domingo, 26 de setembro de 2010

pensando alto

Como acontece com freqüência, fico um tempão sem botar nada no blógue...

De repente, pego 1 dia e boto um monte de coisas de uma vez só...

Na verdade, acumulam-se assuntos por aqui.... Tem um monte de “rascunhos” ou textos começados que nunca terminei (ainda...), mais outro tanto de coisas que passam pela cabeça e, na maioria das vezes, mal dá tempo de parar e escrever e botar no blógue...

Falta rotina? Falta disciplina?

Hummm.... Mas, não quero por rotina nem mais disciplina na minha vida.

É slow blog mesmo, ta!

Curtido, sentido, tentando ser digerido...

Assim como essa que vos fala, inloca mesmo... Sendo feito na hora, conforme dá (ou não dá).

Bom... Fora que este bloguinho é algo “íntimo e pessoal” mesmo, quase uma senha do banco. É um blog de intimidades, das minhas pessoalidades, de um universo interno tão peculiar quanto restrito. Não é um blog “divulgável”, conhecido ou reconhecido.

É mundinho particular mesmo, nascido quase a fórceps, mas que se permite ser exposto anyway...

Começou quase “como para dar notícias à família e aos amigos” de as quantas anda o mundo por aqui, virou um laboratório de expressões subjetivas, reservadas e especiais.

A moral da história é que se você está agora aqui é porque é meu amigo.

Não! Não é porque o blog e os relatos de minha vidinha são tão chatos que você está aqui só para dar um apoio moral.... Mas porque é “um chegado”, é alguém próximo que foi avisado que isso aqui existe, que me conhece e, por algum motivo, acha válido e interessante saber o que passa por essa cabecinha aqui.

Claro que há suas exceções.

E também suas probabilidades de acontecer diferente.... Afinal, está na rede! Qualquer um pode vir, pode ver, é possível de entrar neste meu mundinho tão particular...

Até em meus seguidores (ai... acho esse nome tão esquisito, que às vezes penso em dizer “não me siga, também estou perdido”...), mas dentre eles estão lá 2 figuras queridas que eu nunca vi na vida!!!

E que, de alguma forma, caíram aqui nessa rede...

Sou feliz por estarem aqui (sabe-se-lá-por-que-motivos...). Bem-vindos à minha casinha! A Pat, que ainda vai me fotografar um dia (!) e Mônada Solitária, que acho que não vai me fotografar não, mas com um nome desses só pode ser alguém do bem!

Viu como esse blog é único? Tão particular que é quase exclusivo! Se eu tivesse 7.895 seguidores acho que eu não iria falar com um por um, não...

Ò.... para não ficar um papo chato, vou botar fotos a cada assunto, ta!

Sei que tem gente que reclama que tem muita coisa escrita e pouca foto, então vá lá...

Essa é em homenagem ao momento-reflexão que cá estamos, ta!
Quem quiser pode refletir sobre a timidez da fotografada que quase nunca mostra a cara,
Quem quiser reflete aí sobre a profundidade de um olhar brilhante e introspectivo,
Quem quiser reflete sobre o quanto uma pinça faz a diferença na vida de uma mulher.


 
Tem algumas outras descobertas recentes que acho legal falar também.

Uma é que esse nosso querido blógue fará 2 anos no ar agora em outubro!!!!

Uia!!!! Como o tempo passa....

Quem quiser dar um presente aqui para casa, ó...

Estamos aceitando doação de: 1) mais um copo de vinho (só tem 1, e quando vem visita está chato...); 2) uma luvinha térmica de pegar coisas quentes no forno (é que eu só lembro que não tenho quando já queimei o dedo, deixei cair as torradas e já falei 3 palavrões tão feios que eu nem sei o que quer dizer...); 3) rímel preto (porque acho que está em extinção... Todo lugar que vou só acho “sem cor”, “sem cor”, “sem cor”... E sem cor na boneca aqui, não dá.... Olha o olhinho ali em cima! Não vai ficar lindo de rímel preto?); 4) uma viagem de férias para a Inglaterra (porque eu acho que quando eu for ao Stonehenge eu vou ver discos voadores, e eles também vão me ver).

Tá... é chato e até meio deselegante ficar pedindo presente, eu sei... Mas desde as cartas para o papai Noel, eu nunca mais fiz isso!!! Acho que posso fazer mais uma vez na vida, né?

Nunca fiz “lista de presentes”... tipo lista de presente de casamento, chá-de-qualquer coisa ou algo assim... Com isso, óóó... Quando estive casada, levamos aaaanos até termos uma máquina de lavar roupa, de louça então não sei nem o que é... Agora então, piorou... Não existe “chá de solteiros”, então a casa é sempre toda montada de sobrinhas avulsas por aí.... Fogão? Já foi a quarta vez que eu comprei um fogão nessa vida!!! Dessa última pensei assim “não é possível que eu vim para esse planeta para comprar fogão... 4 fogões em uma só vida? E olha que essa mal começou.... não é possível, quarto fogão!”. Mas é....

Ah sim.... fotinhos para ilustrar:

Em homenagem ao momento-cozinha que se instaurou na wishlist...
É o paninho de prato, e logo atrás dele o fogão (o quarto fogão!!!!!)
Na verdade é o paninho de prato “mais de outro planeta” que eu já vi na vida (nem no sul da Inglaterra deve ter um disco voador que traga um destes...), e olha que era da minha ex-sogra...
Chama-se: “um gnomo de rubras bochechas cavalgando de charrete-de-coraçãozinho no lombo de um grilo, com joaninhas coloridas e psicodélicas saudando-o em um rancho de pequenos pés de café e cogumelos gigantes” (gigantes! Pois na escala do gnomo, este pode até ser pequenininho,
mas comparado ao grilo, que ainda é um forte grilo,
os cogumelos são algo do tipo do tamanho de um liquidificador).
Sim! É isso tudo mesmo que tem no paninho de prato.
E ainda tem um caracol amarelo vendo a paisagem no alto do cogumelo.
Ufa! Não é fantástico?

 
Volvemos...

Eu estava nas descobertas recentes...

Mas por pouco quase me perdi com o pano de prato... Mas é que este é mesmo enlouquecedor, não? Eu falo que “de normal neste mundo parece que só tem eu mesmo”...

Ainda bem que estou medicada, que está tudo sob controle.... Pois eu agora tomo 2 medicações, um xarope chamado “NIN JIOM PEI PA KOA” e um remedinho chamado “TIAN WAN BU XIN DAN”.

Ah tá. Então como eu não faço a menor idéia do que isso quer dizer, eu tomo amarradona, sinto-me bem, e acho que está tudo lindo, tudo ótimo!

Mas falava sobre o blógue, suas bodas de algodão, seus visitantes amigos, seu caráter íntimo e pessoal.

Pois bem, visitantes...

Apesar de eu saber que no fundo no fundo o blog é meio para mim, saber que o outro existe às vezes faz bem.

Apesar de eu ser tão bem resolvida (?) que, na maioria das vezes, acredito que não preciso de nada nem ninguém externo a minha pessoa, saber que o outro existe às vezes faz bem também.

Pois uma vez que eu “pus para fora” é porque alguém vai ver, certo? Ou vai poder ver, não é mesmo?

Se não eu tinha guardado na gaveta, né?

Se está no blog é porque eu acho que vai ser lido... E aí?

Alguém vê? Tem alguém aí? Ô de casa?

Visitantes, podem deixar comentários quando quiser.... Avisem que existem, passem para dar um oi, acenem na rua, buzinem, dêem um tchauzinho.

Não. Não estou carente, não!

Estou fazendo “pesquisa de campo”....

E tá.... Desculpa! Eu não devia ter pedido presente...

Eu sei que isso não importa... Foi só gracinha.

Mas é que como o blog é praticamente um microcosmo da minha casinha, e minha casinha é pedaço de minha vida, veja bem... Se você vier na minha casa, aqui, fisicamente... Se eu deixar você entrar na minha casa é sinal de que você pode entrar na minha vida.

Aqui nessa casinha virtual também há um quê de pessoalidade que me inquieta...

Se você entrar na minha casinha virtual, eu vou querer saber o que você achou... Mesmo até sem saber quem é você.

Então! Diga aí... a porta está aberta.





... nessa casa se ouve Red Hot Riot

no SPA

Passei uns dias num SPA (Ai... Acho tão chique isso!). Tirei dois dias de folga, emendei com um fim de semana. Pronto! Quatro dias para mim. Quatro dias para buscas e encontros comigo mesma, com meus monstros mais feios e com minhas asas mais lindas.

Não era um SPAááá assim que nem uma Brastemp... de vida mansa na beira piscina, eunucos me abanando, drinks de guarda-chuvinha, um mundo sem relógios, sem advogados, sem stress, só de folgas para seus pés.

Mas era um SPA.

Na verdade, para mim foi mesmo um momento de retiro. De tentar me afastar, me isolar e fazer contato imediato de terceiro grau comigo mesma mesmo.

E com um toque de carinho e atenção. Oportunidade para fazer coisas que eu nunca tivesse feito ou outras que há muito não fazia. Como por exemplo, massagem... Eu nunca havia recebido uma massagem!!! O máximo que eu tinha feito era ido a um quiroprata. E ele ainda tinha mãos-de-Maguila e era massagista da seleção de futebol, então já viu, né... Só porrada! Estala para cá, estica para lá. Quase uma sessão de tortura medieval com esticadores imaginários rangendo como unhas na lousa. Mas massagem de carinho mesmo, de relaxar que é bom, nada...

Bom, no meu pacote de 4 dias eu tinha direito a massagens, banho de óleo, banho sem óleo, banheira com florzinhas, cachoeira, yoga todo dia e uma boa alimentação vegetariana. Formô.

E lá foi a estressadinha aqui...

Era no meio do mato (mas no meio do mato meeeesmo... que até agora eu não sei nem como eu cheguei lá), então também ia ter uma terrinha para pisar, cheirinho de grama para cheirar, um céu estrelado para admirar.

É, é a vida.... Choveu para cacete durante os 4 dias. Só lama para escorregar, água na cabeça para circular por lá, maior neblina que não dava nem para ver se o céu estava ali.

SPA ao pé da letra... e toma-lhe água!

E eu ameiiiiii!!!

Os dois primeiros dias foram muito divertidos.

O lugar tinha capacidade para cento e poucas pessoas, e só tinha eu!!!! Mimada total. As cozinheiras faziam comida para um batalhinho... e numa variedade de 5, 6, 7 pratos principais. E me entupiam com o banquete!!!! Tudo só para mim... me chamavam pelo nome, não botavam nem a comida no buffet, iam servindo e servindo pratos na minha mesinha junto à janela, enquanto eu espiava a chuva escorrendo pelo vidro. Tratamento de castelo total! Algo entre o serviço de jantar oficial da corte e almoço de domingo na casa da tia, sabe? Casa da mãe em dia de almoço com os filhos? Maior capricho, maior carinho e te entopem de comida, sabe como é?

- Ai, e esse aqui? Você nem provou... Come um pouquinho, come!

E iam chegando travessas e travessas com 5, 6 saladas diferentes, panelão de sopa, arroz, feijão, lentilha, tortas, quiches, legumes fritos, cozidos e assados, pastéis, tortinhas, pães e patês, 3, 4 acompanhamentos... Acompanhados pelo peso da “desfeita em não comer”...

Entupiu?

- Ó... de sobremesa tem frutas – e chegava aquela torre de 3 andares, praticamente um adereço de Carmem Miranda, e mais bandejas e bandejas de frutas picadinhas e enfeitadas.
Entupiu mais ainda?

- Ô fia – porque a essa altura já não me chamavam mais pelo nome... Quando a cozinheira vê que você é boa de garfo, já vira logo amiga, né – Quando você acabar aí (sim!!!! Porque elas esperavam eu terminar de comer t-u-d-o para continuar...), quando você acabar aí eu já trago o pudim, a torta e o arroz doce. Estou assando bolo disso e bolo daquilo, também já trago com café e chá.
- Meudeus!!!!! Mais dois bolos? Não, não precisa, não. Deixa para amanhã. Amanhã eu como, tá.

- Amanhã é dia de pavê e manjar. Bolo é hoje, já fiz.
Agora você entupiu, hein?

E eu pensando sobre os “automáticos” das atitudes das pessoas... Dia tal é para fazer bolo de cenoura e bolo de chocolate. Dia tal, pavê e pudim. Duas variedades de cada prato são para a lotação máxima da casa... E ninguém pára para pensar que, se só tem uma pessoa ali, só se precisa de comida para uma pessoa...

Regida pelas ordens do bom senso eu tentava avisar:

- O que vocês vão jantar hoje? Não precisa fazer nada de diferente para mim. Tira um pratinho para mim da comida que tem aí que tá valendo!

- Aaaaaah, não... Nem pensar, fia! Eu sou a cozinheira, eu sou boa cozinheira, eu faço vários pratos, eu sei fazer um monte de comida. Você é a hóspede, você senta lá e vai comendo tudo que a gente fizer nessa cozinha.
Entupi.

Fora essa orgia gastronômica, havia outras coisas mui interessantes no meu retiro-spa.

Primeiro, a descoberta de que não faz o menor sentido alguém ir a um SPA para emagrecer...

Bem, eu estava ali para espairecer, para perambular dentro de mim mesma, e isso ia além do estômago...

Para ajudar, fazia frio pacas! De gelar e bater os dentes. Adoro! Estava em casa. Frio, chuva, comidinha boa (comidinha é muita sutileza de minha parte...), levei livros, cadernos em branco, tricot, e um coraçãozinho que é tão tenso e ao mesmo tempo tão quebradiço.

Decidi ficar sem luz elétrica. Sem luz. Só velas.

Nada elétrico... nem TV, nem rádio (pasmem), nem carregador de celular, nem celular, porque nem sinal para funcionar lá tinha mesmo. Eu e eu, em meu mundinho unplugged e acústico...

Só barulhinho ambiente do meio do mato. Só mantras e gritarias hare krishna pontualmente às 3h30, às 7h00 e às 18h00. Ah sim, porque dentro da mesma fazenda, a vizinhança mais próxima era o Templo.

Tutti buona gente!

Quase que eu fico por lá mesmo... Mas deixa esse papo para outra hora.

Aliás, acho que vou dividir essa maratona-spa em posts separados... É papo que rende mesmo. Os dois dias que se seguiram aos primeiros, foram completamente outra estória... Essa minha pequena “viagem interior” foi em julho, rendeu 1 caderno inteiro de anotações, dentre tantas outras emoções. Outras águas já rolaram desde então, por isso acho mesmo que ainda vêm boas e longas estórias... Deixa para outra hora, vamos por partes agora.

Balanço geral?

O saldo é todo positivo!!!!

A grande vitória foi que eu consegui relaxar!!! Como há muito tempo eu não fazia, como eu nem lembrava como era... Consegui relaxar! Consegui esvaziar a cabeça e dar vazão ao nobre momento de não fazer nada.

Descobri, senti e percebi que “eu precisava ir tão longe, para encontrar coisas que estão tão perto”.

Ainda assim, fiquei com aquela vontade de “se eu pudesse viria para cá 1 x por mês”.

Vai uma foto do cantinho que me enfurnei nesses dias.

Qualquer hora conto mais sobre a aventura.


“A toca”... Não era a caminha, não...
Mas como a cama ficava longe da janela, tratei de fazer o “lounge”,
ali pertinho da vista e da paisagem.

“A paisagem”... A vista da minha varandinha, num dos poucos momentos em que não choveu.
Logo ali, no topo da montanha, pegando a subida de cabrito montês.
Meu grande panorama, minha vizinhança querida e amada durante a mini temporada.






... nessa casa se ouve Cartola

GRANDES ASSUNTOS, PEQUENAS CONVERSAS

Inaugurando mais uma sessão nesta casa: “grandes assuntos, pequenas conversas”.

Breves diálogos...

Reais ou imaginários, falados ou ouvidos por mim (ou não...).

Enfim, papinhos da vida em geral.



Após algumas tentativas “de se falarem”...
Dentre recados, usuários sendo localizados, caixas de mensagens, chamadas recebidas, não atendidas, perdidas ou não encontradas...

- Alô! Nooossa, parece que estamos de gato e rato...

- Posso ser a gata? Posso ser a gata? Posso ser a gata?

- Já é.

- Posso comer o rato? Posso comer o rato? Posso comer o rato?
E o rato nunca mais ligou de volta...



O simpático rapaz elogiando a moça...

- Que bonito seu cabelo. Cortou?

- Não. Encolheu.
E ele com cara de tacho, achando ter ele tomado um corte com certo desdém e ironia....

- É que eu faço escova, e esses dias não fiz, então ele encolhe....


Papo de moças...

- Ai, ai, que merda... Acho que me apaixonei!

- Mas isso é ótimo! Qual o problema?

- É que ele é casado...

- Relaxa, boba. Casamento hoje em dia é algo que não dura muito tempo, não.

O simpático rapaz, com certa cara de estranheza...

- Nossa! Você hoje está maquiada?

- Não é que eu esteja maquiada... É que fico com olheiras, sabe? Então passo um corretivo. Aí fica aquele braaanco em volta dos olhos, parecendo um urso panda ao contrário. Então passo um pozinho. Aí os cílios é que ficam ficam brancos!!! Parecendo um fantasma! Então passo o rímel. Isso não é maquiagem, não.

E mais outra ainda...

- Meu médico falou para eu tomar mel com gengibre.

- Noooosa, que beleza!!! Delícia, hein? Mas é com vodka ou com cachaça?

NO HOTEL / 30 de abril de 2010

Primeira impressão sempre é uma boa... Cama suficientemente fofinha. Cortina que deixa tudo bem escurinho. O chuveiro que é praticamente uma massagem nas costas. Tem banheira! Tudo (parece...) limpinho, e não tem que arrumar a cama quando acorda. Aaaahhhh.... bem que às vezes eu penso que moraria muito bem em um hotel! Ou que poderia passar 1 ano dando a volta ao mundo, mudando de casas e cores e estaria feliz assim.

Dei logo meu jeitinho quando cheguei. Foco das luminárias apontadas para lugares estratégicos, descobrir quais luzes ficam acesas, quais ficam apagadas, tirei o microondas da tomada (pois tenho certo pânico em pensar em ele ficar produzindo micros e ondas por aí), o melhor lugar para a poltrona, a mesinha no lugar certinho para as pernas, que mesa merece mudar de lugar, copo de uísque serviu certinho para escova e creme dental, essas coisas que pessoas normais fazem normalmente, né?

Acordei cedo, desci para tomar café e ir trabalhar.

Aahhhh... café-da-manhã-de-hotel. Tuuuudo de bom!!!!

Não tem que fazer o café, não tem que ir á padaria para ter pão, não tem que descascar um monte de frutas para poder comer um monte de frutas, tem variedade de sucos, não precisa lavar a louça, tudo de bom!

Passada essa fase, começam “as questões”... Sim, questões... é jeito novo de chamar as crises!

Mas estava tudo indo bem, dormiu bem, acordou bem, tomou banho bem, tomou café da manhã bem, e saiu para trabalhar, meu bem!

Quando eu voltei... Aiiiii, quando eu voltei!

Acho que eu sou uma pessoa “pessoal” demais para viver com tantas impessoalidades....

Se eu ficasse mais uma semana em um hotel, acho que ficaria maluca....

Quando eu voltei... chego “em casa” e começaram as surpresas..... Na verdade, fui correndo fazer xixi com urgência (como sempre....), então entrei correndo, tirando os sapatos, já não acho o interruptor de primeira para acender a luz do banheiro... E???

- Hummm..... Tiraram meu tapetinho do chão! Tiraram meu tapetinho! Estava lá, estava lá. Tenho certeza que estava lá, estendido no chão para eu não pisar descalça no gelado....

- Botaram o tapetinho, dobrado que nem uma alcachofra atropelada, em cima da privada!

- Ai, meu caneco!!!! Que aconteceu por aqui enquanto eu estava fora?

- Cadê minha toalha secando no varal que eu fiz?

- Cadê o xampu de ontem?

Saio do banheiro já apavorada... Acho que não estava nem branca nem bege. Devia estar “verde favela”, sabe? Aquela coisa que parece tinta branca misturada com alface?

Vou dar um role já toda ressabiada, meio corcunda e olhando para os lados, girando os olhos arregalados em voltas completas e ininterruptas de 360 graus....

Começam os sustos!!!

Mudaram “minha” poltrona de lugar!

Voltaram a mesa para aquela posição inútil!

Cadê o mouse pad feito de cardápio?

Meu cinzeiro da latinha da cerveja de ontem?

Outra alcachofra achatada em cima da cama?

As cortinas nessa posição saia de missa?

Ai meu caneco de novo!!!!


Percebo o que aconteceu....

As coisas estão milimetricamente colocadas do jeito que eu não deixei!!!! Estão milimetricamente colocadas no exato lugar que estavam ontem quando cheguei.

- Meu Deus!!!! Será que o dia de ontem está se repetindo e só agora eu percebi?

- Não, Dani!!! Está maluca?

- Será que há um portal mágico que me transporta para um quarto exatamente igual ao do vizinho? Ao do lado? Ao de cima, ao de baixo? Ao de outra pessoa????

- Sim, Dani! O mundo é maluco!

Pronto!

Já começam a aparecer os defeitos. Já começo a achar problema em tudo quanto é lugar....

Aaaahhhhh.... a banheira lá de casa é muuuuito melhor. Cabem as perininhas esticadinhas! Ok, ok. É mais estreita.... mas é estreita e comprida. Que nem eu! Ergonomia pura e plena, sob medida! Muuuuito melhor.

Na minha casa não tem poltrona, mas é muito melhor para sentar. Porque todo lugar é lugar de sentar.

As minhas toalhas são muito mais bonitas e felizes, porque lugar de toalha é no banheiro e não precisam ficar em cima da cama, dobradas que nem origami de decoração no fim de festa.

- Dani!!!!! Relax, baby! Veja poesia em tudo, pois há de haver! Veja, amanhã você não precisa arrumar a cama. Vem alguém aqui arrumar para você.

- Hããã.... Vem alguém aqui??? Meudeus!!!! Vem alguém aqui, vem alguém aqui... e se ela vier e eu ainda estiver dormindo? E se ela vier e botar tudo no que ela acha que é o lugar? E se vier alguém e vir que eu pendurei a minha calcinha lavadinha no banheiro? Não quero mais morar em um hotel, não quero mais morar em um hotel...

Descubro que hotel é legal em alguns aspectos, tem suas funcionalidades, tem seus encantos, mas não é para mim, não....

Fiquei com saudades lá de casa...

E olha que o quarto do hotel era maior que a minha casa...

Mas... tão impessoal! Tão sem gracinha! Tão ilusório...

Deu saudades da minha caminha, da minha baguncinha, do meu banheirinho, da minha toalhinha deselegante embolada...

Aí então deu a maior alegria! De saber que eu ia voltar para casa! Ufa, ufa!

Pronto! Achei poesia, achei motivo de alegria, relaxei e fiquei tranqüila no momento presente. Fiquei tranqüila e feliz. Voltei para casa tranqüila e feliz.



... nessa casa se ouve Stone Temple Pilots

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A escada e o mixer

Da série “as melhores coisas da vida”.

Não sou uma pessoa muito consumista, não... Acho que às vezes cometo alguns “abusos”, mas no geral sou bem contida, sim. Bem consciente até, eu diria.... Tenho sempre aquele rigor em ponderar “isso é algo que eu quero ou algo que eu preciso?”

Lembro sempre também de uma pesquisa que vi certa vez em algum lugar que tentava explicar a diferença entre homens e mulheres na hora das compras, na hora de gastar mesmo... Em linhas gerais, definia algo como “homens gastam mais do que vale um produto, comprando algo que eles realmente precisam”, enquanto “mulheres pagam baratinho por muitas coisinhas que elas não precisam”.

Então me pego pensando nas melhores coisas que já comprei na vida...

Eu achava que era a “escada de alumínio”. Há tempos.... Desde quando ainda estava casada e eu sempre dizia isso ao marido. Era meu sonho de consumo mor realizado. Algo que realmente mudou e fez a diferença em nossas vidas. E era um tal de eu com a escada de alumínio para cá, eu com a escada de alumínio para lá. E sobe, e desce, fecha a escada, anda um pouquinho, abre a escada. E ele era leve, era alta, era tudo de bom a minha escadinha de alumínio!

Quando me mudei cá para a casa-trailler, fui logo tratando de arrumar uma escada de alumínio. A casa não tinha nem pia ainda, mas tinha a tal escada!

Ocupava o trono de melhor coisa que eu já comprei na vida até que...

Chegou o mixer!

Sim!!!! Melhor que comercial do 1406 (ainda existe comercial de produtos do 1406?). Sinto-me a dona-de-casa plena, realizada, em todas as suas alegrias e satisfações, usufruindo das benesses e revoluções que um mixer faz em sua vida!

Uau, o mixer!!! Faz suco, faz sopinha, bate couve com limão, tomate com agrião, só alegria! À vezes me pego pensando aqui “o que que eu vou bater no mixer hoje?”

Ai, ai... estou amando!

Uma linda e louca história de amor com o mixer. E só com pontos positivos! Bate tudo, facinho de lavar e é pequenininho!!! Ocupa só um cantinho na cozinha da casinha!

Lindo, lindo. Tudo de bom 3 vezes!

Nossa! Como sou privilegiada. Tenho uma escada de alumínio E um mixer.

Taí... 2 coisas materiais que fazem a diferença na minha vidinha!


Imagino a capitã com casaco de veludo vermelho e chapéu com plumas, berrando junto ao lustroso timão do pequeno bucaneiro que dava a volta na Jamaica:

- Marujos, se o navio afundar, salvem a escada de alumínio e o mixer!!!!!


Ou a rainha fazendo uma declaração oficial no balcão do palácio:

- Eu declaro antes de tudo, que todo o reino é grato aos serviços prestados pela escada de alumínio e pelo mixer à nossa comunidade imperial.


Ou ainda o plantão do jornal de notícias:

- Boa noite! Escada de alumínio e mixer são declarados patrimônios da humanidade por sua excepcional importância cultural, natural e funcional nesta casa.


Ai, ai... É o amoooooor!

Amo tanto! Estou fazendo coraçãozinho com as mãos!

Vou fazer uma tatuagem com solzinho, duas gaivotas e um coração onde se leia “eu amo minha escada de alumínio e meu mixer”



... nessa casa se ouve Herbie Hancock

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DR

Eu assino “DR”.

São as iniciais de meu nome, de nome e sobrenome.

Então assino “DR”. Simples assim.

Parece-me natural, parece-me óbvio.

Mas tempos atrás ouvi alguém falando “DR para cá, DR para lá” e descobri outra abreviação: Discutindo a Relação.

Aaahhh.... Achei engraçado, inusitado, mas deixei isso para lá, típica moda que não ia pegar... DR? Discutir a Relação? Onde é que já se viu? Quem é que ia ficar falando isso?

DR sou eu e acabou.

E não é que a moda pegou...

Vi até um convitinho de uma festa chamando o povo para discutir a relação ouvindo um som....



Guardei. Lindinho, né!

Escrito DR dentro de um coraçãozinho tosco.

E um dia ainda uma amiga confessou que cada vez que lia um email meu, achava que eu finalizava o mesmo sempre dizendo “discutindo a relação”, e ela achava isso muito esquisito....

Imagine...

Que mané discutir a relação o que.... Que relação?

Dos fundamentalistas muçulmanos e o 11 de setembro vindouro? Dos futuros aposentados da França com o sistema previdenciário nacional? Do rock brasileiro e as bandas contemporâneas? Ou do Fred e o ataque do Fluminense? Ou ainda entre Obina e seu joelho? Relação entre as eleições presidenciais e a filha do Serra? Relação entre espaço, tempo e além?

Se for assim vá lá.... Acho que eu topo discutir a relação, me chama que eu vou!

Mas se for para discutir a relação que há entre nós, aí não dá, não....

Isso não vai dar certo. Isso provavelmente não vai terminar bem...

As parcas vezes que eu passei por isso, a relação acabou.

Não houve o discutir e o dia seguinte parecer que nada aconteceu.

Parou para discutir a relação, um abraço... Simplesmente a relação acaba.

A gente discute (discute num bom sentido, né... não precisa ser um bate boca), mas se a gente pára para discutir a relação, a gente acaba sempre percebendo ou descobrindo que não devia estar ali fazendo isso, e a relação simplesmente acaba. Com você é assim também?

Esquisito, né?



... nessa casa se ouve Rotterdam Ska Jazz Foundation

Fiz um filme!!!!!

U-huuuu!

É, mas é simples.... (mas não é simplista, tá!).

E se estiver meio mais ou menos mais para menos, digo que é 'videoarte'.

Mas é isso... Resolvi fazer um filme!!!!

Começou meio sem querer, quando eu vi a situação em que eu estava achei que merecia gravar!

Puro extravasar de sentimentos e vontades...


Peguei-me mesmo em uma situação tão inusitada e ao mesmo tempo tão tocante que resolvi gravar.

Que beleza!!! Dei saltinhos de alegria, do tipo estou-dançando-rebolation-em-um-pula-pula, liguei a câmera e gravei.

Depois calcei os sapatos, passei batom e fui para um show.

Bom... Parcos recursos, a câmera era fajuuuuta, o computador é meio mais ou menos, só o que salvou mesmo foi a empolgada aqui!!!

Tem conteúdo.... Mas peca na forma, eu acho...

Sei o que é bom, mas não necessariamente sei fazer tudo do jeito que eu ache bom....

Hummmm.... Pois bem, depois de gravar, ainda resolvi editar...

- Ai, ai.... surtou de vez! – diz a voz da consciência ali ao fundo.

- Mas é 'videoarte'. Então pode. Então faz parte. – diz a voz da consciência aqui de dentro.

Editei. Editei, editei, eu confesso (ainda que possa não parecer...). Critérios mínimos... Uma boa trilha, alguns efeitos sonoros, uma equilibrada visual de bom gosto.

O único programa que tinha aqui instalado para mexer no filme era uma coisa horrorosa... Simples demais. Pobrinho ao extremo. Parecia um programa de fazer powerpoints...

Fucei um tanto até pegar o jeito. Deu conta do recado num primeiro instante. Depois quebrou a firma... Tudo o que pensei e quis fazer já não consegui mais.....

Mas fiz.

Fiz como deu. E quis fazer logo!

Bom.... Está aí!

Acho que “na pureza” dos sentimentos. E “na simplicidade” dos meios de execução.

 
Depois me empolguei, peguei gosto, de tesão passou para paixão, virou vício...
E foi virando trilogia... Comecei 2 outros filmes que, apesar da idéia linda, apesar do roteiro e da fotografia tão poéticos, não consegui terminar até agora....

Procurei por outros programas, consultei alguns amigos, pesquisei coisas para o computadorzinho "plug and pRay"...

Mas, já viu.... Aumentei o grau de exigência, aumentei o grau de complexidade, não terminei ainda...



... nessa casa se ouve Amy Winehouse

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Tudo no mundo é um porta-incenso

Sempre achei isso.

Vez ou outra me lembro de fotografar algum porta-incenso recém parido por aqui...




Não são uma beleza?



... nessa casa se ouve Mahavishnu Orchestra

NA COZINHA / em 09 de maio de 2010

Tenho passado bons momentos na cozinha da casinha.

Quando sobra uma brechinha de tempo, normalmente aos domingos, o ritual da cozinha é mesmo só alegria!

A música é boa, e sim! Eu cozinho cantando e dançando.

A comidinha é muito boa, e sim! Sou eu mesma que faço.

Tem sempre uma bebidinha para animar a festa, e não! Não sou uma cozinheira bêbada e babona.

E assim me divirto. Fazendo dos pequenos momentos, grandes eventos!

Botando leveza, prazer e sabor nas pequenas coisas da vida, nos breves tempinhos que consigo.

O ritual começa pelo aperitivo, sempre muito caprichadinho.

Na verdade, caprichadíssimo!

Fico hooooooras no aperitivo..... comendo, beliscando, bebericando, discotecando, cantarolando, picando, cortando, assobiando, cantando, mexendo a panela, enchendo a taça, fervendo água, corta salsinha, pica cebolinha, esvazia a taça, uma azeitona aqui, um pãozinho ali, corta cebola, lava o arroz, dança, enche a taça de novo, esvazia mais uma vez, lava verdura, dança e conta até três, e assim vaaaaai que é uma beleza, só alegria!

Minha irmã já o chama de “aperitite”, que é o “aperitivo que tira o apetite”.

Mas não é não. É a maior diversão. Tem dia que tem queijo, tem dia que tem pão.

 
Tem sempre uma bebidinha por perto...
 
 
O ambiente é agradável, a luz é linda, a cozinha da casinha é toda enfeitadinha.
 
 
Aliás, a luz desta cozinha combina com a xícara!!!!
 
 
Sim, essa é a luz da minha cozinha!
Não é o bicho? Não dá gosto mesmo ficar aqui cozinhando alegremente?


A geladeira é bonita por dentro e por fora.


Quanto ao almoço....


Aaahhhh, o almoço...

Que bálsamo, que beleza, que alegria quando fica pronto!

Sempre uma delícia!

Talvez pela embriaguez e pelo estado de êxtase deixado pelo aperitivo, talvez pelo capricho, amor e esmero da cozinheira, talvez por estas e mais outras, mas é sempre uma delícia!


 
E então alguém talvez pergunte....
 
- Nossa! Por que sua comidinha é tão gostosa?

- Aahhhh.... ora, veja bem, sei lá.... Amor? Capricho? Tesão, envolvimento e dedicação? Ingredientes de primeira, cozinheira de segunda (ou melhor, de domingo...)?

- Não colou...

- Hummmm..... acho que é porque eu sou só faço coisas frescas e vivas, que nem eu. É que nessa casa não entra carne e sangue, tortura e assassinato. É que sou capaz de costurar a própria pele, sou capaz de tatuar o próprio corpo, mas não sou capaz de fatiar um bife.... Não armazeno carne morta na minha geladeirinha linda, não fatio carnes, músculos, veias e vias, não derramo nem faço escorrer sangue naquilo que preparo e que como. Só amor. Só frescor e frescura. Só vida e alegria!

- Hummm?

- Ok. Ok. As vezes temos cá um “subprodutos”, os “derivados”..... queijo, manteiga, ovos, essas coisas. Mas também há critérios.... Vou no ovo caipira, da galinha caipira (que é aquela que fala cocoricor). Não como ovo de “galinha paranóica”, como diz minha mãe.... Vou no da galinha que botou o ovo porque quis. Não foi ludibriada, não foi forçada, botou o ovo porque quis, por puro instinto e / ou frustração natural de seu organismo. Agora com o queijo, eu me rendo meeesmo... Acho que ovo eu como 1 vez a cada 6 meses. Queijo, se eu puder, eu como 6 vezes ao dia... Acho que é vício mesmo, em queijo branco, brie com pão quentinho e em gorgonzola com azeite.... Mas, para compensar, não tomo leite, não. Já passei da idade!

- Então sua comidinha é boa porque é fresquinha? Que nem você?

- Talvez... Mas acho também que é porque eu boto bons sentimento. Boto prazer e amor naquilo que faço. Busco fazer com alegria e leveza... Aí não vira obrigação, sabe? Nem peso, nem tarefa nem função... Vira a maior alegria mesmo. Quase uma devoção. Ah, e tem que ter bom humor também, né! A vida sem bom humor não vale a pena, não....


E por falar em bom humor da mulher TPM.... Ainda há de haver uma alma caridosa para me ajudar a botar caixinhas de som nos cantos da cozinha, lá no alto...

Aí sim! Não há domingo que resista!

Ainda bem que a casa é pequena e dá para ouvir em o “double surround” lá de dentro mas o dia em que eu botar o som na cozinha acho que não saio mais de lá.



... nessa casa se ouve The Smiths

O elevador

O elevador do meu prédio chama-se “Fé em Deus”.

Quer dizer, na verdade eu o chamo assim.

É que é assim: você chama o elevador e... nada acontece!

Você aperta o botãozinho do elevador, e n-a-d-a acontece. Isso mesmo, nada muda, nada acende, nenhuma luzinha aparece, nem setinha, nem ponteiro, nem barulho, nem muda de cor, nem correntes arrastando, NAAADA...

Mas é assim mesmo, já estou sabendo.

Não. Ele não está quebrado ou parado. Não. Ele não está te ignorando.

Basta esperar, e é só ter fé. Acreditar que ele vem.

Então você respira fundo, e é tomado por uma voz interior, como se lhe dissesse: “espera e ele virá”...

Por isso o batizei de “Fé em Deus”.

Acho que é a mesma coisa... Você chama por Deus, fala com ele, faz o contato inicial e nada acontece.

Nenhuma luz acende, nenhum raio divino, nenhuma voz apocalíptica.

Ou melhor, nada parece acontecer.

Resta ter fé.

Precisa acreditar que ele recebeu a mensagem, que ele lhe ouviu.

E ele há de vir, há de se fazer presente em breve, lhe dar retorno, algum feedback...

Assim com Deus, assim como com o elevador.

É tudo uma questão de fé meeeeeesmo.


- Bora, Fé em Deus. Já é dia lá fora. Vamos para o térreo para podermos sair à rua.

- .

- Ok, ok. Sei que você me ouviu, ouviu meu chamado, vai aparecer e resolver esta questão comigo.

- .



- Ufa, enfim em casa. Bora, Fé em Deus, estou louca pra fazer xixi....

- .

- Ok, ok. Sei que você me ouviu, ouviu meu chamado, vai aparecer e resolver esta questão comigo.

- .



E então, do nada, ele aparece.

Quando ele chega eu já logo penso com meus botões “sabia que ele estava aí, sabia que ele estava vindo, sabia que ele ouvira meu chamado”.

Falo com o elevador como se falasse com Deus.

Acho que as gracinhas de Deus são as mesmas... "Eu finjo que eu não existo, finjo que nem lhe ouvi, não emito um sinal nítido de minha presença e existência e vamos ver se e quanto ela acredita e agüenta".....

Não faz todo o sentido do mundo?

Deus se manifesta para mim agora através do elevador.

Para me fazer lembrar de sua presença constante e ativa, para me fazer lembrar que ele me ouve e sabe quando estou ali chamando-o. Para me fazer consciente do momento presente! E das minhas limitações, dificuldades possíveis ou desafios sem sua presença.

É o verdadeiro momento de ascensão, de se elevar, de transpor um lugar, um estado ou um andar.

Chamo o elevador. Assim como chamo Deus.
E chamo esse elevador nonsense do meu prédio de “Fé em Deus”





... nessa casa se ouve a trilha do Lock Stock

É sabe-se-lá-onde, mas parece aqui

Essa ilustração é mesmo linda! Ou mesmo especial, ou ainda, é mesmo familiar.


Não sei de quem é, não... Mais uma vez displicente com os créditos... so sorry...


Mas gostei tanto porque parece tanto com isso aqui...

A casinha e a cozinha apertadinha, bagunçadinha... Mas tão simpática, tão recheada de informações e funcionalidades.

A cara de lugar real, de casa com vida, sendo vivida, usada.

A baguncinha tão completa e tão variada... de garrafa de vinho e panela no chão, a paninhos espalhados e roupas pelo chão.

Um quê de poesia com simplicidade - apesar da casa pequena e apertada, o capricho, a inspiração e o alento de um quadrinho e uns postais na parede.

Foquinhos pontuais de luz.

Certa ordem no caos... algo como uma ordem caótica, um caos ordenado.

Um misto de bagunça de moleque com coisinhas de menina... cesto de lixo em cima de mesa, mesinha com toalha. Louça suja esparramada, mas latas e vidros em cestinhas.

Minha nossa! Tem potinhos em prateleiras e azeitonas em cima da pia!

É mesmo fantástica!

E a mocinha branquela e descabelada ali no chão...

Meio lânguida, ingenuamente lasciva.

Descalça, sobre um tapetinho simples, mas limpinho, para não gelar a bundinha no chão... sempre semi nua, à vontade, confortável.

Contemplativa.

Olhando para o nada, mas vendo e sentindo tudo!

Parece que foi feita com uma câmera escondida aqui no cantinho, presa ao teto.

Quase uma foto, uma releitura simpática, interpretativa talvez...

Lindo! Amei esse desenho...

Em uma identificação quase assustadora...


 

... nessa casa se ouve New York Jazz Ensemble

uma vez eu fui ao motel

Fui ao motel uma única vez. Primeira e única. Já faz um tempinho, mas é que hoje vi a escovinha de dentes que uma amiga me deu, com o nome de um motel, e lembrei disso.

Fui uma vez, por pura força das circunstâncias, ou vontade momentânea. Primeira e única vez.
E achei legal (na hora, no momento, no contexto).

Acho que eu não tinha ido antes porque nunca quis...

Na verdade acho que nunca tinha imaginado ir a um motel... “mais na verdade ainda”, não consigo nem bem imaginar o que faz as pessoas irem a um motel...

- Nossa, está super legal a gente aqui, agora vamos parar tudo, levantar, sair daqui e ir para um motel.

Não faz o menor sentido...

Ou então:

- Nossa, agora está muuuuito legal a gente aqui. Mas veja bem, vamos parar com tudo isso, calçar o sapato, botar uma camisa, pegar o carro, pegar engarrafamento, pegar chuva e ir ao motel?

Juro que eu acho que para mim não faz o menor sentido...

Mas um dia eu fui.

Conhecia pouco o rapaz, não iria levá-lo para minha casa. Achava que ele era “praticamente um adolescente”, com uns 22 aninhos, e era melhor ser impessoal como um motel. Se fôssemos para sua casa, talvez sua mãe ficasse brava. Se viéssemos para a minha, certamente eu ficaria brava. E assim fomos. (tempos depois descobri que sim, ele era “realmente um adolescente”, mas de uns 43 anos)

Bom, eu tinha medo de ir ao motel.

Medo mesmo... Desses que não deixam a gente relaxar. O que por si já é um motivo para não querer ir.

Mas eu tinha medo por alguns milhões de outros motivos.

Acho que o primeiro é que eu não gosto de coisas impessoais, sabe?

Algo que não “é para mim”, não é meu ou não é único, exclusivo ou particular. Nem meu nem do outro. Achava (e ainda acho...) que um motel é um lugar que ao mesmo tempo é de todo mundo e ao mesmo tempo não é de ninguém. Não gosto disso, não...

Também não me agrada imaginar que todo mundo é esse... Aliás, falo sobre isso agora, porque se eu tivesse parado para pensar nas pessoas que por lá já estiveram, e o que lá já fizeram, aí é que eu não tinha ido nunca mesmo.

Mas parei para pensar só na pessoa que estava comigo e fui uma vez aí...

Gostei!

- Mas você disse que tinha ‘medo’?

- Sim... Muitos. Tinha medo de ser um lugar esquisito, com lâmpada fluorescente. Tinha medo que fosse um lugar onde só tocasse Kenny G. Tinha medo de ligar a TV e só ter filme com loiras peitudas e marombadinhos falando ah, ah, ahhhh. Tinha medo que a cama tivesse cara de cama encerada em 12 de $ 89,90 sem juros nas casas Bahia. Tinha medo ter quadros pendurados ‘em escadinha’ na parede. Tinha medo de o circuito elétrico ser subdimensionado em relação aos fios, cabo de alimentação e disjuntores e corrermos o risco de um curto-circuito e momento de pânico. Tinha medo de encontrar ‘vizinhos’ - outros visitantes ou freqüentadores. Tinha medo por o travesseirinho não ser o meu e o lençol não ser o dele. Tinha medo de o banheiro ser preto, com granito. Tinha medo de ter coisas em forma de coraçõezinhos. Tinha medo de não ter janela e alguma paisagem. Tinha medo de ter cortinas com babados. Tinha medo de ter babados. Tinha medo de ter babas.

- E aí?

- E aí que a cama era verde, de luzes. Na verdade, acho que a cama era de criptonita!!!! E passava cartoon na TV!!!! O nome do lugar era muito poético. E por alguns momentos, esqueci que eu tinha tantos medos e mal vi onde eu estava.
Tá... é esquisito, mas gostei!

Cumpri a cota, matei a curiosidade e a vontade (sem direito a trocadilhos, tá!).

Acho que não quero ir de novo, não.

Mas valeu.

Acho que perdi o medo. Acho que quero muito perder todos os medos. Acho que estamos aqui neste planeta para aprendermos a não ter medos, expectativas e apegos. E também para ir ao motel pelo menos 1 vez na vida.



... nessa casa se ouve Titãs quando eram bons