terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Era para dormir?

Conheço muita gente que vê TV para dormir. Não é muito a minha onda, não... Na verdade, se resolvo fazê-lo, acabo mesmo é despertando; ficando ansiosa pelo final do filme, curiosa pelos encaminhamentos e descobertas dos cientistas na escavação de Cuzco, aflita em saber se 20 minutos foram mesmo suficientes pelo sucesso da receita.

Tempos atrás aprendi o truque com um amigo: “Danizilda, não é para ver Matrix, Ultimate Fighting ou Simpsons. O lance é assistir ao National Geographic... Aquela paisagem sépia, sem movimentos bruscos, a voz do além quase hipnótica falando calma e arrastadamente: vê-ê-êeeeja agôôooora côôôooomo se espreguíííiiiça a lêêêêsma australiãããna - Pronto. Aí sim; você dorme em 2 minutos”

Desde então aprendi. Questão resolvida.

Hummmm???

Resolvida por hora... Pois desde que você passa a conhecer um tanto mais esse mundo “animal”, você passa a pensar um tanto mais sobre esse “mundo humano”. Pronto. Fudeu. Pára para pensar. Pára para refletir e questionar. Pára para filosofar, levanta pega uma água, acende a luz, pega um lápis e um caderno, aproveita e faz xixi, volta com um cigarro, ajeita o travesseiro para um lado a coberta para o outro, melhor nem acender a luz... uma vela! Já sai à caça dos fósforos, e assim vai.

Já era. Soninho já era...

Quer ver só? Outro dia chega uma questão: Mellldellls, veja você! Um animal quando encontra outro, só tem 3 coisas para pensar: É para comer? É para fugir? Ou é acasalamento?

Pronto. Simples assim.

O ser humano por sua vez, que beleza, herdou três prêmios para compensar: o polegar opositor, o livre arbítrio e a capacidade de complicar as coisas.

Aaaahhhh, Danizinha... Já nem dormiu mais naquela noite, né!
Receita de sonífero fails...
Voz calmante do locutor fails...
Nat Geo fails....



... nessa casa se ouve as crianças berrando enquanto brincam de Jedi com sabres de luz que fazem barulho de motorzinho de aquário. Ufa!

o que se vê , o que se ouve e o que se faz

Uma coisa que eu adoooooro é assistir alguma coisa na TV e ouvir outra no rádio.
Sabe como é?
A TV fica no mute e a trilha é sempre boa!
A imagem é uma, o som é outro!
Então, é isso.
Adoro!

E é impressionante como sempre tudo combina certinho... Tem coisas que já viraram “clássicos”. Como futebol x rock progressivo. Rodam certinho. Impecável. Trabalho de mestre, de perícia. Cada passada, cada jogada, casa direitinho com cada acorde, uma cooooisa! Fantástico! Um primor!

Pois bem, faço dessas coisas com freqüência.
Tem coisas que merecem ser vistas. Fotografias bem feitas, iluminação de primeira, contextos instigantes, essas coisas. Mas o que se ouve por vezes não é tão bom, ou envolvente... Outras vezes ainda, é para não correr o risco de eu “me concentrar demais” no que estou vendo e dispersar do que eu estava fazendo... Então continuo ouvindo meu sonzinho e deixo ali um visual surpresa... Vez ou outra viro e olho, e há um enquadramento específico, uma imagem que prende a atenção por alguns segundos, algo que então entra e participa desta casa.

E a trilha sempre combina certinho!!! De alguma forma muito boa, nem que seja para ser uma grande e louca contradição.

- Opa! Mas o que vocês estão fazendo aí? Descendo o morro com a pistola na mão e cantando com Depeche Mode?
- Nooossa! Que beijo é esse? Lambendo para lá e cá ao som de Korn... Você hoje tá que tá, hein Tony Ramos....
Lembro que quando eu tinha carro, também adorava fazer isso... Ver as imagens do que acontecia no mundo lá fora e acompanhar com a trilha do que eu estivesse ouvindo, dirigindo do lado de dentro.
Muito bom!!!
Altos filmes passaram por esses olhinhos aqui!
Grandes momentos de leveza e poesia em grandes engarrafamentos. E eu me divertindo pacas... E pensar que tem gente que se stressa no trânsito... Tsc, tsc...

Já houve épocas em que eu pensava ter na minha casa uma parede inteira com uma projeção. Full time! Um projetor ali ligado, passando cenas de filmes que eu adoro e que, de tão boas, mereceriam ser projetadas na parede da minha casa, e coisas outras quaisquer... E quando eu passasse pela parede teria aquele momento de enleio e devaneio, de surrealismo fantástico, de puro prazer e deleite.
Por hora essa idéia passou... Pelo preço das lâmpadas de projetores e também porque não sobrou parede em branco por aqui...

Uma outra coisa super legal com acontece com isso também, é o “momento videoclipe”.
Aquele intervalinho da ‘função’, parando um pouquinho com o que eu estivesse fazendo, a pausa do “vou pegar uma água”, “vou ao banheiro”, “ahhh, cadê aquele livro?”, então eu interrompo o que fazia, vou dar uma andadinha e aproveito e dou uma 'andadinha' no que está rolando na TV.
Uma zapeada e....

Ao som de Lee Perry passam: um cenário cheio de luzes com meia dúzia de gente estranha e deselegante, mas sorridentes; dois jogadores de times adversários escorregando em câmera lenta, um sobre o outro no gramado molhado; dois engravatados de cabelinho partido ao lado à frente de um cenário que, de tão feio, me faz zapear mais rápido; zap... nossa senhora aparecida rogai por nós, rogai por nosso Brasil, rogai por nós; um extenso gramado, dourado de tão seco, avermelhado... que aos pouco vai se fundindo em outra cena de fundo e se transformando em um cemitério, aparece um gordinho de costas... ele se vira e parecia melhor ter ficado de costas mesmo... o gordinho se agarra à grade e de repente....; zap... Brad Pitt batendo palmas com um pão enfiado na boca; zap... três pessoas dentro de um carro sendo conduzido por Kevin Costner numa noite escura, onde, na calçada, correm um encapuzado e Demi Moore armada; zap... um cachorro animado, de desenho animado, amarelo e falante, conversando com uma menininha de pijama cor de rosa; zap... Denzel Washington!!! Você por aqui? Numa cama de hospital! Que aconteceu? Que cara de bobo é essa?; zap... mãe e filha, iguaizinhas, mas de tamanhos diferentes, sentadas com cara de sono sobre um sofá com estampa de florzinhas padrão liberty; zap... uma coruja voando e na legenda se lê “isto é altamente desrespeitoso”; Mickey; uma pessoa acerta a cabeça de outra com um suporte de soro de hospital; velejadores num veleiro...

E por aí vai....

Uau!!!!
30 segundos depois e eu mesma já sou uma outra pessoa, sob uma outra visão de mundo!
Bebo a água e volto ao ponto que estava.

É o barato do “muda de canal, muda de imagem, e o som não muda”. Delícia!

Em compensação tem vezes que faço outra peripécia por aqui...
Às vezes quero variar, quero ser pega de surpresa, surpreendida mesmo, eu acho... surpreender a mim mesma. Quero variar quando sinto que estou repetitiva comigo mesma, quero um ‘fator novidade’ nesta casa....
Então aproveito quando vou dar uma saidinha - mercado, padaria, logo ali e volto logo - e deixo o rádio numa seleção aleatória e randômica... Ás vezes até escolho as músicas, “ctrl + qualquer coisa” sem nem olhar, e saio. Quando volto, a trilha da casa está tocando algo que eu nem poderia imaginar! Adooooro também!

E assim vamos... Feliz nas pequenas coisinhas, me divertindo comigo mesma!



... nessa casa se ouve Billie Holliday

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Falando e andando

Seguia pela rua, meu caminho habitual, aquele “olhar estrangeiro” que por vezes acompanha a cidadã aqui...

É... Porque normalmente são só 2 posturas e atitudes... Ou estou super concentrada em tudo que vejo e sinto, por tudo e todos por onde passo, num mapa urbano que rastreia, identifica e reconhece tudo que há. Do tipo... em questão de segundos estou sabendo quantas pessoas estão vestidas de vermelho na praça, quantas câmeras existem presas aos postes e o que elas estão vendo, quantas pipocas há em cada carrinho, há quanto tempo provavelmente foram feitas, porque tem latas pelo chão, quem está de passagem e quem está esperando alguém, quem é esse alguém que está chegando, quantas lâmpadas queimadas há no letreiro e porquê, quem e como pintou aquele letreiro, o que ele tentou dizer com isso e o que provavelmente ele consegue, porque há tantas tampinhas de caneta pelo chão, mais uma carta de baralho perdida pela cidade, para quem devem ser as flores na mão do menino, de onde vieram essas flores, se o ônibus passou faz tempo ou se acabou de sair, o que fez aquela senhora não combinar aquela calça enfiada no rabo com aquela blusinha horrorosa, e por aí vai...

Ou estou completamente obsedada, em outro estado de espírito mesmo, alheia ao mundo lá de fora total... Mal sabendo onde estou e para onde mesmo eu estava indo, olhando o mundo lá fora com meus “olhos de estrangeiro”, como se visse o mundo pela primeira vez, como se eu tivesse acabado de chegar de outro planeta, num reconhecimento de território nunca antes visto...

Eu estava neste estado.

Então, como acontece algumas vezes, alguém encosta na minha orelha, e cochicha de um jeito literalmente invasivo: “gostoooosa”.

Carái.... Eu mal vejo o que aconteceu. Só sinto o vulto se afastando e indo embora. Nem olho para trás para não correr o risco de parecer que eu estou dando corda para a figura. Aliás, nem olho para a figura. Podia ser o Johnny Depp pelado e dançando rumba que eu não estava nem vendo, ali no meu estágio abstração-total-de-ET-recém-chegado-nesse-mundo. Aperto o passo e saio logo dali. Um chacoalhão me trás de volta ao mundo e levo um tempo até entender “que pása, chico”...

Sim, por mais bizarro que isso possa parecer, acontece algumas vezes...

E eu juro que não entendo...

Minha primeira reação é pensar “como é que ele sabe?”. Há, há, há...

Sim de novo. Pois, 'por mais bizarro de novo' que isso possa parecer, eu realmente penso isso, e começo a rir sozinha... Uma risadinha sacana que acho que só eu conheço.

Depois entra um pingo de racional para pesar na balança... Eu estou bem vestida. Bem vestida não só no sentido elegante da palavra, mas eu estou “quantificadamente” vestida. Não estou ‘exposta’, estou cobertinha, elegante na minha simplicidade.

Não sou o tipo “gostoooosa”, de chamar atenção na rua, de bundão socado na calça da gang, um cafona sapato plataforma branco e megahair loiro e liso para fazer volume e ocupar espaço com meus piolhos de plástico. Sou discretinha... Do tipo que passa despercebida. Meio perua-light-com-layout-exclusivo, estilo “rock ´n roll meio nonsense”.

Mas chamei...

Vai entender...

Aí cai o pingo de racionalidade número 2...

O que passa na cabeça do cidadão para sair por aí cochichando no ouvido de alguém que ele nunca viu na viu na vida, para se dirigir a um desconhecido na rua para sussurrar “gostooosa” no ouvido dessa pessoa?

Faz algum sentido?

Isso acontece com você também?

Ou é só comigo mesmo? Sina de “pára-raio de maluco”?

- Aahh.... – então alguém levanta a mão ali no fundo, e balbucia buscando coerência – Vai ver se trata de uma pessoa expressiva, comunicativa, que quer falar o que pensa e sente, e o faz.

- Opa... Muitas vezes eu sou assim também. Nem por isso vou andando na rua, chegando no cangote das pessoas e falando: Gostoooso! Cafona! Desordenado! Burro! Lindooooo! Lerda!
Não faz sentido... É muita ‘expressividade’ para uma pessoa só.

- Aaahh... Vai ver ele não faz isso sempre ou em todas as circunstâncias, mas quis falar isso para você, para não perder esta oportunidade única.

- Mas ele nem sabe quem eu sou... Nem sabe que eu sou mesmo gostosa. Nem vai saber....

- E?

- E aí que ele podia se meter em encrenca com tanta “expressividade”... E se eu fosse mulher do delegado marrento, atacado e ciumento?

- Não, acho que não... Decididamente, você não tem cara de mulher-do-delegado-marrento-atacado-e-ciumento...

- E se eu fosse um travesti extremamente bem caracterizado, e o pegasse de surpresa... Na hora em que ele quisesse ver a pombinha encontraria o gavião?

- Hummm... Também não cola.

- E se eu estivesse de TPM e virasse com 3 palavrões e 2 tabefes atrás da orelha, rapá...

- Aaahh.... Agora você falou uma verdade, dona senhora complicada e perfeitinha. Mais provável, mais provável... Mas se vê que o cara é ousado, se dispôs a correr altos riscos só para ter ver com alguma cara desconcertada...

- Não é muito esquisito? Não é mesmo de se estranhar?

- Quer saber? Devia ser algum amigo seu tirando onda com a sua cara... E você nem olhou para trás para falar com ele. Antipática...

- É capaz... Ontem mesmo, na plataforma do metrô, passei por uma figura queridíssima. E se ela não tivesse me segurado pelo braço acho que eu nem a teria visto.... Putz, é por essas aí que eu vou ficando com fama de antipática... E na real é que sou meio de outro planeta mesmo...

- Então se liga, fofa! A hora que um bonitão pelado dançando rumba passar do seu lado você não vai nem ver...


... nessa casa se ouve King Crimson

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A primeira vez a gente nunca esquece

Fui à Nutricionista pela primeira vez na vida!!!!
Estava contando os dias para a consulta, estava numa alegria só, na maior excitação, feliz da vida mesmo por ir então a uma nutricionista. Acho que um tanto pela sensação de “estar cuidando de mim” de alguma forma, de fazer algo para meu bem, sabe? E mais um tanto pelo prazer da descoberta, pela oportunidade de esclarecer coisas, tirar dúvidas e ter respostas para algumas coisas que eu não tivesse descoberto sozinha. Pois bem, eu estava toda eufórica por ir à nutricionista...
O tamanho da minha decepção foi proporcional ao de tanta excitação...
Ai, ai...
Tá... Não serei indelicada nem malcriada, não vou dar nomes aos bois, e também vou tentar não julgar demais as pessoas... Mas que fiquei decepcionada fiquei, mas que saí de lá com cara de cu, descrente, descreeeente da potencialidade dos profissionais brasileiros, da humanidade e de tantas outras coisas, saí...
Alguém já foi ao nutricionista?
Encontrou respostas para algumas coisas que procurava?
Teve orientação direcionada e específica sobre coisas a fazer?
Sentiu-se seguro, confiante e acreditando que aquilo pudesse ser o melhor a ser feito?
Pois bem, cheguei logo me apresentando, das formas que pude e achei conveniente.

Levei minha batelada de exames recentes, sangue, glicose, uréia, creatinina, lipidograma, hormônios e mais uns 15 outros com nomes em siglas de sei-lá-mais-o-que-são... Dá para me conhecer por dentro, de uma forma química ou física, penso eu... Para me conhecer por dentro de outras formas, comecei a falar... A anamnese mesmo, né. E tentei fazer um rápido apanhado de informações relacionadas direta ou indiretamente à minha alimentação, e outros hábitos que fazem a diferença no meu corpicho, por dentro ou por fora.
O ‘x’ da questão é que tenho uma forma muito peculiar de lidar com tudo... isso. Digo que me “automedico”, mas como não é medicação, é alimentação, pode se dizer que institui formas próprias de direcionar ou guiar minha dieta... Mas também não acho de todo distante de ‘medicação’... O histórico familiar é de uma turma de malucos especial, que inventa ou cria formas próprias de ser, viver e estar neste mundo... Lembro de papai, por exemplo, que toda vida disse que “não precisávamos de remédios, precisávamos nos alimentar corretamente” e que, quando não nos alimentássemos direito... em caso de doença, “para tudo há um chá certo que resolva”. E assim vamos... eu cá, e ele lá já com seus 83 aninhos, firme e forte como um tourinho!

Contei que não como carne, mas gostaria de saber mais e melhor sobre outras fontes e compensações de proteínas. Contei que parei de tomar leite aos 21 anos (já faz tempo.... mas abafa o caso) porque achei que já havia atingido o auge da minha formação cálcia, mas que como queijo vez ou outra. Contei que como como uma draga, em grandes quantidades mesmo, e que acho que sou magrelinha porque “a forma do bolo era essa mesma, e saíram todos magrelinhos”. E também que, se fico muito tempo sem comer, emagreço... Os anéis caem dos dedos, a calça cai da cintura, metabolismo de criança.

Fui respondendo algumas perguntas...
- Menstruação?
- Normalíssima. Dia e hora para chegar, do mesmo jeito há mais de 20 anos.
- Evacuação?
- Normalíssima. Todo dia, do mesmo jeito, na mesma hora. E de preferência no mesmo lugar...
Ela começa a “querer achar doenças”...
- Olha, se você não come carne, deve ser anêmica...
- Trouxe meus exames, vamos conferir.
- É, tudo certo... Humm, então se você não come açúcar, certamente é hipoglicêmica. Por isso então deve ter tanta fome e fraqueza. – Fraqueza? Sim, ela disse isso.... Certamente? Sim, ela disse isso....
- Trouxe meus exames, vamos conferir.
- É, tudo certo também.
- Olha... Não vim aqui porque estou doente, nem sinto que tenho nenhum distúrbio. Queria mesmo é uma orientação profissional, quero saber se estou fazendo a coisa certa, se preciso de algum nutriente diferente em meus cardápios, essas coisas.
Bom... Já sou meio linguaruda por natureza... Eita, bigmouth strikes again...O que às vezes me deixa em algumas saias justas por aí. Quer dizer, deixo os outros em saias justas também... Também falo meio sem medir palavras, com freqüência, quase sempre,  muitas vezes dou umas patadas, e nem percebo que o fiz. Falo a verdade ou não falo nada. Meeeesmo. Aí fico quieta como um monge (monge mudo, eu digo), acho que chego até a cerrar os lábios e fico quietinha, mudinha-da-silva...

Percebo também que desde que comecei a meditar regularmente, passei a falar mais sobre meus sentimentos, impressões e opiniões. De forma honesta, sincera. Não quero perder a oportunidade de me expressar. Mas com isso, passei também a tentar me policiar muito mais... “É a melhor forma de eu dizer isso?”,Eu dizer agora o que eu acho ou penso a respeito, vai melhorar a situação?”, “Vai fazer diferença na vida dessa pessoa eu falar o que estou sentindo?”.

Então, com a licença no jogo de palavras, podo a mudinha aqui...

A nutricionista começou a prescrever a dieta recomendada...
- Primeira coisa, carne. Para você não ficar fraquinha.

Sim, mantive a linha...
Sim, segurei a língua...
Não, não falei nada constrangedor para ela.
Sim, percebi que não valia à pena argumentar... E que “fraquinha” era ela. Como profissional, que não leva em conta fatores subjetivos, mas que segue, repete e reproduz ‘padrões’ (?), praxes, normas (?) e tabelinhas.

Para ficar mais fácil entender o que aconteceu por aqui, vou reproduzir mais ou menos como foi o papo, seguindo alguma ordem do diálogo, e (colocando entre parênteses o que eu deixei de falar ou simplesmente pensei na hora, ok?)

A nutricionista começou a prescrever a dieta recomendada...
- Primeira coisa, carne. Para você não ficar fraquinha.
- Eu não como carne. Não quero passar a comer. (Fraquinha? Eu? Fraquinha é a senhora, sua limitada... Eu falei que não como carne, lembra?)
- Mas precisa. Para não ficar fraquinha.
- Não, não “precisa”. Também por isso vim a uma nutricionista, para me indicar como equilibrar melhor minhas fontes de proteína. Para me recomendar fontes alternativas, para me dizer se o que estou comendo é suficiente e está de bom tamanho. (tudo isso mesmo que falei, mas seguido de um “porra!” enfático no final)
- Uma vez por mês, carne. – E ela ia falando e anotando na folhinha da minha dieta... – Você não disse que come carne uma vez por mês? Então, é assim que vai ser. Carne uma vez por mês.
- Não, não é “assim que vai ser”. E não. Eu não disse que como carne uma vez por mês. Eu disse que, quando eu comia carne era em média uma vez por mês. Muitas vezes até por falta de opção, não por vontade. E eu parei novamente, não faz mais parte da minha dieta. (Você ouvia mesmo enquanto eu falava? Eu não suporto ter que falar a mesma coisa mais de uma vez... Ai, ai... eu expliquei tudo tão explicadinho, você nem me ouviu?)
- Mas pre-ci-sa. Para não ficar fraquinha.
- Não sou fraquinha.... Tenho, inclusive, o braço igual ao da Madonna. Sou bem disposta, sou saudável, sou fortinha até em não pegar gripes à toa por aí. (E ninguém “precisa de carne”. Na verdade, o organismo humano foi feito para ser vegetariano. Sabe como funciona o nosso intestino? Sabe que tamanho ele tem e por quê? A humanidade é que se desvirtuou pelo meio do caminho, em algum momento... E instituiu hábitos alimentares e culturais com essa depravação carnívora. Sabia? Nutricionistas não aprendem estas coisas?)
- Está anotado aqui. Carne uma vez por mês.
- Hu-hum... – Pronto. Fiquei muda. E acho que fiz aquela cara de “pode anotar aí, não quer dizer que eu vá seguir”... (e foda-se você). E acho que ela percebeu.
- Olha, se você não quer comer carne todo dia, vai ter que comer 1 vez por mês (Faz algum sentido o que essa mulher está dizendo? É isso mesmo? E é assim que se fala? Parece uma mãe ignorante fazendo chantagens... Meu Deus, coitados dos filhos dela. Devem ter crescido com ela dizendo que para serem "fortinhos" tinham que comer “bifinhos”, “carninha”... Tentando botar doçura e poesia, chamando o bicho no diminutivo... Fazendo essa cara de garota propaganda de família-margarina. Socorro!!!!) E nos outros dias vai comer então frango, leite, ovos, queijo.
- Não, peraí.... Eu não como carne, incluindo frango. E não tomo leite. Ovos? Não como ovos... Talvez vez ou outra, na rua, na massa de alguma coisa... pão, quiches, bolo, em alguma sobremesa. Mas não compro ovos, não fazem parte de meus pratos. (na verdade, tenho certo nojo de ovo... mas não vou falar disso com a senhora, não... Sabe o que é um ovo?)
- Tem que ter proteínas. E o leite é pelo cálcio, não devia ter parado de tomar, não. Já está muito tempo sem leite. abafa o caso, de novo...
- Olha... Na minha lógica, mamíferos tomam leite enquanto estão na fase lactente. Depois disso, todos param. Exceto os humanos??? Eu ainda prolonguei beeeem esta fase, fui até os 21 anos, por achar que talvez precisasse de cálcio na minha formação óssea. Cresci o que tinha que crescer, e parei. Não faz sentido ficar tomando leite. Já passei da idade. Ainda mais leite de vaca, de uma mãe que nem é minha... É hormônio da vaca, para alimentar o bezerrinho. Não é isso? Só me rendo aos queijos mesmo, por pura tentação... Mas é tão esporádico... Não é “elemento nutriente” da dieta do dia a dia, entendeu? É puro prazer, não é necessidade. Sei que nabo é rico em cálcio, mas não conheço muito mais outras coisas para compensar. Por isso vim aqui...
- Se você não tomar leite vai ter fraqueza óssea. Pode ter até uma osteoporose precoce logo, logo.
- Tem alternativa?
- Soja, você come soja?
- Sim. Muito. (Por isso talvez eu seja tão calma... Ó, ó... nem explodi com a sra. ainda... Como muito, dizem que é bom para TPM. As japonesas comem muita soja. Já viu japonesa de TPM? Como muita soja, sim. Mas é difícil achar as de origem não transgênica... tem que ser cauteloso com as sojas que há por aí... Mas, sim. Acho que como muita soja). E então continuei:
- Só isso? Nenhum legume, nenhuma verdura a mais? Ó... Como muito as coisas verdes, alface, agrião, couve. Isso é bom para quê? Preciso aumentar a dose? Equilibrar com o quê?
- Precisa comer de tudo um pouco. Não pode comer só isso.
- Eu não disse que como só isso. Eu disse “como muito”... Nem sei se é muito... Como umas 2 vezes por dia. E também que não sei para que é bom. Olha, podemos fazer um apanhado geral atualizado. Eu te conto o que normalmente como, é isso? Hummm, vamos ver... De manhã eu faço uns 2 sucos ou vitaminas diferentes, um mais “fresco” e um mais “doce”. O fresco eu bato verduras... agrião, couve, alface, com alguma coisa, tipo laranja, mexerica, limão. O outro é basicamente de frutas: banana, maçã, manga, morango, mamão, menos cara de suco, mais cara de vitamina mesmo. E boto levedo de cerveja sempre.
- Não pode comer só isso. De manhã tem que comer pão, manteiga, você come essas coisas? Levedo de cerveja para quê?
- Complemento vitamínico, não é bom? Só não sei se a dose é boa... Mas sempre como, se eu não bater no suco, boto na comida, na sopa, sacou? (olha, fofa... meu prezado ex marido, que era sábio, na primeira vez que me viu fazendo isso perguntou “que raio de pozinho de pirlimpimpim é esse que você bota em tudo quanto é lugar?”. – “levedo de cerveja”. – “ah tá, não sei o que é, não... mas se é de cerveja, deve ser coisa boa”). Levedo de cerveja é bom para quê? Qual a dose diária? É com isso mesmo que eu posso complementar em vitaminas? E não como pão com manteiga de manhã, não...
- Tudo errado. Tem que comer pão com manteiga. Queijo...
- Para quê? Carboidrato e proteína? Energéticos? Ó... Como “comida de esquilo”, umas nozes, castanhas... Quase sempre como bolo, bolinho integral, sabe? Sem leite, sem ovos, sem açúcar. Mas boto mel por cima, que nem calda. E muitas frutas, né? Frutas têm sacarose. Fonte de açúcar, não é?
- Mel? Mel, não...
- Não? Não é bom? Como eu não como açúcar, compenso com outras coisas. Não está certo?
- É que eu não gosto de mel.
(Aaaahhhh... então a sra. indica o que gosta e o que não gosta? Em função de escolhas pessoais, e não em função do perfil e necessidades do seu paciente, sua churrasqueira fdp? Faz diferença eu lhe contar sobre meus hábitos, minhas escolhas, minhas opções pessoais, ideológicas, filosóficas, religiosas? Faz diferença eu tentar dizer de novo que não sei se estou fazendo a coisa certa da melhor forma possível, por isso vim atrás de orientação. A sra. vai me orientar a comer o que você gosta???)

Bom... A consulta ainda levou um tempo... Até falei um pouquinho mais sobre minhas coisinhas, né... Mas acho que em vão. A dra. seguiu uma tabela de peso x altura x idade e disse que estou magra para o contexto. Ok, acho que já sabia... sou magra, mas sou gostosa!
Disse que é para eu comer carne e voltar em 1 mês.

Está na cara que eu não pretendo fazer nenhum dos dois...

Trouxe para casa um papel com “a dieta”, que nada mais me diz além de que 2 + 2 = 4. Algo do tipo, “legumes = batata, cenoura, abobrinha”, “grãos = arroz, lentilha, feijão”.
Putz... Ninguém merece.

Eu que queria saber coisas que não aprendi na escola, nem na faculdade, nem na vida... Como se meus suquinhos de alface com morango, de agrião com pêra, e tudo mais que meu super-mixer me proporciona, são mesmo bons ou se uma coisa anula as propriedades da outra...
Putz... Ninguém merece de novo.

Alguém me indica uma nutricionista!!!

Mas dessas que sabem o que estão fazendo, que têm argumentos para suas crenças ou posturas, que têm a mente e o coração abertos para ir além de uma tabela, e que sabem fazer uma tabela própria e por conta própria. Das que ouvem e assimilam o que seu paciente está dizendo. Das criativas, que vão fazer a alegria da cozinheira.


No aguardo. Atenciosamente, DR


... nessa casa se ouve Radiohead

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

plantão de notícias

Ninguém pediu minha opinião, estou sabendo... Mas vou dar mesmo assim.

Para não ouvir de novo que meu blog é “muito umbigo”, para não parecer que sou de todo alheia ao que acontece no mundo lá fora, para trazer à tona assuntos modernos, atuais e contemporâneos (assim como eu) sob uma única e exclusiva forma de vê-los, (a minha).

Jogo rápido... poucas palavras, opinião imediata.


Sobre a greve na França

Estou achando o bicho!!!! Estou passando até a acreditar na humanidade novamente. É isso mesmo, queridos! Estou com vocês, têm meu apoio!!!

Tomara mesmo que dê frutos, tomara mesmo que haja coerência e respeito por parte dos governantes ao ouvir a população. Tomara que todo cidadão seja consciente de suas opiniões a respeito de algo, e que saiba reivindicar por elas. Tomara que toda sociedade, todo povo, e que todo ser humano, saiba de sua capacidade transformadora em agir em conjunto para suas pleitear seus interesses.

Tomara que a população brasileira, quando se sentir preterida nos encaminhamentos dados pelos nossos governantes, saiba protestar, agir e pressionar!

Coisas que eu ainda não entendi: Por que a mídia dá tanta ênfase às “manifestações violentas” e “atos de vandalismo” em detrimento à impecável demonstração democrática de uma voz? Por que será que tantos jovens, que provavelmente nem ‘começaram a trabalhar’ na vida, defendem os interesses populares da aposentadoria desde já?

Se liga, Sarkozy!!!! O “arruaceiro” aqui é o senhor...




Sobre os mineiros do Chile

Primeiro, eu acho que eles não tinham n-a-d-a o que fazer lá embaixo da terra, 700 metros enfiados buraco adentro... Não sei do que era a mina, não... Cobre, talvez? Mas, independente do que seja, acho mesmo que não há mais recurso natural não renovável que precise ser explorado dessa forma neste planeta! Que não há mesmo a menor necessidade de ainda existirem jazidas, minas e outras fontes de exploração desordenadas e desumanas atuando sobre o planeta!

Não tinham nada que estar lá embaixo... E ponto!

Bom... Mas, uma vez lá embaixo... Que o processo de ‘soterramento’ parece-me ter sido caótico e equivocado, parece... Que os responsáveis pela mineradora parecem-me terem sido omissos, parece.... Que o Sr. Piñera parece-me ter sido um grande oportunista com o “big brother dos mineiros”, parece... Que os rapazes foram mesmo guerreiros, verdadeiros heróis da sobrevivência, isso são.

Coisas que eu ainda não entendi: Por que, depois de quase 70 dias enfiados toca abaixo, sem infra, numa vida paralela quase inimaginável, todos os mineiros vão saindo com uma bandeira do Chile e uma camiseta de time de futebol???

- Ora, Dani... Os familiares enviaram coisas lá para baixo.
- Aaaahhhh..... Algo do tipo: Minhanossa! Meu marido está enfiado num buraco que chega quase na China. Não sei se ele vai sair de lá, se vou vê-lo novamente, se ele está bem, se ele está precisando de alguma coisa.... Mas puxa! Que bom! Tenho a oportunidade de lhe enviar algo.... Já sei! Vou mandar uma bandeira do Brasil para ele!

Juro que não entendo...

Conversei com uma amiga outro dia sobre isso... E ela comentou também que ficou surpresa em ver como eles “sairam bem”, com caras boas, saudáveis. Ela achou que eles fossem parecer fracos, debilitados, combalidos....

E de repente começam a pescar mineiros e eles vão aparecendo... Cheios de graça, cheios de onda, bem nutridos, corados (?), sorridentes, fizeram a barba, passaram água velva, camisa do “framengo”, aquela cara de calçadão de copacabana, óculos new age, com pinta de “vou pegar minha mulher pela cintura, entrar no Escort XR3 conversível e vamos a la playa,oh, oh, oh, oh, oh

Fantástico!


Sobre as eleições

Putz... Acho que tenho coisa pacas a falar. Mas ficou tardão, vou deixar para outra hora....


Sobre o clima

E aí, friozinho, né?





... nessa casa se ouve a trilha do Kill Bill

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Óculos? Eu?

A garrafa da cachaça é igual à de azeite...
Já ameacei botar cachaça na sopa, já botei azeite no copo...
Ai, ai... Então descobri que, por serem tão parecidas, não podem ficar uma perto da outra... Curioso, isso...
Será o design de embalagens que continua me instigando, ou sinais divinos que eu preciso de uma companhia calma, paciente, centrada e zen?


Então me lembrei de um papo com uma amiga outro dia...

- Pois é... Acho sim que tenho visto discos voadores. Mas é direto, constante mesmo. Quase todo dia vejo uma luz deles por aí.
- Nooooossa Dani.
- É... É que tenho parado pouco para olhar para o céu. Mas quando olho, sempre vejo.
E então paramos um tanto a caminhada. Atravessávamos a Marina da Glória a pé, à noite, numa calmaria que só... Olhamos juntas para o céu, e... Eu logo comecei a gritar:

- Olha lá. Olha lá!!! Não falei? Está vendo? Está vendo? Você está vendo também?
- Porra, Dani!!!!! Aquilo é um avião!!!!! Você está precisando meeeeeesmo usar óculos.


... nessa casa se ouve Mano Negra

domingo, 17 de outubro de 2010

Departamento de Gestão de Expectativas e Conferindo Contrapartida

Outro dia saí com uma amiga.

Ela iria "conferir contrapartida"... E eu fui junto. Pela companhia e pelo prazer do passeio.

Mas era um programa com algo a mais.... "Conferir contrapartida”... Eu achei esse nome ótimo!!!

Muito interessante... é o outro lado da moeda do que faço muitas vezes.

Mas o mais curioso era mesmo esse nome... É excelente, fantástico! Já ampliei a área de atuação e abrangência e acho que vai entrar em meu vocabulário...

Depois que institui por aqui o "Departamento de Gestão de Expectativas" minha vida mudou... Este entrou para o (rico e farto) glossário-de-danizinha, e pimba! Satisfação garantia ou seu dinheiro de volta!

- Ah sim, claro! Só um momento, "estou encaminhando" (porque as atendentes, mesmo sendo de um departamento tão rico culturalmente e deveras interessante, "continuam insistindo" em falar no gerúndio) - estou encaminhando este caso para o Departamento de Gestão de Expectativas e lhe dou retorno em breve com o melhor encaminhamento para o mesmo, ok?
Ou então...

- Olá! Não desligue! Sua ligação é muito importante para nós. Estamos encaminhando (olha ele aí de novo...) sua solicitação para o Departamento de Gestão de Expectativas, e tomaremos as medidas cabíveis para a solução deste caso.

Incrível, não?

E a equipe do Departamento de Gestão de Expectativas é das que mais rala por aqui... Além de ser uma equipe altamente qualificada, experiente, atenta e sagaz, é das que mais rala, sem sombra de dúvida!

Agora... As coisas não são assim tão fáceis, nem tão simples como parecem...

Na maioria das vezes vêm acompanhadas de contextos que não são dos mais confortáveis nem agradáveis...

- Ah sim, claro! Só um momento... Corri pacas o dia inteiro para conseguir uma brechinha para jantar com você. Estou prontíssima, de batonzinho e depilada, inclusive. Morreeeeendo de fome, te esperando há mais de 3 horas e agora você liga para dizer que não vem??????
"Estou encaminhando" este caso para o Departamento de Gestão de Expectativas, e sua renomada equipe “vai estar cuidando” dos melhores procedimentos para a resolução do ocorrido. Entraremos em contato em breve, dando retorno sobre o melhor encaminhamento para o mesmo, ok?

Pronto... Não desceu do salto nem borrou o batonzinho, não soltou nenhum palavrão, não ofendeu ninguém.

Quer ver outra?

- Olá! Não desligue! Sua ligação é muito importante para nós.
Casar? Casar de casamento? Ahhh, com a outra... Ah sim, claro! O senhor pode "estar ficando tranqüilo", a equipe do Departamento de Gestão de Expectativas é altamente qualificada, trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana, e tem todo o gabarito para solucionar com tranqüilidade e sabedoria este caso.

Simples, não?

Fica mais leve... Fico mais leve.

DGE, já carinhosamente apelidado, é alívio garantido!

Sim, a gente sobrevive, a gente sobrevive...
Manda despachar no Departamento de Gestão de Expectativas, relaxa e não goza, ok?
Depois que percebi que não sou avulsa, nem disponível, muito menos encalhada, ando tão feliz.... Sou criteriosa, sim, é verdade. Sou gata e escaldada, sim, também é verdade. E então, talvez até por isso, não quero mais qualquer porcaria, não.
Tão bem resolvida e vai continuar insistindo em sair com outro zé-arruela?
Tão bem resolvida que tem até um próprio Departamento de Gestão de Expectativas!

Melhor que isso só se “conferir contrapartida”...

Uau... “conferir contrapartida” era mesmo o que faltava!!!

Como não pensei nisso antes?

É nóis... As diretorias mais eficazes desta que vos fala: “Departamento de Gestão de Expectativas” e a determinada e apurada “Equipe de Conferir Contrapartida”.
- Mão na parede, mão-na-pa-re-de! Encosta aí!!!! Cruza a mão atrás da nuca, encosta aí, encoooosta aí! Já viu tudo e todas que lhe dei? Já viu tanta areia, andou? Já olhou que está chovendo na roseira, que só dá rosa mas não cheira? Já olhou que chuva boa prazenteira? Que o amor que tu me tinhas que era pouco e se acabou? Mão na parede, porra! Encosta aí, já falei! Não acabei de falar. E não é “sim”, é “sim, senhora”. E Dadinho é o caralho, meu nome é Zé Pequeno! Fica quieto aí que o negócio agora é “conferir contrapartida”. Mão na parede!
Conferir contrapartida! Adoreeei!
- Ó... prestenção! Negócio é o seguinte, dou casa, comida e roupa lavada. Mas... Em contrapartida... Preciso aferir se você pode me levar para passear pelo menos 1 vez na vida! Uma, ao menos uma, pode ser ou ta difícil?
- Ó... prestenção! Negócio é o seguinte, fui bem tratada uma vez na vida. Não quero menos do que isso. Ganhei carinho, atenção, banhinho de banheira e um sorriso vibrante, pleno e sincero, cheio de alegria ao me ver. Não quero menos do que isso. Estou aqui só para conferir contrapartida, veja meu crachá de fiscal da SUNAB, sou atenta aos direitos da consumidora. Vim conferir contrapartida e saber se você realmente está feliz em me ver.
Noooosa! Nova mulher!

E olha que eu sou toda sentimento, hein...
Passional ao extremo, até mesmo quando não se deve...
Amo por amar. Tudo e todos. E é incondicional mesmo. Nunca pedi nem esperei nada em troca. Nem de sentimento, nem de nada. Mas acho que um belo dia resolvi mudar... Pelo menos, por hora. Pelo menos, por enquanto.



... nessa casa se ouve Charlie Parker & Chet Baker

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

no banco

200 coisas para fazer no banco... Contas para pagar, ver se tinha dinheiro, quanto, como e onde, pagar o que desse, sacar um tanto para o bolso, essas coisas.

Bancos em greve. Melhor fazer tudo num pacote só. Pegar superfila uma vez só, não deixar vencer nada que ficasse para depois.

Então a porcaria da maquininha encrenca comigo e fica me pedindo uns tais números do cartão-chave (???). Cartão-chave? Para que isso agora? Não funciona tudo certo com a minha senha? Para que mudar de idéia no meio do caminho? Para que me pedir esses tais números que eu nem sei do que se trata?

Chuto a primeira vez. Chuto a segunda. Então lembrei...

- Aaahhhh... Cartão-chave, podes crer! Aquele cartãozinho porqueira, cheio de números, parece um calendariozinho de brinde da papelaria, e que eu nunca soube para que servia... Putz! Será que ele ainda existe? Por onde será que ele anda?
A máquina trava. Não aceita mais meus palpites... Aliás, nem me deixou tentar!!! Porque uma combinação de 2 números é finita... Chata, mas finita! Irritante, mas finita! E é relativamente simples de fazer... Um simples aplicar de alguns princípios da contagem, fatorial e arranjos simples. Tudo é uma questão de análise combinatória, de possibilidades. Algo besta, chato e irritante, mas possível. Se eu levar 2 segundos a cada tentativa – piiiii, piiiii – somados ao tempo de retorno da máquina a cada vez, quanto tempo será que eu preciso ficar aqui tentando? O que eu tenho para fazer depois? Será que dá para eu ficar aqui mais um pouquinho? Sou pé quente pacas, acho que acerto nas primeiras essa porcaria-de-senha-do-cartão-chave.

Não tive essa chance...

O muuundo foi bloqueado por normas de segurança antes que eu pudesse tentar. E saí do banco com cara de tacho... Um monte de contas sem pagar, nenhum puto no bolso, sem saber se eu tinha algum no banco... Aahhh, e aflita em imaginar se o tal do cartão cheio de numerozinhos ainda existia e, caso contrário, a quem reclamar estando todo mundo em greve...

Um pingo de calma e bom senso escorre gélida e suavemente por minha testa...

- Bom, se eu não conseguir pagar minhas contas antes que vençam, pago tudo em juízo, depois da greve vou cobrar a diferença do banco.

- Bom, se meu cartãozinho não funcionar mais sem a porcaria do outro cartãozinho dos numerozinhos e eu ficar sem um puto no bolso ou tiver que lavar pratos no restaurante, pego emprestado, depois da greve vou cobrar os prejuízos do banco.
O grilo falante começa a apitar...

- Dani, querida. Veja bem... Também é uma questão de probabilidade a complexa questão da fraude em bancos. Estratégias cada vez mais bem elaboradas, pessoas envolvidas cada vez com menos escrúpulos. Quando não é o banqueiro te roubando, é o seu cartão que é clonado. Isso é para te proteger, aumenta suas chances de segurança naquilo que deveria ser teu por direito.

- É, é... Eu sei. Mas já não basta eu ter que saber de cor a senha, eu ainda vou ter que carregar mais um cartão comigo? Porque decorar aquele monte de numerozinhos combinados e arranjados que nem um calendário de brinde da papelaria eu não decoro meeeesmo!

- É uma forma de evitar a fraude... De garantir que só você terá acesso a sua conta via caixa eletrônico.

- Não podia ser leitura de digitais?

- E se um ladrão corta e rouba seu dedo e acessa o caixa com seu cartão e seu dedo pendurado que nem um chaveiro?

- Ah é... Hummmm. Identificação da íris?

- Pior ainda! Dedo pelo menos você tem vinte... Já pensou um ladrão que rouba seu cartão e seu globo ocular, e vai ao caixa eletrônico carregando aquela bolinha aninhada entre as mãos?

- Leitura de voz! Leitura de voz! Leitura de voz! E sem direito a playback, sem direito à gravação! Só vale voz ao vivo! A-hammm..... Matei a pau agora! Nooosa, eu sou uma boa especialista em segurança de acesso ao caixa eletrônico de bancos em greve, hein! Falar ao vivo: “Sou eu aqui, porra! Eu sou eu, só eu posso usar meu cartão! Eu sou eu, pagar essa conta já. Super gêmeos, ativar”.
De repente, o grilo falante ficou mudo.
 
De repente, e eu já tinha chegado ao escritório.

De repente... E então eu percebi que ia ter que revirar a casa atrás do calendariozinho...




... nessa casa se ouve Programa Biotônico
 
 

domingo, 26 de setembro de 2010

pensando alto

Como acontece com freqüência, fico um tempão sem botar nada no blógue...

De repente, pego 1 dia e boto um monte de coisas de uma vez só...

Na verdade, acumulam-se assuntos por aqui.... Tem um monte de “rascunhos” ou textos começados que nunca terminei (ainda...), mais outro tanto de coisas que passam pela cabeça e, na maioria das vezes, mal dá tempo de parar e escrever e botar no blógue...

Falta rotina? Falta disciplina?

Hummm.... Mas, não quero por rotina nem mais disciplina na minha vida.

É slow blog mesmo, ta!

Curtido, sentido, tentando ser digerido...

Assim como essa que vos fala, inloca mesmo... Sendo feito na hora, conforme dá (ou não dá).

Bom... Fora que este bloguinho é algo “íntimo e pessoal” mesmo, quase uma senha do banco. É um blog de intimidades, das minhas pessoalidades, de um universo interno tão peculiar quanto restrito. Não é um blog “divulgável”, conhecido ou reconhecido.

É mundinho particular mesmo, nascido quase a fórceps, mas que se permite ser exposto anyway...

Começou quase “como para dar notícias à família e aos amigos” de as quantas anda o mundo por aqui, virou um laboratório de expressões subjetivas, reservadas e especiais.

A moral da história é que se você está agora aqui é porque é meu amigo.

Não! Não é porque o blog e os relatos de minha vidinha são tão chatos que você está aqui só para dar um apoio moral.... Mas porque é “um chegado”, é alguém próximo que foi avisado que isso aqui existe, que me conhece e, por algum motivo, acha válido e interessante saber o que passa por essa cabecinha aqui.

Claro que há suas exceções.

E também suas probabilidades de acontecer diferente.... Afinal, está na rede! Qualquer um pode vir, pode ver, é possível de entrar neste meu mundinho tão particular...

Até em meus seguidores (ai... acho esse nome tão esquisito, que às vezes penso em dizer “não me siga, também estou perdido”...), mas dentre eles estão lá 2 figuras queridas que eu nunca vi na vida!!!

E que, de alguma forma, caíram aqui nessa rede...

Sou feliz por estarem aqui (sabe-se-lá-por-que-motivos...). Bem-vindos à minha casinha! A Pat, que ainda vai me fotografar um dia (!) e Mônada Solitária, que acho que não vai me fotografar não, mas com um nome desses só pode ser alguém do bem!

Viu como esse blog é único? Tão particular que é quase exclusivo! Se eu tivesse 7.895 seguidores acho que eu não iria falar com um por um, não...

Ò.... para não ficar um papo chato, vou botar fotos a cada assunto, ta!

Sei que tem gente que reclama que tem muita coisa escrita e pouca foto, então vá lá...

Essa é em homenagem ao momento-reflexão que cá estamos, ta!
Quem quiser pode refletir sobre a timidez da fotografada que quase nunca mostra a cara,
Quem quiser reflete aí sobre a profundidade de um olhar brilhante e introspectivo,
Quem quiser reflete sobre o quanto uma pinça faz a diferença na vida de uma mulher.


 
Tem algumas outras descobertas recentes que acho legal falar também.

Uma é que esse nosso querido blógue fará 2 anos no ar agora em outubro!!!!

Uia!!!! Como o tempo passa....

Quem quiser dar um presente aqui para casa, ó...

Estamos aceitando doação de: 1) mais um copo de vinho (só tem 1, e quando vem visita está chato...); 2) uma luvinha térmica de pegar coisas quentes no forno (é que eu só lembro que não tenho quando já queimei o dedo, deixei cair as torradas e já falei 3 palavrões tão feios que eu nem sei o que quer dizer...); 3) rímel preto (porque acho que está em extinção... Todo lugar que vou só acho “sem cor”, “sem cor”, “sem cor”... E sem cor na boneca aqui, não dá.... Olha o olhinho ali em cima! Não vai ficar lindo de rímel preto?); 4) uma viagem de férias para a Inglaterra (porque eu acho que quando eu for ao Stonehenge eu vou ver discos voadores, e eles também vão me ver).

Tá... é chato e até meio deselegante ficar pedindo presente, eu sei... Mas desde as cartas para o papai Noel, eu nunca mais fiz isso!!! Acho que posso fazer mais uma vez na vida, né?

Nunca fiz “lista de presentes”... tipo lista de presente de casamento, chá-de-qualquer coisa ou algo assim... Com isso, óóó... Quando estive casada, levamos aaaanos até termos uma máquina de lavar roupa, de louça então não sei nem o que é... Agora então, piorou... Não existe “chá de solteiros”, então a casa é sempre toda montada de sobrinhas avulsas por aí.... Fogão? Já foi a quarta vez que eu comprei um fogão nessa vida!!! Dessa última pensei assim “não é possível que eu vim para esse planeta para comprar fogão... 4 fogões em uma só vida? E olha que essa mal começou.... não é possível, quarto fogão!”. Mas é....

Ah sim.... fotinhos para ilustrar:

Em homenagem ao momento-cozinha que se instaurou na wishlist...
É o paninho de prato, e logo atrás dele o fogão (o quarto fogão!!!!!)
Na verdade é o paninho de prato “mais de outro planeta” que eu já vi na vida (nem no sul da Inglaterra deve ter um disco voador que traga um destes...), e olha que era da minha ex-sogra...
Chama-se: “um gnomo de rubras bochechas cavalgando de charrete-de-coraçãozinho no lombo de um grilo, com joaninhas coloridas e psicodélicas saudando-o em um rancho de pequenos pés de café e cogumelos gigantes” (gigantes! Pois na escala do gnomo, este pode até ser pequenininho,
mas comparado ao grilo, que ainda é um forte grilo,
os cogumelos são algo do tipo do tamanho de um liquidificador).
Sim! É isso tudo mesmo que tem no paninho de prato.
E ainda tem um caracol amarelo vendo a paisagem no alto do cogumelo.
Ufa! Não é fantástico?

 
Volvemos...

Eu estava nas descobertas recentes...

Mas por pouco quase me perdi com o pano de prato... Mas é que este é mesmo enlouquecedor, não? Eu falo que “de normal neste mundo parece que só tem eu mesmo”...

Ainda bem que estou medicada, que está tudo sob controle.... Pois eu agora tomo 2 medicações, um xarope chamado “NIN JIOM PEI PA KOA” e um remedinho chamado “TIAN WAN BU XIN DAN”.

Ah tá. Então como eu não faço a menor idéia do que isso quer dizer, eu tomo amarradona, sinto-me bem, e acho que está tudo lindo, tudo ótimo!

Mas falava sobre o blógue, suas bodas de algodão, seus visitantes amigos, seu caráter íntimo e pessoal.

Pois bem, visitantes...

Apesar de eu saber que no fundo no fundo o blog é meio para mim, saber que o outro existe às vezes faz bem.

Apesar de eu ser tão bem resolvida (?) que, na maioria das vezes, acredito que não preciso de nada nem ninguém externo a minha pessoa, saber que o outro existe às vezes faz bem também.

Pois uma vez que eu “pus para fora” é porque alguém vai ver, certo? Ou vai poder ver, não é mesmo?

Se não eu tinha guardado na gaveta, né?

Se está no blog é porque eu acho que vai ser lido... E aí?

Alguém vê? Tem alguém aí? Ô de casa?

Visitantes, podem deixar comentários quando quiser.... Avisem que existem, passem para dar um oi, acenem na rua, buzinem, dêem um tchauzinho.

Não. Não estou carente, não!

Estou fazendo “pesquisa de campo”....

E tá.... Desculpa! Eu não devia ter pedido presente...

Eu sei que isso não importa... Foi só gracinha.

Mas é que como o blog é praticamente um microcosmo da minha casinha, e minha casinha é pedaço de minha vida, veja bem... Se você vier na minha casa, aqui, fisicamente... Se eu deixar você entrar na minha casa é sinal de que você pode entrar na minha vida.

Aqui nessa casinha virtual também há um quê de pessoalidade que me inquieta...

Se você entrar na minha casinha virtual, eu vou querer saber o que você achou... Mesmo até sem saber quem é você.

Então! Diga aí... a porta está aberta.





... nessa casa se ouve Red Hot Riot

no SPA

Passei uns dias num SPA (Ai... Acho tão chique isso!). Tirei dois dias de folga, emendei com um fim de semana. Pronto! Quatro dias para mim. Quatro dias para buscas e encontros comigo mesma, com meus monstros mais feios e com minhas asas mais lindas.

Não era um SPAááá assim que nem uma Brastemp... de vida mansa na beira piscina, eunucos me abanando, drinks de guarda-chuvinha, um mundo sem relógios, sem advogados, sem stress, só de folgas para seus pés.

Mas era um SPA.

Na verdade, para mim foi mesmo um momento de retiro. De tentar me afastar, me isolar e fazer contato imediato de terceiro grau comigo mesma mesmo.

E com um toque de carinho e atenção. Oportunidade para fazer coisas que eu nunca tivesse feito ou outras que há muito não fazia. Como por exemplo, massagem... Eu nunca havia recebido uma massagem!!! O máximo que eu tinha feito era ido a um quiroprata. E ele ainda tinha mãos-de-Maguila e era massagista da seleção de futebol, então já viu, né... Só porrada! Estala para cá, estica para lá. Quase uma sessão de tortura medieval com esticadores imaginários rangendo como unhas na lousa. Mas massagem de carinho mesmo, de relaxar que é bom, nada...

Bom, no meu pacote de 4 dias eu tinha direito a massagens, banho de óleo, banho sem óleo, banheira com florzinhas, cachoeira, yoga todo dia e uma boa alimentação vegetariana. Formô.

E lá foi a estressadinha aqui...

Era no meio do mato (mas no meio do mato meeeesmo... que até agora eu não sei nem como eu cheguei lá), então também ia ter uma terrinha para pisar, cheirinho de grama para cheirar, um céu estrelado para admirar.

É, é a vida.... Choveu para cacete durante os 4 dias. Só lama para escorregar, água na cabeça para circular por lá, maior neblina que não dava nem para ver se o céu estava ali.

SPA ao pé da letra... e toma-lhe água!

E eu ameiiiiii!!!

Os dois primeiros dias foram muito divertidos.

O lugar tinha capacidade para cento e poucas pessoas, e só tinha eu!!!! Mimada total. As cozinheiras faziam comida para um batalhinho... e numa variedade de 5, 6, 7 pratos principais. E me entupiam com o banquete!!!! Tudo só para mim... me chamavam pelo nome, não botavam nem a comida no buffet, iam servindo e servindo pratos na minha mesinha junto à janela, enquanto eu espiava a chuva escorrendo pelo vidro. Tratamento de castelo total! Algo entre o serviço de jantar oficial da corte e almoço de domingo na casa da tia, sabe? Casa da mãe em dia de almoço com os filhos? Maior capricho, maior carinho e te entopem de comida, sabe como é?

- Ai, e esse aqui? Você nem provou... Come um pouquinho, come!

E iam chegando travessas e travessas com 5, 6 saladas diferentes, panelão de sopa, arroz, feijão, lentilha, tortas, quiches, legumes fritos, cozidos e assados, pastéis, tortinhas, pães e patês, 3, 4 acompanhamentos... Acompanhados pelo peso da “desfeita em não comer”...

Entupiu?

- Ó... de sobremesa tem frutas – e chegava aquela torre de 3 andares, praticamente um adereço de Carmem Miranda, e mais bandejas e bandejas de frutas picadinhas e enfeitadas.
Entupiu mais ainda?

- Ô fia – porque a essa altura já não me chamavam mais pelo nome... Quando a cozinheira vê que você é boa de garfo, já vira logo amiga, né – Quando você acabar aí (sim!!!! Porque elas esperavam eu terminar de comer t-u-d-o para continuar...), quando você acabar aí eu já trago o pudim, a torta e o arroz doce. Estou assando bolo disso e bolo daquilo, também já trago com café e chá.
- Meudeus!!!!! Mais dois bolos? Não, não precisa, não. Deixa para amanhã. Amanhã eu como, tá.

- Amanhã é dia de pavê e manjar. Bolo é hoje, já fiz.
Agora você entupiu, hein?

E eu pensando sobre os “automáticos” das atitudes das pessoas... Dia tal é para fazer bolo de cenoura e bolo de chocolate. Dia tal, pavê e pudim. Duas variedades de cada prato são para a lotação máxima da casa... E ninguém pára para pensar que, se só tem uma pessoa ali, só se precisa de comida para uma pessoa...

Regida pelas ordens do bom senso eu tentava avisar:

- O que vocês vão jantar hoje? Não precisa fazer nada de diferente para mim. Tira um pratinho para mim da comida que tem aí que tá valendo!

- Aaaaaah, não... Nem pensar, fia! Eu sou a cozinheira, eu sou boa cozinheira, eu faço vários pratos, eu sei fazer um monte de comida. Você é a hóspede, você senta lá e vai comendo tudo que a gente fizer nessa cozinha.
Entupi.

Fora essa orgia gastronômica, havia outras coisas mui interessantes no meu retiro-spa.

Primeiro, a descoberta de que não faz o menor sentido alguém ir a um SPA para emagrecer...

Bem, eu estava ali para espairecer, para perambular dentro de mim mesma, e isso ia além do estômago...

Para ajudar, fazia frio pacas! De gelar e bater os dentes. Adoro! Estava em casa. Frio, chuva, comidinha boa (comidinha é muita sutileza de minha parte...), levei livros, cadernos em branco, tricot, e um coraçãozinho que é tão tenso e ao mesmo tempo tão quebradiço.

Decidi ficar sem luz elétrica. Sem luz. Só velas.

Nada elétrico... nem TV, nem rádio (pasmem), nem carregador de celular, nem celular, porque nem sinal para funcionar lá tinha mesmo. Eu e eu, em meu mundinho unplugged e acústico...

Só barulhinho ambiente do meio do mato. Só mantras e gritarias hare krishna pontualmente às 3h30, às 7h00 e às 18h00. Ah sim, porque dentro da mesma fazenda, a vizinhança mais próxima era o Templo.

Tutti buona gente!

Quase que eu fico por lá mesmo... Mas deixa esse papo para outra hora.

Aliás, acho que vou dividir essa maratona-spa em posts separados... É papo que rende mesmo. Os dois dias que se seguiram aos primeiros, foram completamente outra estória... Essa minha pequena “viagem interior” foi em julho, rendeu 1 caderno inteiro de anotações, dentre tantas outras emoções. Outras águas já rolaram desde então, por isso acho mesmo que ainda vêm boas e longas estórias... Deixa para outra hora, vamos por partes agora.

Balanço geral?

O saldo é todo positivo!!!!

A grande vitória foi que eu consegui relaxar!!! Como há muito tempo eu não fazia, como eu nem lembrava como era... Consegui relaxar! Consegui esvaziar a cabeça e dar vazão ao nobre momento de não fazer nada.

Descobri, senti e percebi que “eu precisava ir tão longe, para encontrar coisas que estão tão perto”.

Ainda assim, fiquei com aquela vontade de “se eu pudesse viria para cá 1 x por mês”.

Vai uma foto do cantinho que me enfurnei nesses dias.

Qualquer hora conto mais sobre a aventura.


“A toca”... Não era a caminha, não...
Mas como a cama ficava longe da janela, tratei de fazer o “lounge”,
ali pertinho da vista e da paisagem.

“A paisagem”... A vista da minha varandinha, num dos poucos momentos em que não choveu.
Logo ali, no topo da montanha, pegando a subida de cabrito montês.
Meu grande panorama, minha vizinhança querida e amada durante a mini temporada.






... nessa casa se ouve Cartola