segunda-feira, 30 de março de 2009

aos domingos: sessão do desapego do reino de dani

Tanto tempo sem escrever por aqui...

Será que perdi o jeito?
Será que alguém percebeu?
Será que estou sem assunto?

Estou mesmo sem escrever há um bom tempo... Tenho desenhado muito, estou fazendo o “álbum mais lindo que a Bianca poderia imaginar” com fotos, guardados e afins. Quando dá um tempinho a mais tenho costurado.

Tem gente que “costura para fora”, né!
Eu descobri que eu “costuro para dentro”... Em todos os sentidos... Uma, porque é quase uma “costura de subsistência”, costuro coisas para mim, faço coisas para mim, (ainda...) não sei fazer e por para fora de alguma forma. E outra, porque é mesmo dos processos mais pessoais e introspectivos que experimento. Quando costuro sinto-me mais perto de mim, mais perto de Deus. É quase uma meditação... ponto a ponto, linha a linha, arremates, descobertas e invenções.

Mudando de assunto, mas não muito... Hoje aconteceu algo curioso nesse processo. Fiz uma “arrumacinha” por aqui, em busca de uma bolsa preta que andava meio sumida... Achei. E achei várias outras que eu já nem sabia que existiam. Hummm... sessão do desapego! (ou quase...).
Uma destas era uma mochila colegial, meio hippie, meio esquisita. Olhei bem para a cara dela e deu a sensação de que não a usaria nunca mais (como o tenho feito há aaaaanos, em que está guardada e esquecida).

- Mas... o tecido é tão bonito.
- Não, Dani! Isso é apego gratuito. O tecido é bonito, mas é tachado... tem cara de hippie peruano!
- Mas tem história, tem valor sentimental.
- Sem essa, não faz parte do seu show...
- Lembro que eu comprei junto com a Angélica. Mochilas iguais, cada uma de uma cor.
- Pomba! Faz quase 2 décadas!
- É resistente pacas, carregava vários livros, mó peso!
- Não e não, e ponto. Ocupa espaço, você não vai usar meeesmo. A casa é pequena, abra caminho para uma bolsa nova. Ainda por cima está rasgadinha aqui, ó...
- Ai, um rasguinho à toa. Se eu cortar aqui, tirar o furo para lá, vira uma capinha de almofada. Quero mesmo trocar essa de paetê que arranha e marca a bunda por uma mais fofinha, preservo a bela estampa e uma linda história.

Então... eis a surpresa!

Rasgo daqui, corto dali e descubro que a mochila tinha um forro!!!
Não, não era um forro falso cheio de dólares... Mas era o maior barato! Um algodão cru, de saco de farinha... com umas carimbadas escrito assim “harina especial de trigo”, “contenido aprox. 45 kg”, “hecho em Bolívia” e uns desenhos de uns trigos lindões!!!
Que agradável surpresa! Fiz uma bolsa com o tal forro!!!
Até esqueci da capa da almofada...

Fiquei feliz por (às vezes...) ser teimosa comigo mesma.
Fiquei feliz de pegar algo que eu nem curtia mais e conseguir transformar em algo novo e bacana.
Fiquei feliz porque sim... porque o que eu quero mesmo é ser feliz! Em cada pequena coisinha, a cada pequeno momento, de apego ou de desapego, mas que eu saiba fazer dele um “pequeno bom momento” desses que tanto enriquecem a gente (mais que um forro cheio de dólares).


Por falar em “pequenos momentos, grandes alegrias”, tenho curtido muitos desses por aqui.
A casa agora tem fogão E geladeira. Primeiro mundo total!!!!
Sinto-me saída da idade média adentrando o iluminismo, descobrindo um mundo novo...
Sim, agora é possível desfrutar das comodidades de se armazenar comida em casa! Sim, o pão voltou a ter manteiga, porque a manteiga agora tem onde morar. Sim, a cerveja é geladinha. A azeitona preta não fica mais branca, e o pão preto não fica mais branco. Uau!!!!!!
Ahhh... o mundo das comodidades!

E também tem fogão!!! Ainda meio subutilizado... pois tenho medo de usar o forno e esquentar demais a geladeira, e ainda não consegui botar uma pedra entre eles, mas está uma beleza!!!!
Sinto-me uma macaca das cavernas, da Guerra do Fogo de Annaud, dotada da sofisticada capacidade de dominar as tecnologias de produzir um foguinho próprio em casa...

Ai, que alegria!
Um luxo! Fogão e geladeira em casa!
Melhor que isso só piscina tony na varanda, mas não cabe... então tomo minha cervejinha na banheira mesmo.

Vai uma das primeiras fotos do primeiro mundo aqui..


Da próxima escreverei uma da série “pequenos momentos, grandes acontecimentos” em função dessas revolucionárias mudanças na cozinha.



... nessa casa se ouve Mile Davis

sábado, 14 de março de 2009

to be continued...

Pois é, Marconi querido...

Eis a história que continua...

As filosofadas que passaram pelos escritos sobre solidão e individualidade foram looonge... Renderam caderninhos e mais caderninhos sobre a tal primeira das conclusões...

Segue um dos trechos recortado dos mesmos...

“(...) e que já sinto, percebi ou descobri há tempos, que (ainda...) carrego certo peso e medo de ”ficar sozinha” neste mundo... Contraditório, não?
É que sou a (muuuito...) caçula, e que, se a vida “seguir a ordem a natural e temporal
dos fatores”, vai chegar um dia que eu vou “estar sozinha”, sem a presença mais
amada da família mais próxima.
Ás vezes sinto certo medo disso. Às vezes dói quando paro para pensar (...)”.
E o papo comigo mesma rendera pacas... E a contradição é mesmo grande....

Pois acho que eu criei uma “armadura de defesa de meus próprios medos” tão grande e tão cedo que, apesar de amar tanto minha família e querer tanto estar junto, eu me ‘afastei’ de alguma forma.
E a tal “ordem natural e temporal” dos fatores também é tão contraditória quanto, pois eu mesma fui tão cedo até a porta-de-sabe-se-lá-onde e para cá voltei, creio que com missões e aprendizagens ainda a completar.
E a vida... sempre tão cheia de surpresas, nos mostra e ensina que “ordens naturais dos fatores” são parte das ‘grandes ilusões’ do mundo que nós mesmos criamos e nele vivemos.

Uma das conclusões saída daí era inspirada pela “continuidade da vida”, pela magia da vida que se renova quando uns morrem, outros nascem, e a vida e a família meio que se renovam também.

Pensei em passar mais tempo com a família. Pensei em mil coisas para fazer e viver com minha afilhadinha.

E então ela que se foi.

Aos 16 aninhos, de uma hora para outra. Fechou os olhinhos para abrir novamente só lá do outro lado.

O amor maior que eu já senti!

Não sei se eu consigo explicar tudo que sinto e senti, tudo que pensei e passei. Não sei onde e como as coisas ‘se explicam’. Talvez algumas não “se expliquem”, apenas “se sintam”. Mais papos para outra hora.

Sei que nossa passagem por aqui é mesmo uma grande escola. E um de meus confortos veio de uma frase que ouvi de meu irmão... “Bianca passou de ano, a gente aqui é repetente”.

Quando a gente pensa que sabe alguma coisa, a vida vem e nos dá uma sacudida... creio que para nos lembrar que estamos aqui mesmo para aprender e aprimorar.

Bianca foi (e é) para mim uma escola, uma mestra mesmo. Uma presença de puro amor e sabedoria. Que me toca e me ensina mais e mais sobre a vida, e cada vez mais.
Só amor, só sorrisos, uma paz tão ingênua e ao mesmo tempo tão sábia. Um anjinho que nos presenteou com sua companhia nesse breve tempo.

Sei que estou tranqüila, aprendendo com tudo e todos.
Renovando sentimentos, me enchendo de amor, buscando ser consciente, coerente e consistente.

Passei os últimos dias trancadinha por aqui, carnaval no “bloco-dos-que-não-saem-de-casa”.
Acho que arrumo a casa e de alguma forma arrumo a mim mesma.
Processos saudáveis e enriquecedores. Revendo e revivendo a vida, o mundo e a mim mesma.

Já fez 1 mês dessa reviravolta toda de vida...
Creio agora que a morte é quem mais nos ensina sobre a vida.
Creio que mudei, que estou mudada, que estou mudando...
Tive dificuldades de escrever esses tempos... pensei demais, senti demais, mas consegui escrever muito pouco... mesmo esse “textículo” que vos fala é fruto de praticamente uma palavra por dia... Mas passei a desenhar mais! A cada brechinha de tempo, e tenho feitos rabiscos cada vez mais coloridos.

Enfim, cá sigo.
Eu consigo.
E eu comigo.


Singela homenagem...


As últimas fotos que tirei da Bi, no fim de ano em SP.




Apesar de eu não ser muito “de mostrar a cara”, abro uma saudável exceção... Causa nobre e querida.
A última foto em que estamos juntas.
Fotografia Otávio Rodrigues.




... nessa casa se ouve Bad Brains