sexta-feira, 30 de março de 2012

Novidade: estou em crise...


Eu achava que eu era um poço de contradição.
Mas a vida em si é toda contraditória, né?
Quer ver só?

1)    Quanto mais eu tento parar de comer queijos, mais gostosos eles ficam (!!!);

2)    Também tento (muuuuito) ser celibatária e levar uma vida abstêmia. Mas quanto mais eu me envolvo com os homens, mais gostosos eles ficam (!!!);

Pai-supremo, podemos fazer um acordo?

            Para que quanto mais eu viva a vida, mais gostosa ela fique?!?

(Mas se ela puder ser gostosa, mesmo sem queijos e sem homens, melhor... Mas se não der, acho que tudo bem também...)


... nessa casa se ouve Arctic Monkeys

quinta-feira, 29 de março de 2012

Momento “o mundo é nonsense” de hoje


Estou há meeeeses fazendo exames.
Hoje, dia da consulta no médico, esqueci de levar metade deles (?!?)

Autocrítica ao extremo, já quase entrei em parafuso... Não me perdoando por ter esquecido (há dias repetindo quase como um mantra: “levar os exames na quinta-feira, levar os exames na quinta-feira, levar os exames na quinta-feira”), com os envelopes pendurados na porta (para não esquecer!!!), há meses fazendo os exames e pensando nisso.

Então acho que “não esqueci metade”.
Acho “que perdi” (...).

Voltei para casa pensando em voltar para a terapia, pensando em relaxar mais, pensando em estar ficando maluca...
Vou revirar a casa para procurar os dito cujos (e, para piorar, exames são “papéis”, coisas altamente camufláveis por aqui...).

Achei os exames do cardiologista, (outros... mas disperso facilmente...) parei para ler e estava lá:
“aorta de calibre normal e seios costofrênicos livres”

Hein?

Calibre normal? Que calibre? De onde? Da munição, do projétil ou da arma? É calibre ou é bitola?
Costofrênicos? Passo...
Livres?!?!
Iupiiiii!!!! Adorei.
Adorei, adorei (fazendo coraçõezinhos com as mãos...).
Achei tão poético! Tão bonito de se ver. Senti-me tão feliz.... (apesar de não saber o que é isso, nem o que isso quer dizer) acho que no fundo, no fundo, eu sempre quis ser uma pessoa de seios costofrênicos livres :)


... nessa casa se ouve Plunge

sábado, 24 de março de 2012

sábado à noite


A gente vai arrumar a gaveta e então dá de cara com (muuuuuitos) cadernos, bloquinhos, papéis e uma infinidade de coisas anotadas... sentimentos, histórias, momentos, uma loucura em forma de papel e grafite...
Folheei alguns, parei para ler outros.
E que mundo de mim mesma estou encontrando!!!
Já ri (muito), já chorei (muito), já dei mil voltas em volta de nada, ou talvez em volta de muita coisa... (só não consegui arrumar as gavetas ainda...)
E então me dei conta de 974 coisas que achei escritas aqui... E não é nem bilhetinho, não. Verdadeiras enciclopédias do(s) exercício(s) de autoconhecimento, o puro sumo de um sentimento em algum momento, e percebi ter escrito mil coisas que eu gostaria de ter falado... e não o fiz. Que eu gostaria de ter conversado... e não tive essa chance.
Tomo um gole de vinho.
Aperto a corrediça da gaveta com a chave de fenda.
Vou cantando junto com Big Joe Williams.
E penso em, literalmente, “passar a limpo” tudo que eu extravazei em formas de letrinhas...
Ainda quero conversar sobre tudo isso com todos!



Dez minutos depois e a bicha faz o quê?!?!?

Derruba a taça de vinho sobre a gaveta....

Agora tenho centenas de caderninhos, com milhares de sentimentos anotados, 3 panos de prato, 2 gavetas e um chão todos entonados em tons de roxo...
Fazer o quê, né... Estou rindo de mim mesma :)


... nessa casa se ouve Jelly Roll Morton


quarta-feira, 21 de março de 2012

momento “o mundo é nonsense” de hoje



 Tempinho sobrando, sabe como é mulher, né? Vai peruar, bater perna, ver as novidades e gastar por aí...
Então estou eu, formosa e cremosa como sempre (?), fuçando a loja de ferragens. Daquelas boas!!!! Com cacarecos pendurados por todos os lados, daquelas que você não consegue nem saber que cor seria a parede de fundo, um verdadeiro mundo mágico da porca e parafuso... Parque de diversões total.
Então vejo aquele saco liiiindo no chão! Rechonchudo, encostado num canto do balcão.
Peça rara. Coisa fina...
Disparo na hora:
- Ô moço, quero esse saco de presente, pode me dar? O que tem dentro? Deixa eu ver que eu esvazio, arrumo um lugar para você guardar o que for, me deixa ver de perto. – e já vou quase invadindo o balcão do rapaz...
- Tá cheio de saco igual dentro, dona. A gente vende... E o povo compra para jogar entulho dentro.
- O quêêê? Quero um!!! Isso é lindo, uma preciosidade, design notável. Olha a cara da moça... Uma boneca de porcelana! E ainda está escrito (de forma nonsense total) “fubazão, fubá mimoso, quirera fina, quirera grossa, quirera média”, Qué isso?!?
- É mesmo... Tem uma moça aí.
- Me dá aqui esse saco, que eu vou pendurar na parede. Coisa linda de se ver. Parece uma pinup... Olha lá, está até de batonzinho vermelho, um olhão expressivo, né? Sobrancelhinha bem feita, certo ar de “não to nem aí”...
- Pôr na parede, dona?
- Nossa, pra já! – já esticando o saco no meio da lojica – Veja aí, moço. Ela até parece comigo! Eu de franjinha e esse cabelinho álbum-de-casamento-da-tia nessa moldura do Bombril ia ficar igualzinha
- Viiixi, é mesmo – e berra olhando para o estoque – Ê Fulano, “vem-cavê”!!! A dona aqui parece a mulher do saco!

Ganhei um saco de presente!

Voltei para casa (pesaaaaada com a bolsa cheia de ferragens), mas feliz da vida com a nova obra de arte do surrealismo (popular) fantástico :)





... nessa casa se ouve King Oliver and His Creole Jazz Band


segunda-feira, 19 de março de 2012

a vida (e o blógue...) teima(m) em fazer sentido


 Então ouço dessas de novo esses dias:
- Mas é que em seu blog você fala só de você...

Pooooxa!
Mas a idéia é essa...

Já falei sobre isso aqui...

E é verdade. Pois se eu quisesse falar de outras coisas, falaria. Como ás vezes o faço...
Falo de mim porque é a parte que me cabe nesse mundo. E olha que às vezes até acho que falo demais... Ô fofo, estou tão ‘desinteressante’ assim?
Veja... Não falo dos outros nem nada de ninguém (raríssimas vezes os fiz.... e em outras o fiz muito contidamente, de forma a não comprometer ninguém)  propositalmente.
Pura discrição da minha parte.

Uma elegância...

Mas falo de mim de um jeito peculiar também...
Sem medo de destruir o ego!
Sem crises (com isso, pelo menos... as crises aqui são outras)
Falo do avesso. Do falho. Do lado B.... Das fraquezas, das mazelas, das agruras e dificuldades, das esquisitices humanas (ou minhas) também. Falo honestamente. Sincera e abertamente. Um pequeno expurgar das paranóias.
Pequenas sátiras da vida real.
E a vida é real.

E vamos falar sério?
Falar de si mesmo, assim intimamente, não é pouca coisa, não!
Falar de si mesmo, postando fotos no facebook (o shangrilá contemporâneo, né... onde todos são felizes, sorridentes, enturmados, cheios de amigos, vivem de oba-oba para lá e para cá), é fácil!!!!
Quero ver falar das suas feridas!
Das suas inquietações!
Quero ver expor a sua intimidade em desabafos genuínos!
Isso aqui é o (real e verdadeiro) espiar por um buraco da fechadura. Buraco que eu permiti existir, ok.
Mas é.
É a vida como ela é...

 E por falar em facebook, reparei que desde que “lá entrei” passei a ser mais disciplicente ou preguiçosa com o blog...
Vejo o tal como um blog coletivo, né. Passei a lá mesmo fazer algumas observações, expor algumas opiniões, registrar alguma história.... O blóguinho perdeu um tanto com isso... reconheço. (se já era lerdo e desatualizado, agora então...).
E ainda “por falar em facebook”.... Cade a autenticidade e a opinião própria na coisa?!? Cade mesmo?
Endosso a campanha de uma amiga (e se aqui fosse o FB ela iria virar um link na citação) de “assinar suas próprias aspas”!
É isso!!! Diga uma (ao menos, uma) frase sua! Fale o que você pensa e sente!
Porque repetir o que os outros disseram é fácil. Tomar os questionamentos dos outros como se fossem os seus é raso. Botar foto do cachorrinho coloridinho dizendo que odeia a segunda-feira é uma galhofa.... Agora me diz qual é a sua opinião a respeito! Qual é a sua impressão própria sobre um fato.
Tá... eu pego leve.
Sei que a humanidade é movida a identificações... se identifica com algo, quer mostrar isso para o mundo também. Mas não é só isso!

É o olhar para dentro de si mesmo...
E vou te falar... não é fácil, não. Não mesmo.
É mais fácil se esconder em superficialidades... Olhar para o que é seu é um desafio (mesmo se este for só uma graça, ou uma coisa sem graça).
Você encontra as suas asas mais coloridas e os seus buracos mais obscuros.
Lembro que certa vez li uma frase de uma monja querida, que era mais ou menos assim (e sim! Agora eu me permito usar frases dos outros!): “se você botar panos quentes em seus questionamentos, uma hora eles explodem”.
Sacou?
Botar o que é seu sabe-se-lá-onde, e ctrl+c ctrl+v de qualquer coisa pronta é uma bobeira... Na boa, coisa do sobrinho adolescente, buscando definições, identidades e identificações que sai por aí vomitando 200 desenhinhos que ele ache engraçado.
Tá.... Tá e tá. Eu pego leve....
Mas sentiu a comparação?
Um adolescente é “O” serzinho sem identidade própria definida ainda (aliás, adolescentes não têm nem formação biológica suficiente para terem critérios, juízos e senso crítico elaborado e definidos de mundo).

E você?

Aí eu pergunto para mim mesma... E eu?

Ok.
Eu...
Eu posso não ser tão interessante aos olhos dos outros.... Mas eu sou assim. E faço alguns desabafos do meu cotidiano, que pode até ser sem graça, mas é meu. É autêntico.
Sou eu experimentando a vida.

E ainda justifico esse bloguinho.... acho que o faço com certa leveza, com certa brincandeira. Consigo rir de mim mesma!!! (e acho isso um privilégio). Consigo me expor em banalidades (de uma forma sutil até) ainda que esteja no campo das esquisitices humanas (das pessoas confusas, alteradas, atrapalhadas, imprecisas, indecisas, caóticas, melancólicas, turbulentas, complexas e complicadas)

Talvez alguém goste, talvez não. Talvez alguém se identifique, talvez não. Talvez alguém ache uma bobeira, talvez não.
Mas para mim é válido anyway. (só o fato de eu conseguir por para fora é um grande feito)

E se estiver tão chato ou “exclusivista” assim -  falando “só de mim ou das minhas impressões sobre o mundo” não leia. Vá ler o globo e achar que isso sim é uma opinião própria sobre algum fato, vá ver novela e achar que o que acontece é a vida real, vá ler o mural dos outros no facebook e achar super legal um cachorrinho coloridinho dizendo que ‘a vida é bela, a gente é que fode ela’.
Vá escrever...

            E sim. Olhar para dentro é meta da minha vida. Conseguir pôr para fora o que vejo e sinto é um desafio e também uma conquista. Pôr aqui no blógue é só amostra grátis, uma citação, por vezes uma insolência, uma leve dose de leveza e algum humor.
           
E se quiser conhecer um pouco mais, me liga, tá! Tomamos uma cerveja presencialmente e conversamos um tanto sobre as opiniões e visões próprias de mundo!

Bem-vindos!



... nessa casa se ouve Radiohead

domingo, 18 de março de 2012

O mundo (sempre) em mudança


 Não sei se é medo da mesmice, medo da rotina, se é pura inquietude nata e vontade de transformação, ou se é o tal do bicho carpinteiro.... Mas acho que vivo e convivo com a extrema necessidade da capacidade de (se) reinventar...
Extrema mesmo!
Dava um programa do Discovery: “vontades de mudanças extremas”, apresentado por Danizinha e suas formigas no rabo e sua vontade de transformação constante.
Ficou bonito, né? Sonoro...

É que não consigo simplesmente “me acostumar” com o mundo e as coisas como são... Precisa mudar! Precisa ser diferente! Precisa ter uma novidade, sabe?

Mudo as coisas de lugar, mudo os móveis, mudo as cores, mudo o que faço, como faço, mudo tudo. Não consigo ter nada, mesmo “recém adquirido” que não sofra transformações (e mudanças...) nas minhas mãos... Mudo até a mim mesma o tempo todo.
Não, não é TPM...
Não, não é patológico.

Veja bem... a figura já mora no mesmo lugar. Acorda de manhã e a cafeteira está na mesma pia. A geladeira está no mesmo canto. A própria cozinha está no mesmo lugar! Vai ao banheiro, e a pia, a privada e o chuveiro estão aonde? No mesmo lugar (e olha que eu aqui, mesmo na casa pequenina, tenho 2 chuveiros! Só para poder variar...) Seguindo... Sai para trabalhar no mesmo lugar (e olha de novo, que eu trabalho com coisa pouco convencionais e sob rápidas mudanças, cada semana um projeto diferente graçadeus). Mas me arrepio só de imaginar que tem gente que trabalha no mesmo lugar fazendo a mesma coisa todo dia! Isso deve ser enlouquecedor.... Pega a mesma condução, faz o mesmo trajeto, vê as mesmas caras, conversa sobre os mesmos assuntos, e por aí vai...
Jesus!!!! E quando volta para a casa, volta para onde?

Para a mesma casa!!!

Ainda bem que sou solteira, porque se não ainda seria todo dia chegar em casa e encontrar o mesmo marido!!!
Imagina... eu mesma já me olho no espelho e é todo dia a mesma cara! Ninguém agüenta...
Na verdade, quando eu estava casada, acho que ele entendeu o espírito da coisa rapidinho... E aprendeu “a se mudar” - uma vez com barba, uma vez sem barba, de vez em quando careca, de vez em quando black power, com bigode, sem bigode, costeletas, sem costeletas, e fazia combinações todas entre estas variações. Pronto. Superávamos este problema e era tudo bem. Ele só se queixava quando chegava em casa e eu tinha mudado tudo de lugar.... Tipo o que era do quarto estava na sala, o que era da sala agora estava pendurado pelas paredes, a sala passou a ser na cozinha, essas coisas.... Ele estranhava um tanto, ás vezes tentava argumentar alguma coisa assim “mas eu estou acostumado a todo dia chegar e largar as chaves na mesinha que tinha do lado da porta... e agora a mesinha nem existe mais!”

Pois bem... a tal vontade viva e constante de que tudo esteja sempre em processo, em transformação, de que tudo mude sempre parece ser a única coisa que não muda por aqui...

Todo dia acordo (na mesma cama!!!) e vou à varanda ver a vista do mundo lá fora. E o que vejo? A mesma praça!!! Afff....

Confesso que, com frequência, imagino simplesmente “dar um giro” nas coisas. Dar uma viradinha no prédio e então mudar a paisagem da janela... Pois estou esperando as árvores crescerem e tem demorado um pouco...
Juro que eu queria um dia acordar e abrir a varanda e estar de frente para a Place de La Concorde, ou para a Parade Square da Varsóvia, para a Praça Venceslau de Praga ou para a Plaza Mayor de Madrid.. Alexanderplatz de Berlim, ou a Praça de São Marcos de Veneza, até para a Piazza Del Popolo!
Mas outra.
Só para variar...

Aqui a casa é pequenininha como um trailer. E isso é um complicador... pois as coisas são “encaixadinhas”, têm lugares predeterminados, senão não cabem!!! Ui... Tenho que mudar nos ‘acabamentos’ o tempo todo....
É pequenininha como um trailer, mas eu digo que é o “trailer mais burro do mundo” porque não sai do lugar!
Abro a janela e...
Pois é, vida é dura.
E olha que a praça aqui é novidade pura!
Não tem um dia igual ao outro...
Mas é a mesma praça.

Certa vez me apaixonei por uma figura. Uma das coisas que mais me encantara no rapaz fora a sua (aparente) capacidade de gerir mudanças. Ele falava em mudar de trabalho, mas não só de mudar de local de trabalho simplesmente. Falava em mudar de área, mudar de profissão, sabe? E já tinha feito isso uma vez. Encantador... (o processo de vida, tá. O rapaz deixou de ser... Por outros motivos, mas deixou. Não é mais tão encantador assim, fez merda e nela se estagnou... não mudou...)

Consigo me imaginar assim...
Mudando o tempo todo. Fazendo coisas diferentes o tempo todo.
E tem coisas até bem prováveis, possíveis mesmo em um futuro não muito distante.

Penso em montar uma grife. Sei que seria feliz com isso. Faltam-me ainda planejamento e investimento pessoais, uma dedicação mais focada ao projeto. Mas consigo me imaginar tocando esse negócio.
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.

Como também consigo me imaginar trabalhando em casa, coisa que eu adoooro!
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.

Também adoraria ter um restaurante “quintal de casa”. Íntimo e intimista, caprichadinho e bem cuidado. Ambiente informal, mas elegante, com as minhas loucinhas todas diferentes misturadas, slow food feita com amor, pratos criativos feitos conforme a oferta de ingredientes disponíveis na geladeira e não conforme a demanda. Bebidas da minha adega.
Algo do tipo “já que vou fazer a comida para mim, faço para o serviço também”.
Juro que eu consigo imaginar...
E fazendo outras coisas ao mesmo tempo.


Por hora, vou mudar só o que estou fazendo exatamente agora!
Mas volto.


... nessa casa se ouve Pearl Jam