Discovery: “vontades de mudanças extremas”, apresentado por Danizinha e suas formigas no rabo e sua vontade de transformação constante.
Ficou bonito, né? Sonoro...

É que não consigo simplesmente “me acostumar” com o mundo e as coisas como são... Precisa mudar! Precisa ser diferente! Precisa ter uma novidade, sabe?

Mudo as coisas de lugar, mudo os móveis, mudo as cores, mudo o que faço, como faço, mudo tudo. Não consigo ter nada, mesmo “recém adquirido” que não sofra transformações (e mudanças...) nas minhas mãos... Mudo até a mim mesma o tempo todo.
Não, não é TPM...
Não, não é patológico.

Veja bem... a figura já mora no mesmo lugar. Acorda de manhã e a cafeteira está na mesma pia. A geladeira está no mesmo canto. A própria cozinha está no mesmo lugar! Vai ao banheiro, e a pia, a privada e o chuveiro estão aonde? No mesmo lugar (e olha que eu aqui, mesmo na casa pequenina, tenho 2 chuveiros! Só para poder variar...) Seguindo... Sai para trabalhar no mesmo lugar (e olha de novo, que eu trabalho com coisa pouco convencionais e sob rápidas mudanças, cada semana um projeto diferente graçadeus). Mas me arrepio só de imaginar que tem gente que trabalha no mesmo lugar fazendo a mesma coisa todo dia! Isso deve ser enlouquecedor.... Pega a mesma condução, faz o mesmo trajeto, vê as mesmas caras, conversa sobre os mesmos assuntos, e por aí vai...
Jesus!!!! E quando volta para a casa, volta para onde?

Para a mesma casa!!!

Ainda bem que sou solteira, porque se não ainda seria todo dia chegar em casa e encontrar o mesmo marido!!!
Imagina... eu mesma já me olho no espelho e é todo dia a mesma cara! Ninguém agüenta...
Na verdade, quando eu estava casada, acho que ele entendeu o espírito da coisa rapidinho... E aprendeu “a se mudar” - uma vez com barba, uma vez sem barba, de vez em quando careca, de vez em quando black power, com bigode, sem bigode, costeletas, sem costeletas, e fazia combinações todas entre estas variações. Pronto. Superávamos este problema e era tudo bem. Ele só se queixava quando chegava em casa e eu tinha mudado tudo de lugar.... Tipo o que era do quarto estava na sala, o que era da sala agora estava pendurado pelas paredes, a sala passou a ser na cozinha, essas coisas.... Ele estranhava um tanto, ás vezes tentava argumentar alguma coisa assim “mas eu estou acostumado a todo dia chegar e largar as chaves na mesinha que tinha do lado da porta... e agora a mesinha nem existe mais!”

Pois bem... a tal vontade viva e constante de que tudo esteja sempre em processo, em transformação, de que tudo mude sempre parece ser a única coisa que não muda por aqui...

Todo dia acordo (na mesma cama!!!) e vou à varanda ver a vista do mundo lá fora. E o que vejo? A mesma praça!!! Afff....

Confesso que, com frequência, imagino simplesmente “dar um giro” nas coisas. Dar uma viradinha no prédio e então mudar a paisagem da janela... Pois estou esperando as árvores crescerem e tem demorado um pouco...
Juro que eu queria um dia acordar e abrir a varanda e estar de frente para a Place de La Concorde, ou para a Parade Square da Varsóvia, para a Praça Venceslau de Praga ou para a Plaza Mayor de Madrid.. Alexanderplatz de Berlim, ou a Praça de São Marcos de Veneza, até para a Piazza Del Popolo!
Mas outra.
Só para variar...

Aqui a casa é pequenininha como um trailer. E isso é um complicador... pois as coisas são “encaixadinhas”, têm lugares predeterminados, senão não cabem!!! Ui... Tenho que mudar nos ‘acabamentos’ o tempo todo....
É pequenininha como um trailer, mas eu digo que é o “trailer mais burro do mundo” porque não sai do lugar!
Abro a janela e...
Pois é, vida é dura.
E olha que a praça aqui é novidade pura!
Não tem um dia igual ao outro...
Mas é a mesma praça.

Certa vez me apaixonei por uma figura. Uma das coisas que mais me encantara no rapaz fora a sua (aparente) capacidade de gerir mudanças. Ele falava em mudar de trabalho, mas não só de mudar de local de trabalho simplesmente. Falava em mudar de área, mudar de profissão, sabe? E já tinha feito isso uma vez. Encantador... (o processo de vida, tá. O rapaz deixou de ser... Por outros motivos, mas deixou. Não é mais tão encantador assim, fez merda e nela se estagnou... não mudou...)

Consigo me imaginar assim...
Mudando o tempo todo. Fazendo coisas diferentes o tempo todo.
E tem coisas até bem prováveis, possíveis mesmo em um futuro não muito distante.

Penso em montar uma grife. Sei que seria feliz com isso. Faltam-me ainda planejamento e investimento pessoais, uma dedicação mais focada ao projeto. Mas consigo me imaginar tocando esse negócio.
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.

Como também consigo me imaginar trabalhando em casa, coisa que eu adoooro!
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.

Também adoraria ter um restaurante “quintal de casa”. Íntimo e intimista, caprichadinho e bem cuidado. Ambiente informal, mas elegante, com as minhas loucinhas todas diferentes misturadas, slow food feita com amor, pratos criativos feitos conforme a oferta de ingredientes disponíveis na geladeira e não conforme a demanda. Bebidas da minha adega.
Algo do tipo “já que vou fazer a comida para mim, faço para o serviço também”.
Juro que eu consigo imaginar...
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.


Por hora, vou mudar só o que estou fazendo exatamente agora!
Mas volto.


... nessa casa se ouve Pearl Jam

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