terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

carnaval em casa

Quase três dias que estou costurando... é carnaval lá fora e aqui parece estar beeeem melhor. Banheiro é limpinho, comidinha é boa, a bebida e o cigarro também... Só toca música boa, graças a Deus, e eu assim “catô”.

Dessa vez estou me superando... desandei a costurar tudo que vejo pela frente!!!

Penny Lane, fiel escudeira, amiga, comparsa e companheira (e agora tatuada), está segurando a onda bonito!

Por nós já passaram panos, trapos, papéis, plásticos, desenhos, textos, fitas, borrachas e tudo mais que eu vou achando pela frente...


Têm saído umas coisas meio diferentes, que eu ainda não sei bem o que fazer com elas...



Acho que ainda estão “em processo”...
que ainda vou meter a mão e fazer algo mais para e em cada qual.
Também fiz umas almofadinhas para os bancos novos.



Aproveitamento de espaço total em Tóquio!!! Os banquinhos são baús, para guardar coisinhas (pacas...) dentro. Queria almofadas que abrissem o sorriso do zíper por 3 lados, para poder guardar umas coisinhas (pacas...) dentro. Nunca tinha feito isso não, e sou meio mais ou menos em modelagem... Sofri de véspera que nem peru... morrendo de medo de fazer merda (...). E não é que deu certo!

Fico super feliz quando consigo fazer algo que eu nunca fiz na vida e dá tudo certo!!!! (Quem sabe um dia eu ainda não acerte a mão com o baixo...).


Aproveitei também para dar uma casa nova a uma peça de argila, cheia de sentimentos e significados afetivos, que andava “ocupando espaço” para lá e para cá...



Papo vai, papo vem, e a trilha do Carnaval tem sido toda temática... Um dia, só (boas) baterias. No outro, só músicas para cantar, e eis que... um dia só de sons do Reino Unido... Putz! Faltou dia...

É impressionante como tem coisa boa! E não acaba nunca...

Tem quantas pessoas por lá? Uns 50/ 60 milhões? Se juntar a turma toda, de todas as nações agregadas em torno do reino ,equivale a quê em extensão territorial? Um estado do Brasil?

E putz! É sonzeira que não acaba mais... E olha que o Brasil é riquíssimo musicalmente... E deve ter umas 3X mais gente.

Acho que eu nunca tinha parado para pensar nisso, ou ver o mundo sob esse ângulo... Acho que o máximo que eu havia teorizado que se aproxima de tal, é o fato de que eu acho que eu fui punk em Londres nos anos 70. Porém, devo então ter morrido e reencarnado quase imediatamente, e meu processo de adaptação atual tem sido meio confuso... Passei 30 anos ouvindo The Clash e chorando compulsivamente, sem nunca ter entendido bem porque... Superada essa fase há alguns anos, eu agora não consigo ficar muito tempo sem ouvi-los. Já não choro mais por isso (o que é um alívio, pois beirava mesmo o ridículo...).

Tenho também uma outra teoria um tanto quanto mais próxima (e essa dá uma tese de doutorado!) que é a seguinte: eu realmente acho que a grande questão da humanidade, o grande dilema filosófico que nos assola, nos instiga e nos e acompanha desde toda existência humana, permeando todas as análises, investigações, reflexões e questionamentos sobre o homem, sobre o mundo e sobre o ser; questionando e examinado idéias, conceitos e juízos sobre as relações sobre nossas próprias realidades e sobre todas as relações humanas, sobre todos os fenômenos naturais e os fatores humanos, se resume a uma única questão: “should I stay or should I go”.

Já parou para pensar nisso?

Grande parte da Filosofia se resume a essa maravilha da simplicidade!

Não tenho grandes conclusões a respeito (ainda.... e ainda bem), mas já misturei de Kant a Aristóteles nessa jam session metafísica, já transformei o “não ser” ao “não ir”, já examinei crenças e deveres, já argumentei causas e essências, e me motivo cada vez mais a buscar entender e compreender a realidade em toda sua inteireza através dessa simples questão. Simples assim....

Vou encurtar o papo por aqui, deixar para falar mais outra hora porque sei que reeeende....

Beijo, me liga!




... nessa casa se ouve a trilha sonora de Ray

pó de café e um disco do pixies

Então o vejo ali sentado – ao mesmo tempo concentrado, ao mesmo tempo tão disperso. Aquele olhar que ia longe... meio olhando para o teto, meio olhando para a paisagem . Um olhar que parecia voar, mas também parecia ser fixo, focado. Ele se vira para pegar um cigarro, vê que eu estou ali quietinha o fitando.

- Oi. Você está aí?

- Vim falar com você... estava tão quietinho. Nem interrompi. Fiquei só olhando mesmo. Está aí quietinho, pensando o quê?

- Dani, olha só... se você só pudesse ouvir um único som qual seria?

- Hein? Sei lá.... um único som? Se eu não pudesse ouvir mais nada, só um único som?

- É, é. -- ele, eufórico, diz rápido.

- O som da minha respiração, eu acho... Espero. – respondo rápido, e então paro para pensar melhor na questão.

- Não. Não... algo como se você fosse para uma ilha deserta e isolada e só pudesse levar um disco para ouvir para o resto da vida. Qual seria?

- Nossa!!! Como assim?

- É, é... ou um disco, ou um artista, uma banda... mas algo que seja o único som que você vai ouvir para sempre.

- Nossa de novo!!! Não sei, não sei.... Pode ser ao vivo? Posso levar uma banda comigo?

- Não! Presta atenção! – ele, empolgado, vai falando rápido e instigado. Perguntando com euforia, envolvido com essa questão filosófica profunda. Ele estava ali refletindo e meditando por toda aquela manhã, e então partilhava parte do processo comigo num misto de inquietação e excitação, meio que dividindo a crise, eu acho... E continua:

- Diz aí. A primeira coisa que lhe vem à cabeça.

Eu já estava ali meio acuada com esse processo inquisitório... Tentando pensar rápido e baixo, tentando não falar algo que me fizesse mudar de idéia em poucos segundos...

- Hummm.... talvez algo mais instrumental. Algum som não muito definido. Livre. Abstrato, surrealista e psicodélico. Algum disco de dub... um baixo e bateria bem marcados... Ou uma big band, com uma boa cozinha e uns sopros. Ai, ai... Não sei... Sei não... E se eu mudar de idéia? E se eu enjoar?

- E aí? Diz aí...

- Não sei, cara... Deixa eu pensar um pouco. Você está aí a manhã inteira pensando nisso, já chegou a uma conclusão?

- Mais ou menos... Ainda não sei...

- Então me deixa pensar 2 minutinhos... Quando é que eu vou para lá? Não dá tempo para escolher um pouquinho? Como é que ouve isso lá? Tem vitrola, toca-discos ou CD player? Faz frio ou faz calor? Chove? Que mais eu posso levar? Você também vai? O que você está levando para ouvir?

- Pomba, Dani... Não, não é sério. Não é fato. Quer dizer, não sei, acho que não. Hoje não. Mas você nunca pensou nisso quando você está ouvindo alguma coisa?

- Bom... tem sons que eu acho que eu vou ouvir sempre, tem discos que são todos bons, que eu ouço o disco inteiro e gosto dele todo. Tem outros que ouvi muuuuito, talvez pudessem ser as melhores opções. Não sei...

- Hummm.... E?

- E você?

- Pois é... Estava aqui pensando nisso... Tenho uma idéia. Acho que é a minha opção. Mas também me pego em dúvida, em crise com isso. Também já aventei essas questões todas, também acho que posso querer mudar a escolha, mas estou mesmo propenso a ter uma opinião a respeito já e agora, The Smiths.

- Nossa! Rock depressivo?

- É muito bom. Não enjôo nunca...

Paro para pensar um pouquinho... como em um pout porri mental de 27 segundos (ou menos) com todas as músicas dos Smiths que eu lembrasse na hora.

- Será? Tem certeza? Aquela “melancolia alegrinha” do Morrissey para sempre? Será que você agüenta?

- Pois é... não sei. Mas não consigo chegar em outra opção, com valores equivalentes... Boto tudo e todos na balança e acabo voltando para os Smiths...

- É, é bom. Gosto do Meat is Murder, gosto do outro disco, da rainha ... Gosto do Johnny Marr, ele é o cara... Mas estou aqui já pensando outra coisas...

- Diga lá.

- Além de um som para ouvir pelo resto da vida acho que eu gostaria de levar mais coisas...

- Sei, sei... – e ele franze um tanto os lábios, e também esboça um leve sorriso – Sapatos?

- Não, não. Coisinhas... uma caixinha de costura, papéis e lápis coloridos, uns cigarros, pó de café, um disco do Pixies...

- Olha aí! Olha aí. Respondeu! – ele fala rápido e alto -- Um disco do Pixies.

- Não, não é minha resposta não – interrompo de imediato --- Está no kit “algumas coisas a mais para levar”.

- Aaahhh mulheres...

- É pela associação com o pó de café....

- Hã?

- É... veja bem. Que ilha é essa? É minha? Estou lá sozinha por opção, cheguei de helicóptero, com um lenço de bolinhas esvoaçando por baixo de chapéu panamá, tomo um drink com guarda-chuvinha na beira da piscina com araras andando em volta, e fico lá o resto da vida ouvindo o mesmo disco? Porque sou exótica, excêntrica e, notadamente, anti-social.

- .......

- Ou se eu estiver sozinha em uma ilha deserta e isolada é porque talvez as coisas não estejam muito boas? ...

- Hein?

- Como é que eu fui parar lá? Naufrágio? Acidente de avião? O sertão já virou mar? Vai virar um acampamento, não é isso?

- Ai, ai... mulheres...

- Porque se for a segunda opção, acampamento é uó... é sinal de que tudo dá errado. Tem que aprimorar a técnica de entrar na barraca só para pegar os fósforos com o pé cheio de lama sem deixar que esse interfira na estrutura do lugar, porque é lá que se tem que dormir. Olha aí... para tomar nota: também levo uma rede. E mosquiteiro. Não durmo em barraca nem a pau.... Tem que se acostumar que o banheiro não é ali pertinho do quarto, para ir rapidinho, meio de olhos fechados, no meio da noite. Tem que descobrir onde a água para beber não esquente, e se acostumar que a do banho será sempre fria. Essas coisas, entendeu?

- E?

- E aí que acampamento é uó. Ilha reclusa e isolada é uó. Fazer comida no acampamento é uó... passar o resto da vida sozinha, ouvindo o mesmo disco, com o sol na cara, areia na bacuinha, é tudo uó... Vai acabar com meu bom humor matinal rapidinho, rapidinho... Mas se eu fizer um cafezinho e sentar tomá-lo olhando a paisagem e ouvindo um disco do Pixies melhora pacas. É sinal de que tudo vai ficar bem, sinal de que tudo vai dar certo.

- Leva então um disco do Pixies?

- Não! É isso que eu estou explicando. Não quero ouvir Pixies para o resto da vida. Só enquanto eu estiver tomando um cafezinho na ilha, tá. Se houver este momento é sinal de que está tudo bem. Situação sob controle.

- Então se você tiver café e um disco do Pixies está tudo bem?

- É sinal de que estaremos salvos.

- Bom saber para a próxima TPM...

- Não, para TPM as indicações são outras – respiro fundo para começar a explicar e ele se antecipa:

- Ta. Ta bom, deixa para lá. Eu também não estou plenamente convicto de minha escolha ainda. Diga lá... você veio me falar o quê?

- Chamar para almoçar. Está tudo pronto. Bora? Pode escolher a trilha do almoço.

- Já escolhi a da sobremesa... para acompanhar o café, tá.

 


Foi um papo real. Mais ou menos assim. Anos atrás...
com uma das figuras mais especiais e queridas que conheço,
em algum dos momentos que compartilhamos,
recheados de reflexão e filosofias da vida comum.






... nessa casa se ouve Quincy Jones

Tenho um coração mais perdido que a Vanusa cantando o hino nacional...

(capítulo 2, talvez...)

 
A casa era um tanto bagunçada, ainda assim parecia vazia. Esparramavam-se alguns amontoados de certa desordem irreconhecível, mas o que se via naquela hora inebriante era apenas uma pequena linha amarelada entrando pela janela, desenhando um traço suave sobre o chão de azulejos mal pintados de branco. O rasgo de sol tímido beirava a grelha enferrujada do ralo. A solidão do lugar parecia fazer barulho... um gemido frio e intimidante.

Não era sala, não era corredor. O lugar inóspito mal tinha paredes, ainda assim parecia um labirinto. Portas e portas enfileiradas, portas que revelavam outras portas, portas emoldurando portas. Portas encostadas lado a lado; difícil imaginar que não fossem de um mesmo lugar...

Monocromático sujo. Sentimento marujo.
O coração respira fundo e começa...
- Tenho medo do que sinto.

- Sei, sei...

- Por isso mesmo desta vez resolvi investigar... Tenho medo desse caminho... desconhecido, sombrio, assustador. Por isso sempre evito adentrar em suas profundezas.

Mas não gosto disso. Parece que estou fugindo, parece que estou acuado. Não quero viver com medo, evitando-o e fingindo que não o vejo. Não dá mais para ir vivendo e simplesmente passar por 1 porta sem saber o que tem lá dentro, só porque ela me assusta.

Como ir vivendo e fugindo? E me escondendo? Como passar em frente à porta sempre bem quietinha, realmente apavorada, sem saber o que ali se guarda?

Acho sempre que algo pode sair abruptamente e me puxar de 1 vez para lá...

Ou então que se, despercebidamente, uma vez eu entrar, a porta irá bater e não consiga mais sair. Passo na ponta dos pés. Cubro o olho mágico para ninguém ver que estou ali. Fico muda, em um silêncio que cerca a alma, até chegar às portas e caminhos que eu conheço.

- Fingindo que a tal porta do desconhecido não existe?

- Exatamente. Só pelo medo do desconhecido. Mas não agüento... Não estou mais agüentando. Não dá mais para viver assim... Acuada. Assustada. Uma hora eu teria que abri-la, certo?

- Portas existem para serem abertas. Nada pode viver trancado para sempre. Você sabe o que tem dentro? Sabe quem o trancou ali?

- Não sei bem, não. Quando eu percebi que a porta existia, ela já estava ali fechada. E me assustando. Quando passo por ela sinto um bafo frio me assoprando, barulhos esquisitos e atemorizantes, arrepio-me até os pentelhos. Ouço gritos, socos nas mesas e paredes, discussões alteradas, mulheres em crise, homens frustrados, crianças indesejadas... Sinto uma nuvem de hipocrisia abafando o lugar, sinto sentimentos e desejos acorrentados. Parece que o lugar está lotado. Ao mesmo tempo parece que está em total solidão.

- Medo de entrar?

- Parece que é um lugar que se conhece, parece ser tão vivido que, de alguma forma, se torna familiar. Ainda assim é desconhecido, é traiçoeiro. Tem cheiro de armadilha, é forca disfarçada de gargantilha.

- Abriste a porta? Espiastes o que tem dentro?

- Abri, entrei, estou passeando aqui dentro. Sentindo cada pedacinho do que existe, experimentando cada sabor desconhecido, sentindo todos os cheiros, vendo e vivendo tudo o que eu posso e consigo.

- Sei, sei... Perdeu o medo então?

- Tento não parar para pensar no que me assusta. Quero apenas experimentar e vivenciar, saber do que se trata para poder viver e conviver com isso. Superar o medo, talvez...

- Que tanto medo, medo, medo... Mal te reconheço! Sempre tão corajoso, ousado, intrépido. Agora só fala de medo, medo, medo...

- Gato escaldaaaado...

- Mas e aí? Como se sente aí dentro?

- Perdendo os medos, desvendando segredos, inventando enredos... Sinto que não posso mais fugir, e também sinto que posso fazer algo diferente, pode ter leveza. Mas ainda não sei como.... Ainda assim acho que já é um passo dado. Estou tranqüila aqui dentro. Não há que se repetir os mesmos erros, meus ou dos outros. Há que se conhecer, atrás da porta e a si mesma.

- Hunnnn.... apaixonada?

- Da resposta ainda fujo...


(pausa)


(o coração continua...)





... nessa casa se ouve Nina Simone



Estava escrito aqui já faz algum tempo... data de 09 de 09.
O Capítulo 3 também já andou se apontando por aí...

E tinha uma obs. acompanhando... não vou nem reler nem censurar.
Verdade nua e crua...em determinado momento, sob determinado contexto.
Afinal... “penso, logo, mudo de idéia”


 
Ai, ai.... Por que será que isso tanto me incomoda? Por que será que me sinto tão aflita, tão angustiada? Às vezes parece que eu nunca mais vou conseguir me relacionar com alguém novamente. Ás vezes parece que sempre há algo errado a acontecer... Mas o que será que é errado? O que é certo e o que é errado nessas horas? Existe mesmo?

Sei que me sinto bem comigo mesma. Mas é uma relação esquisita... às vezes parece que estando bem comigo mesma não é possível estar bem com mais ninguém...

Às vezes parece que não há de existir alguém que queira estar comigo. Nem bem, nem mal, nem de jeito nenhum.... às vezes lamento, às vezes tormento, às vezes invento...

Mas sigo assim. Sigo em frente. Sinto-me tranqüila.

Também sei o que quero e o que não quero. Sei dos riscos que corremos, sei dos medos que tenho, mas sei também que sou corajosa! E sou verdadeira!

E tem 1 milhão de outras coisas que eu não sei...

Queria alguém que também fosse assim... Que chegasse e falasse “ó... não sei onde isso vai levar, não... não sei nem se leva a algum lugar. Mas topo correr esse risco com você”. Pronto.
Simples assim? Ou complexo assim?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Penny Lane agora tem uma tatuagem

Na verdade, três...

"Mais na verdade ainda", ela queria decalque de florzinhas coloridas... cobrindo o corpo todo. Mas como ela só me conta isso de madrugada, não dá para providenciar na hora, nunca lembro depois...

Então ficou com essas de fita isolante mesmo.




... nessa casa se ouve Lou Reed