domingo, 20 de março de 2011

F.A.Q.

Pois é, gente boa...
Às vezes acho que eu sou tímida, contida, estabanada tentando ser discreta...
Descobri que meus amigos e chegados são muito mais!
Não se manifestam, não se expõem, vêm visitar esta casinha e não deixam um comentzinho sequer para alegrar a magrela aqui!

Mas depois aparecem e me pegam no susto, falam sobre coisas que viram por aqui e ficam esperando respostas imediatas e sensatas...

Hummmm..... Vou então responder aqui mesmo.


Nova seção da casa: F.A.Q.

Seu blog é bem legal, mas por que falar tanto de você mesma?
Zé das Couves, São Paulo, SP

R.: Porque eu quero. Porque fiz um blog da minha vidinha, das minhas coisinhas.
Falo muito de mim talvez.... Mas creio que falo também da minha forma de ver e viver no mundo, minhas impressões, minhas relações com este, minhas opiniões.
Se eu quisesse faria um blog para falar de assuntos outros quaisquer; cinema, música, arte contemporanea, filosofia de boteco, sei lá.... Mas este aqui “é meu”. Meu universo íntimo e pessoal mesmo.
Não falo dos outros, mas também não coloco ningúem em situação delicada ou constrangedora além de mim mesma, ok? Não faço um blog sobre outros assuntos porque não quero... se eu quisesse poderia até fazer um “leões da fabulosa forever”, ou “não sabe brincar não desce p/ o play”, mas não estou a fim, não... E se eu quiser falar sobre qualquer assunto, sob meu ponto de vista, o faço aqui mesmo também.
Seu blog se chama “in loca” e isso fortalece sua imagem de louca! Já pensou em contratar um especialista em marketing pessoal e aprender a se colocar no e para o mundo com uma imagem pessoal melhor e mais respeitável?
Darth Vader, Tatooine

R.: Não, não pensei. Não, não quero, obrigada.
O blog se chama inloca porque é um “trocadalho do carilho”, é o feminino de in loco, no meu vocabulário farto e fértil, no latim arcaico com tendências feministas.
Não estou aqui para “construir uma imagem pessoal mais respeitável”. Estou, de forma espontânea e sincera, falando o que eu quero, do jeito que eu acho, soltando palavras pelo ar como se estivesse pensando em voz alta, de forma livre e descompromissada mesmo.
A vida nem sempre é séria, mas deve ser sincera. Sou assim mesmo e ponto.
Quer falar sério? Liga e marca uma reunião.
Mas você é brasileira!!! Não gosta mesmo de samba???
Muchacha, Pedro Juan Cabalero, PY

R.: Cara... gosto e não gosto, entende? Até gosto de samba, mas é um samba que não toca muito por aí, não... Cartola, Pixinguinha, Ary Barroso, gosto de chorinho, gosto de “sambinha paulista”. Acho que gosto de “samba old school”...
Essa coisa aí que te empurram goela abaixo não é “samba” não... É um saco! Acho terrível, não gosto, não... Irrita e dá no saco!
Até mesmo em “samba enredo” tem coisas que eu acho realmente muito boas! Mas são poucas, são raras, são bem antigas... Então, no geral, já que chamam tudo de samba, caí nessa generalização também... E acabou ficando o estigma “de não gosto de samba”. Podemos fechar assim: não é o que eu mais gosto, não desgosto de todo, mas, já que se generalizou, digo então que não gosto.
Já que você gosta tanto assim do seu mixer, por que você não o faz de vibrador, pega e enfia *&¨%¨%#@*&¨# ?
(Tá.... para manter a linha, não vou dar nome aos bois.... Mas veio de alguém da finesse que é minha família)

R.: Por um momento cheguei a pensar nisso, mas desisti dessa idéia... Achei violento demais.

Os nomes dos leitores foram alterados para garantir a privacidade e o anonimato dos remetentes.

...nessa casa se ouve Thelonious Monk

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval parte II * o desfile

Cumprindo a meta de, toda semana, “fazer algo que eu nunca tenha feito”, desta vez eu me superei!!! Bati recordes, extrapolei a cota. Missão cumprida ao extremo... Essa vale por 1 mês:

- Desfilei numa escola de samba!!!!
Sim, é isso mesmo que você ouviu.

- Desfilei numa escola de samba.
Convite meio de última hora, turma animada, experiência ainda inédita, resolvi ir...
Na verdade eu já havia dado o ar da minha graça pela passarela do samba. Mas a serviço, né. Então não vale.
Dessa vez fui à paisana. Fui de foliona.

Aquele esquema tipo “ala para gringo”, roupas de penas e penas e mais penas, vaccum forming na cabeça, sapatos ridículos, ombreiras de arame (com penas e penas e mais penas) daquelas que não deixam os braços levantarem e vão esbarrando e atropelando em tudo que há pelo caminho, cerveja escondidinha na concentração, enredo e nome de fantasia que deixaria qualquer roteirista de Lost boquiaberto de inveja com tanta criatividade e poder de abstração, essas coisas...
- Nossa, devia estar linda!
- É... Pode-se dizer que sim. Lindeza é algo tão relativo, né...
- Penas, plumas, vaccum forming na cabeça, sapatos ridículos, puro glamour embaixo de chuva á meia noite na Central do Brasil. Não estava linda, não, musa do verão?
- Pra maritaca eu estava linda, sim. Algo entre pavão-misterioso e arranjo-de-mesa-da-festa-anual-do-clube-dos-servidores-gays-de-qualquer-lugar. E agasalhada, porém molhada, muito molhada... E isso não é lá muito glamouroso, não... Mas como resolvi ser foliona uma vez na vida, vá lá... Lá fui eu. Meia noite na Central do Brasil, toda a chuva do mundo por duas horas ininterruptamente sobre minha cabecinha empenada, fantasia que parecia um pijaminha, com mil penas em cima, todo o suingue e a ginga da mulher brasileira, e “então tá então”.
Saí cedo de casa.

E como sou prevenida, gata escaldada, diria (e também não agüento mais não ter o que comer por aí, ou melhor, ter que contentar em comer amendoim por total falta de opção), levei um lanchinho vegano mínimo, numa sacolinha emergencial, para não passar perrengue...
Aquela voz-da-vó que assopra dentro da orelhinha, sabe como é?

– Leva um casaquinho.
- Guarda-chuva?
Pois bem, dessa vez ela falou algo assim:

- Em algum momento você vai ter fome. Vai ter que ficar horas no curralzinho na concentração. Aposto que só vai ter churrasquinho, calabresa na chapa, na melhor das hipóteses, em alguma barraquinha com melhor infra, só vai encontrar cachorro quente ou “caldinho de feijão com muito bacon”. Você não é boba, leva seu lanchinho!
Foi o que eu fiz.
Ok... Mas admito... Na minha fértil cabecinha, eu ainda tinha esperanças de um dia encontrar uma barraquinha no pé do balança-mas-não-cai, daquelas cobertas com lona azul, mas com uma confortável poltrona com banquinho para os pés e vista panorâmica para o terreirão do samba (???).

Neste pedaço do shangrilá da praça XI, haveria um risoto vegetariano, integral e quentinho, temperadinho com hortelã e um farto fio de bom azeite português, uma tortinha de palmito, saladinha bem lavada, cerveja guinness geladíssima...

Tudo tão simples, tão facinho de produzir, por que raios ficam lá fritando lingüiça e servindo itaipava quente?

Ai, ai... Melhor levar de casa mesmo.
Então lá fui eu, quatro sanduichinhos, umas azeitonas para “levantar a pressão” e acompanhar a cervejinha, 3 barras de granola, água pode deixar para comprar na hora que vem em embalagem lacrada com CNPJ do responsável.
Mas foi chuva na cabeça por duas horas de curralzinho de concentração e não consegui nem abrir a sacolinha. E não é que chegou a hora do desfile e lá estou eu com o maior contrabando de pãezinhos e azeitonas na mão! Ai, voz da vó...
Nessa hora a foliona faz o quê?
Faz igual à morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela.
Escondi tudo direitinho por dentro da calça, amarradinho na perna, e lá fui eu passarela do samba adentro... Cheia de glamour, de “catigoria”, jogando os cabelos ensopados para trás e os peitos encharcados para cima, com um farnelzinho cheio de azeitonas dentro da calça sambando por 1 hora!
- Nossa! Que discrição. Que elegância. Sagaz e perspicaz, hein.... A Harmonia nem percebeu?
- Querido-ô! A Harmonia nem percebeu que eu cantaria euforicamente qualquer samba que eu lembrasse na hora.
- Ué... Você não sabia o samba da escola?
- Veja bem... Eu já sabia o nome da escola e também sabia o nome da minha fantasia. Eu sabia o nome de quase todos dos amigos que estavam junto, e eu sabia até o meu nome! Ainda ia ter que saber cantar o samba???
- Lógico! É a evolução. É o tempero e a animação da Ala. É a obra prima dos compositores, o cerne do enredo.
- Samba enredo não tem disso, não, fofo! Em cinco minutos de concentração e você já consegue decorar o refrão. O resto da música aposto, mas aposto meeeeesmo, que é só conseguir ritmar “babaô, babaô, amooor, sou alegria e fantasia” e qualquer outra palavra que rime com estas, que você canta o samba da escola. De qualquer escola. De todas as escolas. Fechou?
- Fechou.
Fechadíssimo.

Foi exatamente isso!

E eu ainda cantei, cantei, e canteeeeei. Bati no peito na hora de cantar “amoooor”. Bracinhos para cima (ou quase... ou como deu... dentro da armadura de penas...) na hora do “é fantasia, é alegria”. Sambinha no pé na hora do “alô, calo-ôr, babaô, eu vô, eu tô, eu sô, animô, suingô, suingô”.
Impecável!
Simples assim. E fica a dica: “alô, calo-ôr, babaô, eu vô, eu tô, eu sô, animô, suingô, o ovo do vovô”  funciona para samba enredo, carnaval do Rio de Janeiro. Se for em Salvador é para rimar com “ê”, entendeu? Tipo... “badauê, lerê-lerê, olhaê, xerê, ximbalaê, quê o quê”
Não existem mais aquelas rimas consistentes e equilibradas de antigamente.... “pega ela aí pra passar batom cor de violeta na boca e na porta do céu” ou “tá ficando apertadinho, por favor, abre a rodinha, por favor”. Não existe.... É “alô, amoô-or, calo-ôr, babaô” e “badauê, auê, ximbalaê”. Sacou?

Enfim... Desfilei. Sobrevivi. Passo bem.
Cheguei bem em casa.
Bem molhada, bem despedaçada, mas bem.
A fantasia ficou pelo corredor do prédio... Já entrei em casa só vestindo um saquinho de pão com azeitonas... Banho quentinho, meinha de lã, chazinho de camomila.
Ufa!
Não acredita?
Olha aí, ó...

E para esclarecer desde já. Sim, sou eu mesma (pensou que fosse Angelina Jolie disfarçada, né...). Sim, eu me comportei direitinho. Repare... não estou com fones de ouvido, não levei um sonzinho escondidinho, não era rock. Era o tal do “babaô, babaô, amooor, sou alegria e fantasia” “babaô, babaô, amooor, sou alegria e fantasia”.
E sim, eu sobrevivi. Continuo rabugenta mas feliz e sorrindo.


... nessa casa se ouve REM

CARNAVAL * parte I

É que às vezes eu perco a paciência com o Carnaval.

Quer dizer, perco a paciência com muitas coisas, mas quando chega o Carnaval, todas as coisas são Carnaval, e então esse é o lado bom, pois acabo perdendo a paciência só com 1 coisa.

Não sei se é porque eu não entendo bem o que acontece... Não sei se é porque é tudo muito chato mesmo.

Acho as músicas maçantes, repetitivas, cansativas, não acho dançáveis.

Também acho as músicas racistas e preconceituosas, machistas, violentas... assusto-me em ver pessoas vibrando, rindo, cantando e dançando músicas e coisas tão bestas.

Ok, não vou generalizar... Não são todas as pessoas, não são todas as músicas. Mas diria que 90% me assustam... E muito!

E também tenho “restrições tarja preta” com samba.

E olha que sou muito boa sujeita... Talvez ruim da cabeça ou doente do pé. Mas muito boa sujeita.

Só que não gosto tanto de samba assim, não... Há restrições, há restrições.

E há também o fator overdose... É muito samba por aí, cara... Satura. Enjoa. Empapuça.

Por que é que não existe Roda de Rock?

Não é óbvio e fantástico? Alguém me explique, por favor... Por que é que não existe Roda de Rock?

Pô... Bateria à beça, um monte de gente empolgada reunida, por que é que não aparece um baixo, uma guitarra, e fazem Rodas de Rock?

Juro que eu não entendo...

Mas vou tentando me acostumar a viver nesse mundo.

E quando chega o Carnaval esse mundo parece mesmo muito doido.

Sempre imagino se um extraterrestre chegasse á Terra pela primeira vez, primeiro contato, primeira impressão, e viesse parar bem no Rio de Janeiro, no meio do Carnaval.

Carái.... Sentiu o drama?
E é como me sinto toda vez.

Não entendo nada... Acho tudo bizarrooooo!

De repente aparece uma turma de homens peludos e barrigudos usando fralda com uma chupeta no meio da fuça... As pessoas têm antenas chinesas horrorosas e que piscam. Você vai à padaria de manhã e dá de cara com a Minnie vomitando agarrada a um poste, um pirata e um smurf babando e dormindo na sarjeta, é surreal...

E todo mundo se lambe, se esfrega e se enrosca como se isso fosse natural e saudável. E todo mundo sai por aí gritando “ei você aí me dá um dinheiro aí”, “será que ele é, será que ele é”, “mas como a cor não pega, mulata”.

Ai... Juro que eu não entendo. Perco a paciência. Acho isso um saco.

Pô... Maior desperdício... Uma festa pagã era para ser muito mais nobre! Olha, creio que na minha época de celtas e druidas, as festas eram muito mais animadas, com rituais sob a lua, união dos povos, sem fome nem dor, com sexo de qualidade e suquinhos de maçã. Digo mais.... Acho que na minha época de Grécia antiga, Baco, as bacantes, os bacanais, as vinhas e os vinhos, eram todos muito mais sensatos e equilibrados que um bando de bobo suado com chupeta e antena falando “alalaô”.

Que aconteceu???

Foi a própria Igreja que contribui para essa total ruína da humanidade???

Ora... Veja você. O mundo é cheio de voltas, hein... E, tão insano quanto, da mesma forma ninguém mais associa a permissão e a permissividade dessa “festa de despedida carnal” ao período da quaresma, de, supostamente, introspecção, devoção, oração e jejuns... Aahhhh, feiticeiro... Veja só onde foi parar o feitiço.

Pois bem... Mas como na minha Igreja não há chantagens nem concessões, não há condicionamentos nem condições, e como, na minha Igreja, eu sou devota da Nossa Sra. do Bom Senso, da Nossa Sra. do Amor Próprio, do Nosso Sr. Ser Supremo e do real amor entre todos seus filhos, faço meu Carnaval do meu jeito, muito obrigada. Faço meus períodos de devoção do meu jeito, muito obrigada. Faço minhas festinhas, pagãs, sãs ou insanas do meu jeito, muito obrigada.

Pois é, turma do funil... Depois eu é que bebo e vocês que “fica tonto”...

Bom.. Tenho tentado “me disfarçar” ou parecer um ser humano convencional, e também tenho tentado ser um pouco mais sociável e me sentir mais pertencente a este planeta, por isso resolvi que vou sair às ruas fantasiada também. Nem que seja um lencinho na cabeça e um bigodinho de portuguesa... Um chapeuzinho vermelho ou um narizinho de palhaço. Quem sabe assim eu não me sinto “normal” quando for à feira ou á padaria...

Aahhhh... E para constar, Sr. Extraterrestre: quer entender tudo?

Vi essa esses dias, achei fantástico.

Samba enredo com coerência, consistência, com visão lúcida, clara e compreensível dos fatos.
GRÊMIO RECREATIVO DA CASA DO CARALHO

Puta que pariu
Começou o carnaval no Brasil
Vai tomar no cu
É barulheira de norte a sul
Segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=CxDLPl5fNaM


Aahhhh... E para constar de novo, Sr. Extraterrestre: quer entender mais ainda?

Aqui nesse mundo doido, Carnaval é uma bandalha, mas também tem as suas regras... Uma delas é que, nesse momento de extravasar e liberar suas reais vontades, os homens se vestem de mulher e as mulheres se vestem “de nada”. Pode reparar....

É esquisito, mas é isso mesmo...

E outra... E sabe-se lá de onde veio essa insanidade, esse auge da bandalha-mór, é o hábito das mulheres usarem coleiras com o nome de seus donos...

Afff...

Mas já que aderi às fantasias, aderi a este também...


Para deixar bem claro quem é que manda aqui.
Para deixar claro e explícito, principalmente para as pessoas que eu mais amo,
que o nariz (de palhaço ou não) é meu!
E que, por mais que alguém pertença e participe da minha vida,
a dona da coleira sou eu, ok?


... nessa casa se ouve Pink Floyd