domingo, 22 de novembro de 2009

Tudo ao mesmo tempo agora

Um tempão sem botar nada no blógue, um monte de coisas já escritas espalhadas por aí...



Resolvi publicar de uma vez só! (e ainda guardei mais um tanto por aqui...).



E por hoje é só!




beijo, DR

3D

Essa semana vi imagens 3D.

Enjoei e fiquei tonta...

Aaaahhh.... Estava tudo tão lindo! E eu virei do avesso....





...nessa casa (ainda) se ouve Deep Purple

de olho...


Não parecem olhinhos a me vigiar?





... nessa casa se ouve Deep Purple

A difícil arte de descongelar a geladeira


O barulho vinha incomodando há tempos... Era mesmo hora de descongelar a geladeira.

Ai, ai...

Sempre falei comprar geladeira que descongela sozinha. Não deu. Não coube, nem no bolso nem na casa. Já dizia Buda “não tem tu, vai tu mesmo”. E cá estou com uma geladeira que vira o próprio kilimanjaro, tendo que descongelá-la de tempos em tempos.

Uso água fervendo, secador de cabelo e a faquinha...

Técnicas primorosas de mulher impaciente, e funcionam!

Só uma vez esqueci a faquinha lá dentro... Virou quase um fóssil, mas foi uma agradável surpresa quando a encontrei.

Prático, rápido e eficiente. Vai jogando água quente com cuidado, a faquinha ajuda a alavancar as pedras de gelo e a quebrá-las. Cuidado com a tal da mangueirinha do gás... Caem pedaços de gelo gigantes, outros derretem rapidinho.

Alguns problemas no meio do caminho...

Pura questão científica... As pedras se acumulam na gaveta, mais a água fervente que você jogou, e enchem logo a gaveta, em dois estados físicos da água...

A gaveta precisa ser prontamente esvaziada, ou seja, despejar tudo na pia...

Pura questão prática... Aí você se dá conta que a gaveta não abre!!!! Pomba! Tem uma porcaria de uma mega power pedra de gelo colada lá no fundo interrompendo a livre abertura da gaveta...

- Aahhhh, pequena esquimó... tudo na vida é planejamento!!! Devia ter degelado primeiro as geleiras do norte....

- Caceta, agora fudeu...

- Que que eu preciso agora? Faquinha? Chaleira? Secador?

- Paciência, Dani... precisa de paciência...

Eis o precioso trabalho de perícia. Dá a impressão que só os mais astutos equilibristas conseguem fazer. É a maratona de atravessar a cozinha com a gaveta cheia na mão até chegar na pia... ainda bem que a cozinha é pequenininha e a pia fica pertinho, ainda assim é um dos momentos mais tensos do dia.

A cena se repete algumas vezes, o grau de dificuldade vai diminuindo, a paciência também. Mas tudo bem! Faz parte do processo organizacional da boa cozinha, faz parte da manutenção desta casa, e assim vamos... de tempos em tempos desbravando estas árduas e alvas geleiras e promovendo a grande expedição ao congelador , instaurando o ápice do momento de superaquecimento global em prol de mais espaço para uma cervejinha.







Rio, 30 de agosto de 09.



... nessa casa se ouve Max Romeo

"musiquinhas" ou "o mundo é nonsense"

Estava sentada no banquinho, pintando umas coisas que precisavam de novas cores nessa vida, me pego pensando e perguntando por coisas esdrúxulas....



Coisas que parecem realmente sem nexo, inimagináveis, ou o que realmente é nonsense...


Coisas do tipo “por que colocam musiquinhas em powerpoints? Para que essas merdas de musiquinhas? Quem é o fdp que bota essas musiquinhas?”.


Às vezes chegam uns e-mails por aí que, num primeiro momento, até parecem interessantes... Por vezes vem com algum comentário do amigo que enviou...


“Interessantíssimo”. “Sensacional”. “As fotos são mesmo incríveis”. “Veja isso” e coisas do tipo.


A gente até fica curiosa, né... Por vezes se deixa convencer.


Pronto. Deixou-se seduzir e lascou-se... é só abrir a porcaria do arquivo anexo e é imediato... a musiquinha xexelenta toma conta da sala, toca por cima de qualquer outra coisa que você esteja ouvindo, irrompe o ambiente com aquele sonzinho do órgão da igreja arrepiando até pelinho do pescoço.


Acabou o bom humor. Acabou a paciência. Por pouco não acaba o dia ali mesmo...


Seu mundo passa a ser achar onde desliga esta merda!!!


Já não quero nem saber se as fotos são mesmo incríveis, se o conteúdo era mesmo excepcional, se eu realmente não podia deixar de ver aquilo até o final. Chego a derrubar os copos sobre a mesa caçando botõezinhos...


- Abaixa o volume. Abaixa o volume. Abaixa o volume.


- Desliga a caixinha de som. Desliga a caixinha de som. Desliga a caixinha de som.


- Esc. Esc. Esc.


Quando algo funciona, certa sensação de alívio, mas parece que o mundo ainda vai demorar a voltar ao normal.


Mesma coisa com site que canta.... Você está interessado em ver aquela página, conhecer o conteúdo, digitou o endereço na barra de ferramentas e pow! Aquela merda começa a cantar.


- Aiiiii. Socorro!!!!


Pronto. Perdeu a chance de mostrar ao mundo a que veio.... Clica. Fecha. Sai dali. Nem para anotar um endereço, nem para saber o nome do responsável. Começou com musiquinha, acabou com a minha paciência. Não rola. Meeeesmo.


Sim, sim. Sei que tem em algum lugar da página o iconezinho “calar a boca do alto falante”, mas até acha-lo, a paciência já era...


Sim, sim, sei que muitas vezes até eu estou ali para ouvir alguma coisa, mas quero ter opção e poder de decisão, e até lá, paciência já era...


Sim, sim. Acho mesmo que a vida precisa de uma trilha sonora, mas site que canta e musiquinha de powerpoint são o inferno... Passa longe de alegre trilha para o seu dia. Passa perto das penitências que se cumpre na frente de um computador.


 

Rio, 18 de agosto de 09.




... nessa casa se ouve Jane´s Addiction


domingo, 9 de agosto de 09

Com quantos cacos se faz uma vida?



Ontem quebrei azulejos para depois recompô-los na parede.


Fiz como quando corto o cabelo... a cada tesourada penso em tudo que quero cortar da minha vida; para depois pensar em tudo que quero que cresça, forte e vivo como os cabelos de Sansão.


Com os azulejos a mesma coisa... a cada marretada, tudo que quero quebrar na minha vida. A cada recomposição, tudo o que quero pra ela criar.


E as pecinhas vão se encaixando, se montando, se ajeitando, se completando, como cada pedacinho de mim mesma.


Fiz um mosaico pobrinho... feliz nas suas limitações...


Eram azulejos “sobra da obra”, cores xoxas, peças velhas e sujas, mas cheias de história...


Não era para ser nem bonito, nem feio. Só para ser o que é.


Não era para ter um desenho representando nada. Só para formar o que dali saísse....


Faz pensar tanta coisa...


Horas a fio, colando, montando, descobrindo, encaixando.


A vida é feita de caquinhos.


Um dos grandes desafios é saber pegar (o que parece ser...) o entulho e transformar em algo novo.



Às vezes acho que faço isso o tempo todo e com tudo... coisas que não têm serventia, coisas que ninguém mais quer, coisas que “são lixo” aos olhos de alguém, e as transformo em coisas novas, crio coisas novas a partir destas.


Digo que estou lhes “dando dignidade” e então elas passam a ser coisas lindas e exclusivas, aceitas pelo mundo que as rodeia.


Com tudo... é impressionante...


Aí tento buscar paralelos comigo mesma...

Tudo tem um uso possível, uma serventia, pode se tornar algo interessante.


Tentar juntar os cacos de mim mesma e me transformar em alguém que possa ser aceita...


Pegar essa tralha toda amontoada, chamada DR, aparentemente sem muito valor, e transforma-la em algo que as pessoas gostem.


Vejo valor, oportunidade e possibilidade em tudo quanto é tralha. Acho mesmo que é possível de se transformar em algo novo e interessante; como é que mim mesma não consigo achar???


Parece que finalmente deu algum ‘start’ nesse ponto...


Algo de bom eu devo ter... não é possível... não vou ser o entulho amontoado no canto para o resto da vida; em algum momento alguém mais há de reconhecer e agregar valor a essa que vos fala...


Talvez uma conjunção de fatores estejam colaborando para isso nesse momento. Estou mais tranqüila e feliz comigo mesma.










... nessa casa se ouve Célia Cruz

“Teu BLOGUE está proibido para mim” (...)

Em 24 de julho de 2009, pontualmente às 15:13, recebo uma mensagem... “Dani, minha querida. Hoje tento acessar o teu blogue pelo trabalho que eis que descubro que ele foi "proibido" devido a certas palavras em determinadas quantidades”...

E veja a tela que aparece!!!


Caracoles!!!!! Nem eu sabia que eu tinha escrito tantas obscenidades.... Quantidade abusiva de palavras de baixo calão.... Baixaria pura...


Que vergonha... Ou melhor, que falta de vergonha...

Senti-me péssima... Senti vergonha... Senti-me embaraçada e desonrada...

Senti-me à deriva em um mar de hipocrisias e visões limitadas e reducionistas de mundo...


Ninguém leu o que escrevi, ninguém quis saber quem eu era, ninguém se preocupou com o contexto relacionado do uso da palavra... Merda de censura de merda!


- Ora, Dani... Isto é uma “censura-padrão”, algum tipo de programa de computador que faz sua seleção através de “palavras-chave”, sem saber relacioná-las a nada nem a ninguém. Algum tipo de busca ou rastreador que “pinça” palavras obscenas, libertinas e imorais como as de seus textos.

- Não. O filho-da-puta do tal programa não é assim inocente, não... Ele fez distorções! Fez associações indevidas de palavras de um lado com outras de outro... Juntou “comer” com “bunda”, “cu” com “lotado”, “calcinha” com “molhada”... Eu nem sabia que eu tinha escrito “calcinha”... Onde já se viu tamanha afronta! Era só o que me faltava... E desde quando “hospital” é uma palavra imprópria?

- Dani, você reclama de mais, por menos... Isso acontece, é comum, rotineiro e é uma tendência nesse nosso mundo contemporâneo, informatizado e tecnológico. Máquinas trabalhando...

- Hein? Então alguém sentado em frente ao seu computador (maior de idade e vacinado, diga-se de passagem, - o sujeito, não o computador...) de repente tem seu acesso bloqueado àquilo que ele quer ver por conta de um “procedimento-padrão moderno e atualizado” como essa censura limitada, restrita e balizada?


Como assim? Isso é tendência e prática a ser adotada?

Sem um pingo de visão correlacionada dos fatos, sem contextualizações e um panorama mais abrangente do todo e do um, sem nem uma brecha ao pensamento sistêmico, sem visão holística dos fatos? Que merda de tendência de futuro é esta?


- Olha... pergunte menos e faça mais. Ou melhor, faça menos... Porque você escrevendo já está sendo censurada, já estão de olho em suas imoralidades por aí...


- Heinnnn de novo! Imoral é como se trata a Educação neste país, é nosso o sistema tributário, é o aparelho carniceiro de gestão de políticas públicas, é a “astúcia legal” que rege os direitos e deveres de nossos políticos, é a forma esdrúxula como se lida com a vida e a moral nesta pátria fingida, frígida e frívola.

- Dani, cala a boca! Quer ser presa pelo Agente Smith ou pela Central-de-Palavras-de-Baixo-Calão do Google?

- Já nem digo “o que minha mãe vai pensar de mim?” porque ela fala mais palavrão do que eu, graças a Deus... Mas vamos manter a ordem nessa casa... O que meus sobrinhos vão pensar de mim? Há que se manter a linha... Há que se zelar pela honra e o nome de um ser humano a se criar. Há que se endurecer mas sem perder a ternura jamais...


Que merda é essa?

Censurada? Imprópria? Euzinha?

E é mesmo melhor o papo se encurtar por aqui... tanta coisa a se questionar por aí... Tanta coisa a se censurar, restringir e recriminar por aí... tanta vergonha e falta de vergonha, e os caras vão repreender justo meu bloguinho???


Ergo a cabeça, estufo o peito para dizer:


Vai ‘pro caralho!!!!

Caralho, aliás, que deixará em breve a categoria dos substantivos comuns e entrará também á qualidade de adjetivo, grau superlativo absoluto analítico, oficializado em dicionário e aí quero ver quem é que vai me admoestar!


 



... nessa casa se ouve The Moon Invaders

no banheiro...

Tem morado no banheiro, bem ao lado do espelho, o encarte do CD da trilha do Trainspotting # 2.

O filme é muito bom, a trilha é muito boa, mas o encarte... tem morado no banheiro!!! Do ladinho do espelho!!!!

Fica de costas, com o verso voltado para frente, onde traz lá um trechinho da primeira fala, primeira cena:

“Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television. Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers. (...) Choose DIY and wondering who you are on a Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing sprit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pishing you last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you have spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life...

But why do I want to do a thing like that?”

O texto do encarte acaba por aí...


Mas lembro bem da seqüência que ainda segue...

“I choose not to choose life. I choose something else. And the reasons? There are no reasons...”

E o personagem explica lá porque não precisa de motivos.

Do texto limado do encarte também lembro um tantinho mais... “good health, low cholesterol and dental insurance, a starter home, your friends” e por aí vai...

Bom pacas!


Deixo ali porque gosto de lê-lo e vê-lo todos os dias. Penso nas escolhas da vida, na vida de escolhas. Poder de decisão, ponderação, opção. Para cada decisão e opção há sempre uma renúncia.

E a vida que se segue sem a gente nunca ter plena certeza de ter feito escolhas certas para ela, mas com a clareza de se fazer o melhor que se pode ser feito em cada momento e contexto.


Aahhh... vida!

Na parede oposta do banheiro tem lá um adesivo: “escolha”...


Afirmação? Ordem? Pergunta?





Rio, 22 de junho de 09.


 
... nessa casa se ouve U2

Cotidianices... em 02 de maio de 09

Simples relatos sobre o quê e como tem acontecido por aqui...


Esse fim de semana peguei uns filminhos para ver!


Na verdade, fui atrás de O Hospedeiro (li uma boa indicação a respeito em um blógue e fiquei curiosa...).Não tinha...


Então trouxe para casa: Tudo sobre minha mãe, Quem somos nós, O Ilusionista, Seis signos da luz, Crônicas de Nárnia – príncipe Cáspian, Efeito dominó, O escafandro e a borboleta e A sombra do vampiro. Sendo que este último, eu não devolvo nunca mais... Comprei. Acho lindo. É em tons de sépia, tira bom partido da luz e é todo bom. Hoje ainda é sábado, já devolvi metade e só tem 1 sem assistir ainda...


Mulher compulsiva é assim... Já que é legal vou fazer enquanto der.


É que tem sido muito legal assistir filminhos por aqui. Redescobri os prazeres do programa desde que troquei de monitor e de dvd player pifado.


Ainda estou sem TV, mas não estou sofrendo de crise de abstinência. Assisto no computador, e antes era um saco assistir da cadeira... agora viro tudo para o outro lado da mesa, jogo os almofadões no chão limpinho, boto uma mesinha auxiliar e u-huuuu!!!!! Só alegria!

É a terceira série dessa nova fase... Dessa vez me superei mesmo. A média tinha sido de 5 filmes por fimdê. Mas , digamos que peguei gosto...


Achei por aqui no meio dos “rascunhos”... Agora já tem TV nessa casa, e faz tempo que não pego um filminho... Mas estou adorando assistir TV com uma costurinha na mão! Xingo apresentadores, felicito outros, mando calar a boca, mudo de canal, brigo com o juiz, dou 2 pontos, 1 laço, 1 nozinho e vou dormir.





... nessa casa se ouve Cartola...

sábado, 10 de outubro de 2009

Eu não tenho nada pra dizer por isso eu digo

Por aqui tudo certo, tudo indo....
Escrevi muito nesses dias.
Li mais do que devia...
Escrevi o que acho que é o 'segundo capítulo do conto', mas não vou publicá-lo aqui ainda não...
Tirei xerox da minha alma. Mandei encadernar.
Senti muito.
Desenhei um pouco.

IMAGENS DA SEMANA

Acho que sou eu.
Costurando cicatrizes...

O oratório do Hermida (porque acho que ele precisa rezar mais...há, há, há).



...nessa casa se ouve Asian Dub Foundation

domingo, 27 de setembro de 2009

Tenho um coração que parece a bateria do Jonh Bonham

Tenho um coração que parece a bateria do Jonh Bonham. Pulsa, pula e bate ininterruptamente... na verdade ele não bate. Está apanhando. Parece que sacode a cada porrada que leva. E estas não param...
Surra em cachorro morto.
Sinto-o retraindo e inflando, retraindo e inflando. 200 vezes por segundo. Consigo vê-lo sob a carne. Consigo senti-lo no corpo todo.
Pulsa, pulsa, pulsa.
E dói.
Por dentro. Coração, cabeça, alma.
A bateria virtuosa que não para.
O coração pulando que não fala.

O exame parece mostrar todos os altos e baixos de 1 vida.
Oscila, levanta, cai, recupera, pega fôlego, recai.
Corre, escorre, flui e rui.
Movimento ondulante, vibratório, pulsante.
Coração errante.
Alado ou errado?

O médico acusa:

- Coração, você é muito ansioso. Ansiedade é seu problema...

- Eu sei, mas fico angustiado querendo resolver tudo agora...

- Você ama demais.

- O desequilíbrio não é esse. O problema não é amar demais. Isso é natural. É normal. O desequilíbrio está em ser amado de menos. Aí descompassa...

- O amor não é compensatório. Não se ama esperando nada em troca.

- É isso. Eu sei. É exatamente isso.
Amo por amar. E isso me faz bem. Mas acho que senti falta de ser querido também. Nunca senti esse inverso. Não peço nada em troca. Não amo esperando retorno. Mas senti falta deste... não para continuar amando, mas talvez para poder bater e vibrar equilibradamente.

- Coração... você leva uma vida promíscua... bebe, fuma... stress demais, cafeína demais, ansiedade demais. Grupo de risco total.

- Amo demais. Sou amado de menos.

(pausa)

(o coração continua...)


- Às vezes dói... me stresso demais e não tenho onde encontrar alento. Acumulo ansiedades, faço um café, acendo um cigarro. Vou oscilando entre a ação prática da vida vivida a cada dia e os mais fortes sentimentos sacolejando engasgados e enrustidos em uma carapuça da força simbólica e ilusória que eu mesmo criei para me esconder ou tentar me proteger.

- Coração, coração... pega leve... com você mesmo, se não você não agüenta.

- Queria saber como é me encostar em outro coração e batermos juntinhos... sintonizando as vibrações, intercalando altos e baixos, pulsando juntos. Revezar os batimentos, vivermos um leve movimento de vai-e-vem, profundo, penetrante, confortável e receptivo.

(pausa)

(e o coração ainda continua...)

- Queria sentir outro coraçãozinho batendo juntinho... Tão próximos, tão encostados, tão íntimos, que nos confundiríamos e fundiríamos entre nós mesmos. Sintonizaríamos os batimentos, o inflar e o retrair, o respirar, inspirar e expirar; o entrar, o preencher e o esvaziar, o tocar e o ser. Quando um se esvazia, ou outro se enche. Quando um recua, o outro avança. Quando uma respiração termina, a outra começa. Queria vibrar junto, recostado no outro e quando estivéssemos juntos, sincronizados, numa mesma pulsação, aceleraríamos o ritmo, aumentaríamos a velocidade, pulsaríamos mais fortes e mais rápidos, tocando e sentindo o outro, a si mesmos, aos 2 juntos. Sentindo a pele vibrar como ondas, como cordas, tocando-se e encontrando-se, até estarmos arrepiados, e leves. Até esquentarmos juntos, e o suor começar a escorrer, e os líquidos se misturarem, se confundirem, se fundirem.

- Coração, você não presta.
Quer algo que não é seu, que não lhe pertence, que não lhe cabe. Desde quando alguém vai querer se envolver com você? De onde tirou isso agora? Vive em ilusão... sonha com o inexistente, o improvável, o impossível. Caia na real, coração... Sai desse corpo que não te pertence!

- Ai, ai... eu acredito que haja um amor dentro de cada coração, mas que é difícil reconhecer a existência deste. Sou um coraçãozinho que se partiu, e esta brecha deve deixá-lo aberto, para deixar o amor sair. E talvez entrar...

- Já está olhando para fora novamente... algo para entrar é algo que existe fora de você. Que não é seu...

- Há uma transformação quando isso acontece... há uma transformação profunda e marcante. Há vida, força e poder que nascem quando há troca e compartilhamento. Se a caça e o caçador se tornam amigos eles passam a ser únicos, especiais, e a caçar coisas incríveis juntos. Há que se reconhecer a força pessoal de cada um nesse desconhecido mundo submerso dos sentimentos, e por para fora o que se tira de bom para dar ao outro.

- Você é um coração remendado, cheio de pontos e cicatrizes... como é que vai se abrir?

- Eu me rasguei... puxei os pontos e as pontas e rasguei com uma tira de tecido... Mas então vazou... Saiu muita coisa misturada, de uma vez só... explodindo, desentalando. Vomitei sentimentos e angústias, lamentos e acontecimentos.

- Você é uma besta! Ansiosinho, ansiosinho...

- Sinto um amor que é puro e pleno, sincero, honesto e nobre. Amor verdadeiro. Mas não fui nobre... não reconheci em mim minhas fraquezas no meio do processo. Cutuquei o outro com minhas queixas de uma situação em que eu mesmo me permiti estar.

- Mas você nem conhece o outro... ficou louca?
O outro vive escondido em uma armadura, sob uma carapuça. Sequer viu a sua cara, sequer sabe o que ele sente... Você é um fraco!

- Isso eu não sou, não. Sou bravo, forte e corajoso! Tive coragem para me conhecer, e reconhecer em mim o que estava acontecendo. Isso é bravura, coragem! Mas dói, estou sabendo... vou ter que remendar e costurar tudo de novo. Mas sou forte, sim. Fraco e covarde é ele. Não se permite ouvir a si mesmo, não se permite arriscar, não se permite conhecer um lugar que nunca tenha ido. Acha que tem tudo organizado e em seu devido lugar. E nem me disse se eu tinha vaga em um desses espaços. Quanto mais ele achar que tem uma vida controlada e sob controle, cada vez menos haverá vida a se controlar.

- Você é que está descontrolado...


Acho que é um conto... acho que é só o capítulo 1.
Acho que deve estar meio repetitivo, talvez um tanto inconsistente (verdade nua e crua, e dessa vez, sem direito á revisão...). Acho que tenho muito a aprender, principalmente em controlar minhas angústias (e palpitações...)... Acho que às vezes gostaria de aprender com alguém... Mas ‘alguém’ não liga (e não me liga). Acho que dá liga, e que sou sua amiga, mas ‘alguém’ levou para o tom de briga...

Também acho que sim! Deus mora na ordem randômica das músicas... o aleatório não existe simplesmente. Há mesmo, em algum lugar, uma seqüência da discotecagem divina. Mandando sons e sinais, meios e mensagens que falam diretamente conosco em determinados momentos.
Acaso? Coincidências? Sincronicidades? Delírio auto-referente, psicose? Será que estou ficando louca? Que nem corno quando ouve música sertaneja e acha que a mesma foi feita para ele?



... (pois) nessa casa se ouve Paralamas do Sucesso/ Será que vai chover?


Nessa casa esparramam-se textos, anotações e rabiscos por aí...



Nessa casa esparrama-se o eletrocardiograma rabiscado e ilustrado...



Guardando sentimentos e movimentos, reconhecidos como parte de um processo cíclico que devemos sim nos expor para podermos amar cada vez mais.




... nessa casa (já) se ouve Pixar Greatest

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Imagens da semana

Imagens da semana, com pequenos fragmentos da casinha e da vidinha...

Desenhei um tanto esses dias, mas diria que são “desenhos impublicáveis”...

Tem aí uns desenhos de cá, que cá ficam pendurados na parede. E também paredes que não têm desenhos, e coisinhas da casinha...









... nessa casa (ainda) se ouve Gotan Project

caquinhos

Fiz um quebra-quebra e um reconstroi-reconstroi por aqui... Seguem as fotos.

Então saí para almoçar e escrevi, escrevi, escrevi sobre “os cacos da vida”... mas só boto aqui mesmo outra hora.

beijim, DR





... nessa casa se ouve Gotan Project

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Quem sou eu? Quem sou eu...

Vivo a vida como se cada dia fosse único.
Acho que os são, e sigo vivendo um a um...
Sou uma pessoa complexa.
Já fui complexada.
Sou uma pessoa tensa, que tenta ser apenas intensa.
Ando cada vez mais exigente, rabugenta ou criteriosa.
Acho que estou envelhecendo.
Sou uma pessoa que ama. As coisas, a vida e as pessoas.
E uma pessoa simples, de hábitos simples, mas de gostos apurados.
Gosto de pão francês com azeitona preta. Gosto de azeitona verde, mas não com pão francês.
Gosto do café bem amargo. Gosto do cheiro do café. Gosto do cheiro do incenso da caixinha vermelha com as varetas amarelas, e que eu nunca lembro o nome.
Quando fiz 30 anos resolvi comprar um anti-rugas. Faz 2 anos que eu não uso.
Recentemente me olhei no espelho e pela primeira vez não achei que eu sou feia! (achei que apenas está faltando photoshop...).
Não sou uma pessoa bonita, mas sou uma pessoa interessante.
Sou meio “esquentadinha”... Não sou uma pessoa “de pavio curto”. Eu simplesmente nasci sem pavio.
E ainda assim sou muito zen e tranqüila (até que queiram descobrir se o pavio é mesmo curto...).
8 ou 8.000.
Um poço de contradições.
Sou capaz de ficar quieta, sem emitir um som ou palavra por horas a fio.
Outras horas falo por todos os poros.
Gosto de doces, gosto de doces bem doces, à vezes bem doces, moles e geladinhos.
Mas não como açúcar.
Não gosto de balas mastigáveis, pois sempre acho que vai arrancar alguma obturação... Gosto de balas duras, para mastigar. E, se for o caso, quebrar o dente junto com a bala.
Quando fico sem falar fico rouca.
Quando estou sozinha canto compulsivamente.
Quando estou sozinha, eu danço.
Quando saio para dançar, prefiro ficar sentada.
Tenho preguiça de ir dormir. Mas depois que durmo tenho preguiça de acordar.
Acordar, levantar e funcionar não são processos que acontecem simultaneamente comigo.
Gosto de dormir de meias. E também de dormir pelada.
Gosto de dormir com edredom porque é fofinho.
Acho fofinho uma palavra ridícula, mas nunca consegui achar outra qualidade para o edredom.
Falo a verdade ou não falo nada.
Falo a verdade, muitas vezes sem medir as palavras.
Algumas coisas eu acho que sei.
Milhares de outras eu tenho certeza de que não sei...
Às vezes entendo algumas coisas.
Eterna busca em aprender, entender, tentar compreender.
Tem coisas que eu não consigo entender de jeito nenhum!
Faço relações entre as coisas.
Invento coisas.
Crio, recrio, reinvento.
Faço intervenções sobre e em tudo.
Filosofo demais. Ás vezes faço de menos.
Às vezes sinto que reclamo demais.
Às vezes sinto que falo de menos.
Sinto demais.
Passional.
Eternamente apaixonada. Por algo, por alguém ou por nada.
Não gosto de lâmpada fluorescente. Gosto das lâmpadas de filamento.
Não gosto que me interpretem mal.
Não gosto que duvidem de mim.
Não gosto de bife de fígado. Não gosto nem do cheiro de bife de fígado. Acho que eu nunca comi bife de fígado.
Não gosto de cama mole. Nem de travesseiro alto.
Gosto de historias em quadrinho.
Não gosto de horóscopos. Mas às vezes leio... Se disser algo bom e positivo, acho que acredito.
Faço histórias com letras de músicas. Imagino imagens para músicas. Imagino histórias para músicas. Faço “trilhas sonoras ao contrário”. Acho que faço “trilhas visuais”...
Vivo sem TV, mas não vivo sem um radinho...
Toco mal pra cacete. Acho que por isso ouço (e valorizo...) tanto.
Acredito em Deus.
Não acredito nas Religiões.
Rezo.
E agradeço.
Rezo para santos que eu mesma invento.
Gosto de chocolate. Gosto muuuito de chocolate.
Adooooro sapatos. Mas a primeira coisa que faço em casa é ficar descalça.
Uso sapatos velhos. E também tenho sapatos que nunca usei.
Penduro coisas pela casa.
Penduro coisas por aí.
Escrevo bilhetes para mim mesma.
Às vezes mando cartas para mim mesma. Ás vezes mando e-mails para mim mesma. As cartas têm conteúdo, os e-mails só recados.
Tenho senso de humor. Tenho bom humor.
Tenho senso crítico em constante desenvolvimento. Gostaria que assim o fosse para sempre.
Não acredito em “para sempre”.
Não consigo falar ao telefone e andar ao mesmo tempo... às vezes até consigo, mas não entendo nada do que estou ouvindo nem do que estou andando.
Gosto de rabiscar enquanto falo ao telefone.
Gosto mais de falar ao vivo.
Gosto de falar aos vivos. Mas às vezes converso com os mortos.
Tenhos pingos de tinta em todas minhas as roupas...
Tenho roupas amassadas. Amasso-as propositalmente.
Não gosto de passar roupa.
Não gosto de passar batido.
Não gosto de passar mal.
Tomo whisky sem gelo. Tomo sucos sem açúcar. Tomo sopa quase todo dia.
Não tomo remédios. Às vezes nem mesmo quando precisa.
Gosto de costurar.
E também gosto de cortar.
Queria desenhar mais.
Queria escrever mais.
Viajar mais. Ganhar mais. Amar mais.
Lamentar menos. Sofrer menos. Querer menos.
Quero mesmo é dizer o que sinto.
Quero mesmo é fazer o que penso.


Achei este texto rascunhado e guardado por aqui. Data de abril de 09. Dei uns arremates nele entre ontem e hoje. Li e reli em voz alta. Fiquei convencida de que essa sou eu mesma... (pelo menos hoje, ou até que eu mude de idéia...).
Acho que era um desses textos “para preencher o meu perfil”... Mas devo ter excedido aos “números permitidos de caracteres” (...)
Para constar... Não gosto da vida dentre limites...de números permitidos e proibidos, de perfis e simulações dissimuladas. Gosto da vida vivida e vívida!
Também acho que não caibo em 2 ou 3 páginas de letrinhas. E que vou passar o resto da vida buscando, criando e escrevendo a mim mesma.



... nessa casa se ouve Living Color ....

domingo, 10 de maio de 2009

Cotidianices...

Encontrei por aqui alguns textos já escritos, passíveis e possíveis de viram para o blógue... Dei uma lida e decidi não botar nenhum destes...
Lembrei de uma frase que ouvi em um filme esses dias, que dizia algo mais ou menos assim “um texto só ganha vida quando é lido” (...).
Bom... eu, pelo menos, os li. Será que vale?

Um texto recente do amigo esquisito fez pensar hoje novamente na pauta “para é mesmo que serve um blógue?”.

Por aqui, fora as cotidianices, os desabafos, os relatos simples do dia a dia simples, um ou outro poeminha vez ou outra, acho que serve também para os ‘de longe’ poderem estar pertinho da gente de alguma forma.

Um diário (ou semanário, ou mesário, ou esporadicário...) público. A gente desabafa e quem quiser lê. Vem quem quer, lê quem quer. Não é maneiro isso?
Não me importo se minha vida é interessante para alguém. É para mim, e isto já é (muito) bom.

Sem pretensões... meu blógue não é temático, não é dramático, não é jornalístico, não é corporativo. Não é "mudérno", não é formador de opinião (existe mesmo isso?), não é sucesso de público ou bilheteria... (mas é de um público de sucesso e eu nem cobro ingresso para lê-lo, ok?)
That´s all folks ...
It´s just entertainmet...

Não é nem mesmo sobre um assunto de grande interesse ou que desperte muita curiosidade... é sobre minha vidinha, minhas formas de ver e viver o mundo em um determinado momento ou contexto. Tudo tão simples e tão complexo... (assim como eu...).

Acho que também é para isso que servem os blógues... Registram e publicam as opiniões ou impressões de alguém em alguma circunstância.

Simples fatos e relatos sobre o quê e como tem acontecido por aqui...

Seguindo a pauta... Ô esquisito!!! Dê uma chance para o blog e para você mesmo! Sem compromissos, sem autocobranças, sem autocríticas (Olha o sujo falando do mal lavado...).

Seguindo a pauta parte II... para tentar “ser diferente” desta vez, vou falar sobre alguma notícia interessante do dia e que tenha chamado minha atenção. Digo, “notícia do mundo lá fora”.

Prólogo...
É que eu tenho manias com notícias e publicações...
Ao terminar de ler o jornal sempre paro um minutinho e me pergunto “qual a notícia que mais me chamou a atenção e por quê?”.
As respostas são sempre as mais diversas possíveis... Às vezes é até por ter um erro de Português e eu ter ficado absurdamente indignada com isso. Jornal perde a credibilidade (os que ainda, ou melhor, os que em algum parco momento têm alguma comigo...), jornalista perde a credibilidade, redator perde a credibilidade.
Às vezes é pela abordagem dada ao fato, que é o que eu acho mais interessante. Gosto de ver a mesma notícia sob diferentes pontos de vista, ou sob diferentes formas de divulgá-las. Quando eu tinha TV, chamava esse momento de “maratona telejornal”. Você senta para ver os mesmos por volta das 18h e só para com o boa noite do Willian Wack. Vai mudando de um canal para outro, acaba um está começando outro em outro canal, na hora da novela tem os canais ‘news’ e as notícias do mundo nos canais internacionais, e assim vai... As notícias são as mesmas, mas (tudo) muda completamente de figura... Muito bom! Deu até saudades...
Hoje me contento em ler 4 sites de notícias distintos pela manhã e 1 ou 2 jornais aos domingos.
E, todo dia ao acordar, me pego pensando “Nossa! O que será que acontecia no mundo lá fora enquanto eu dormia?”

Voltando à pauta (diacho de mulher prolixa...)... fiquei bem em dúvida sobre qual “notícia escolhida do dia” falar...
Dois assuntos recentes me chamavam em especial... A primeira seria o berimbolo climático atual, que renderia uma boa manchete como “agora chove demais no Nordeste e de menos no Sul”, com número de mortes que já passou o das provocadas pela gripe suína no mundo inteiro! Já aflige mais de 1 milhão de pessoas, dentre desalojados, desabrigados, inundados, alagados e afogados. Boa parte perdeu tudo que tinha, inclusive esperanças na vida. Muitos morrerão de doenças decorrentes destas, como ainda é comum acontecer no Brasil.
Segunda notícia a inquietar foi sobre as proibições da marcha da maconha por aí... Proibir? Que merda é essa? Concorde ou não com as finalidades da manifestação, ou ainda, com as formas como estas acontecem, “proibir” é algo que me choca nessas horas...

Nenhuma das duas falou mais alto do que os pensamentos em que recaio sobre as formas e os meios de comunicação... sobre as formas como estas são conduzidas e feitas, sobre outras notícias (ou “escândalos” como queiram) recentes, como o(s) caso(s) e os vaivens do sr. Dantas, do sr. Mendes, sobre algumas das outras tantas questões que envolvem “crimes, investigações, comunicações, divulgações e direcionamentos” (isso dá um bom nome de filme, hein?).

Lembrei de um filme que vira tempos atrás, que fez um link qualquer aqui em meu processador core 2 duo cerebral, e eu achei que seria interessante ver de novo.

Eis que para minha surpresa, o dito cujo está na rede!!! Aaahhh... eu amo a internet!

“além do cidadão Kane”, documentário, segue o link:
http://video.google.com/videoplay?docid=-570340003958234038

1hora e meia, lhe preparo desde já... Não assisti de novo ainda, mas acho que vai ser bom faze-lo.


Cansei de escrever. Vou ler um pouquinho, deixar esse papo para outra hora.

Beijo. Fui.


DR, 10 de maio de 09.
... e nessa casa se ouve ACDC ....

quarta-feira, 22 de abril de 2009

21 de abril de 09, hoje, aqui. E aí?

Peguei me dentre tantos questionamentos e dúvidas... Algumas crises, algumas angústias, algumas inquietações. Às vezes sem motivos ou razões, às vezes com os todos os pretextos e causas que nos fazem ou determinam ser quem somos.
Isso não é ruim. E não, eu não sou masoquista. Não gosto de “me sentir mal”, é fato. Mas a estória é que não “me sinto mal” por estar inquieta ou em crise, dependendo aos olhos de quem assim o veja. Sinto-me viva, e mesmo em meio a tantas ansiedades e imprecisões, sinto como se estivesse apurando, aprimorando...
Cresci achando que “crises são amadurecimento”. Sinônimos e processos correlatos. Ainda estou crescendo, não mais em tamanho, talvez na alma...
Por mais difícil e duro que seja “confrontar-se consigo mesma”, é inquietação que não é aflição, não é sofrimento.
Por mais difícil e duro que seja “confrontar-se com a vida em si”, é processo natural, é procedimento do viver.

E dentre tantas perguntas sem respostas, faço o contrário também.... preencho-me de respostas sem perguntas.

Algumas suficientes, algumas eficientes. Respostas vagas, outras precisas e certeiras. Respostas temporárias ou passageiras, respostas efêmeras.

Também cresci achando que o que realmente importava era a pergunta.

Adoro as perguntas! Adoro as perguntas que faço para mim mesma. Adoro o momento do sentir e descobrir que as respostas já estão contidas nelas... Adoro chegar na elaboração da pergunta. Adoro questionar, filosofar, instigar descobertas e aprendizagens,
Mas hoje me pego buscando tanto por porquês, por justificativas, por melhores entendimentos das coisas...

Inverto processos....

Adianto retrocessos.

Dislexo procurando nexo.


E a imagem da semana é...

A cicatriz...

A cicatriz é o nosso primeiro contato e referência com o e do mundo.

Carrego um umbigo costuradinho bem no meio de mim para me lembrar disso...

Quando fiz a tatuagem escrevi páginas e páginas sobre o que penso e sinto a respeito das cicatrizes. Qualquer hora esses papéis aparecem e acho que é para cá que vêm....
A foto foi na mesma noite em que a fiz, recém parida mesmo... Por “encrença que parível” ela é hoje quase uma marca d´água... apagadinha, apagadinha... mais para tons de cinza que para preto no branco...
Meu corpinho a foi incorporando de alguma forma... foi cicatrizando, talvez...


... nessa casa se ouve Jane´s Adiction ....

segunda-feira, 30 de março de 2009

aos domingos: sessão do desapego do reino de dani

Tanto tempo sem escrever por aqui...

Será que perdi o jeito?
Será que alguém percebeu?
Será que estou sem assunto?

Estou mesmo sem escrever há um bom tempo... Tenho desenhado muito, estou fazendo o “álbum mais lindo que a Bianca poderia imaginar” com fotos, guardados e afins. Quando dá um tempinho a mais tenho costurado.

Tem gente que “costura para fora”, né!
Eu descobri que eu “costuro para dentro”... Em todos os sentidos... Uma, porque é quase uma “costura de subsistência”, costuro coisas para mim, faço coisas para mim, (ainda...) não sei fazer e por para fora de alguma forma. E outra, porque é mesmo dos processos mais pessoais e introspectivos que experimento. Quando costuro sinto-me mais perto de mim, mais perto de Deus. É quase uma meditação... ponto a ponto, linha a linha, arremates, descobertas e invenções.

Mudando de assunto, mas não muito... Hoje aconteceu algo curioso nesse processo. Fiz uma “arrumacinha” por aqui, em busca de uma bolsa preta que andava meio sumida... Achei. E achei várias outras que eu já nem sabia que existiam. Hummm... sessão do desapego! (ou quase...).
Uma destas era uma mochila colegial, meio hippie, meio esquisita. Olhei bem para a cara dela e deu a sensação de que não a usaria nunca mais (como o tenho feito há aaaaanos, em que está guardada e esquecida).

- Mas... o tecido é tão bonito.
- Não, Dani! Isso é apego gratuito. O tecido é bonito, mas é tachado... tem cara de hippie peruano!
- Mas tem história, tem valor sentimental.
- Sem essa, não faz parte do seu show...
- Lembro que eu comprei junto com a Angélica. Mochilas iguais, cada uma de uma cor.
- Pomba! Faz quase 2 décadas!
- É resistente pacas, carregava vários livros, mó peso!
- Não e não, e ponto. Ocupa espaço, você não vai usar meeesmo. A casa é pequena, abra caminho para uma bolsa nova. Ainda por cima está rasgadinha aqui, ó...
- Ai, um rasguinho à toa. Se eu cortar aqui, tirar o furo para lá, vira uma capinha de almofada. Quero mesmo trocar essa de paetê que arranha e marca a bunda por uma mais fofinha, preservo a bela estampa e uma linda história.

Então... eis a surpresa!

Rasgo daqui, corto dali e descubro que a mochila tinha um forro!!!
Não, não era um forro falso cheio de dólares... Mas era o maior barato! Um algodão cru, de saco de farinha... com umas carimbadas escrito assim “harina especial de trigo”, “contenido aprox. 45 kg”, “hecho em Bolívia” e uns desenhos de uns trigos lindões!!!
Que agradável surpresa! Fiz uma bolsa com o tal forro!!!
Até esqueci da capa da almofada...

Fiquei feliz por (às vezes...) ser teimosa comigo mesma.
Fiquei feliz de pegar algo que eu nem curtia mais e conseguir transformar em algo novo e bacana.
Fiquei feliz porque sim... porque o que eu quero mesmo é ser feliz! Em cada pequena coisinha, a cada pequeno momento, de apego ou de desapego, mas que eu saiba fazer dele um “pequeno bom momento” desses que tanto enriquecem a gente (mais que um forro cheio de dólares).


Por falar em “pequenos momentos, grandes alegrias”, tenho curtido muitos desses por aqui.
A casa agora tem fogão E geladeira. Primeiro mundo total!!!!
Sinto-me saída da idade média adentrando o iluminismo, descobrindo um mundo novo...
Sim, agora é possível desfrutar das comodidades de se armazenar comida em casa! Sim, o pão voltou a ter manteiga, porque a manteiga agora tem onde morar. Sim, a cerveja é geladinha. A azeitona preta não fica mais branca, e o pão preto não fica mais branco. Uau!!!!!!
Ahhh... o mundo das comodidades!

E também tem fogão!!! Ainda meio subutilizado... pois tenho medo de usar o forno e esquentar demais a geladeira, e ainda não consegui botar uma pedra entre eles, mas está uma beleza!!!!
Sinto-me uma macaca das cavernas, da Guerra do Fogo de Annaud, dotada da sofisticada capacidade de dominar as tecnologias de produzir um foguinho próprio em casa...

Ai, que alegria!
Um luxo! Fogão e geladeira em casa!
Melhor que isso só piscina tony na varanda, mas não cabe... então tomo minha cervejinha na banheira mesmo.

Vai uma das primeiras fotos do primeiro mundo aqui..


Da próxima escreverei uma da série “pequenos momentos, grandes acontecimentos” em função dessas revolucionárias mudanças na cozinha.



... nessa casa se ouve Mile Davis

sábado, 14 de março de 2009

to be continued...

Pois é, Marconi querido...

Eis a história que continua...

As filosofadas que passaram pelos escritos sobre solidão e individualidade foram looonge... Renderam caderninhos e mais caderninhos sobre a tal primeira das conclusões...

Segue um dos trechos recortado dos mesmos...

“(...) e que já sinto, percebi ou descobri há tempos, que (ainda...) carrego certo peso e medo de ”ficar sozinha” neste mundo... Contraditório, não?
É que sou a (muuuito...) caçula, e que, se a vida “seguir a ordem a natural e temporal
dos fatores”, vai chegar um dia que eu vou “estar sozinha”, sem a presença mais
amada da família mais próxima.
Ás vezes sinto certo medo disso. Às vezes dói quando paro para pensar (...)”.
E o papo comigo mesma rendera pacas... E a contradição é mesmo grande....

Pois acho que eu criei uma “armadura de defesa de meus próprios medos” tão grande e tão cedo que, apesar de amar tanto minha família e querer tanto estar junto, eu me ‘afastei’ de alguma forma.
E a tal “ordem natural e temporal” dos fatores também é tão contraditória quanto, pois eu mesma fui tão cedo até a porta-de-sabe-se-lá-onde e para cá voltei, creio que com missões e aprendizagens ainda a completar.
E a vida... sempre tão cheia de surpresas, nos mostra e ensina que “ordens naturais dos fatores” são parte das ‘grandes ilusões’ do mundo que nós mesmos criamos e nele vivemos.

Uma das conclusões saída daí era inspirada pela “continuidade da vida”, pela magia da vida que se renova quando uns morrem, outros nascem, e a vida e a família meio que se renovam também.

Pensei em passar mais tempo com a família. Pensei em mil coisas para fazer e viver com minha afilhadinha.

E então ela que se foi.

Aos 16 aninhos, de uma hora para outra. Fechou os olhinhos para abrir novamente só lá do outro lado.

O amor maior que eu já senti!

Não sei se eu consigo explicar tudo que sinto e senti, tudo que pensei e passei. Não sei onde e como as coisas ‘se explicam’. Talvez algumas não “se expliquem”, apenas “se sintam”. Mais papos para outra hora.

Sei que nossa passagem por aqui é mesmo uma grande escola. E um de meus confortos veio de uma frase que ouvi de meu irmão... “Bianca passou de ano, a gente aqui é repetente”.

Quando a gente pensa que sabe alguma coisa, a vida vem e nos dá uma sacudida... creio que para nos lembrar que estamos aqui mesmo para aprender e aprimorar.

Bianca foi (e é) para mim uma escola, uma mestra mesmo. Uma presença de puro amor e sabedoria. Que me toca e me ensina mais e mais sobre a vida, e cada vez mais.
Só amor, só sorrisos, uma paz tão ingênua e ao mesmo tempo tão sábia. Um anjinho que nos presenteou com sua companhia nesse breve tempo.

Sei que estou tranqüila, aprendendo com tudo e todos.
Renovando sentimentos, me enchendo de amor, buscando ser consciente, coerente e consistente.

Passei os últimos dias trancadinha por aqui, carnaval no “bloco-dos-que-não-saem-de-casa”.
Acho que arrumo a casa e de alguma forma arrumo a mim mesma.
Processos saudáveis e enriquecedores. Revendo e revivendo a vida, o mundo e a mim mesma.

Já fez 1 mês dessa reviravolta toda de vida...
Creio agora que a morte é quem mais nos ensina sobre a vida.
Creio que mudei, que estou mudada, que estou mudando...
Tive dificuldades de escrever esses tempos... pensei demais, senti demais, mas consegui escrever muito pouco... mesmo esse “textículo” que vos fala é fruto de praticamente uma palavra por dia... Mas passei a desenhar mais! A cada brechinha de tempo, e tenho feitos rabiscos cada vez mais coloridos.

Enfim, cá sigo.
Eu consigo.
E eu comigo.


Singela homenagem...


As últimas fotos que tirei da Bi, no fim de ano em SP.




Apesar de eu não ser muito “de mostrar a cara”, abro uma saudável exceção... Causa nobre e querida.
A última foto em que estamos juntas.
Fotografia Otávio Rodrigues.




... nessa casa se ouve Bad Brains

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A “autópsia da cigarra gigante” (*) é aqui...

Eu estava quietinha, em meu cantinho, fazendo minhas coisinhas.
Eis que entra um Bicho Voador Não Identificado (também chamado de “bívini”)... alucinado, estridente e graaande!.
Verdadeiro invasor da minha toquinha...

- Que é isso? Quem ou o que é você? Veio em missão de paz?
- Quer parar de voar para lá e para cá, de ficar quicando e berrando pela casa?
- Quer parar de me assustar?

É grande... pode ser um passarinho! Não, não... passarinhos do bem não entram na casa dos outros essa hora da noite. A menos que realmente haja algo errado no mundo lá fora... Mini morceguinho? Não.... mini morceguinhos devem ser mais zens, menos elétricos que essa coisa saltitante aí...

Quando o bicho pousa, eu paro de tremer e berrar, (meio que...) consigo ver do que se trata... Grande, formato de kibe, peludo e com asas transparentes. Aaahhhh.... é um inseto nojento, grande, formato de kibe, peludo e com asas transparentes

Putz. Não sei o que é isso não... Só sei que não deveria estar aqui... muito campestre, quase jurássico, deve ser habitante da floresta...

Tento alguma comunicação.
- Fofo (?), presta atenção! Aqui não é o seu lugar, isso aqui é um (pequeno) apartamento inserido no meio urbano. Não tem alimento, não tem lugar de repouso, não tem nada de interessante para você. Sou uma pessoa que se assusta, que não convive bem com animais em lugares que não têm grama. Melhor ir embora, vai procurar sua turma. Beijo, me liga!

Abro as cortinas, abro portas e janelas, mostro o caminho para o cara.
Nada...

Pousou sobre a caixa mais alta, na prateleira mais alta da casa.
Filho da pulga...

Eu insisto...
- Aí não é seu lugar, saia antes que eu pegue uma vassoura. Ó... está tudo aberto para você sair. Fica lá fora, fica.

Nada...

- Bom, vou voltar para o meu cantinho... então fica quieto aí, e não se mexa, falou? Quando resolver ir embora, vá de uma vez só, sentido porta da varanda.

Viro as costas e o bicho começa a saculejar novamente. Grita, apita, voa (e rápido!!!) pela casa toda, bate de um lado para o outro. Chego a me abaixar (berrando...) a cada rasante que ele dá em minha direção.
Merda!

Acho que eu só não sai correndo e gritando pelo prédio porque tive um minuto de lucidez... vi que eu estava de calcinha e sutiã e ia ser um escândalo.

- Cara!!! Que que você tomou? Qual que é a sua? Para que isso agora?

Pego armas químicas e 1 vassoura. Detefon em punho e saio borrifando essa nheca pela casa toda, tentando mirar em um bicho que não para quieto.
Cada vez que eu tento matar um inseto eu quase morro junto por intoxicação...

- Vai, canalha! Fica enjoado você também e sai para respirar ar fresco lá fora...

Pousou. No fio da luminária.

Hummm... Movimento calculado.
Está na linha da janela aberta.
Sou boa de mira e de cálculos de física. Sei a força e a direção da vassourada e o bicho vai em parábola direto para a árvore lá de fora.

Não tenho coragem.
Não consigo.

Dou vassouradas por perto para ver se ele se assusta com o ventinho na orelha e resolve sair por conta própria. Acerto luminária, fio, coisas em cima da mesma e o nojento nem se mexe.

Perdi as esperanças. Já perdi a confiança. Não acredito mais que ele vai ficar quieto até se dar conta que aqui não é seu lugar e ir embora... Daqui a pouco ele começa a se sacudir de novo, deve estar meio bêbado de inseticida, vai se esconder e sair para puxar meu pé no meio da noite...

Pego a latinha de veneno novamente. Tiro tudo que está por baixo do cara, miro bem, viro o rostinho para nem olhar e... tchhhhhhhh.....

Aí, aí, ai... Eu tremo, saculejo e grito mais que ele....

Cai no chão. Respiro fundo e vou pegar a pá do lixo.
Deve estar morto. Barriga para cima... Chego perto e o cara treme e apita novamente!
Começa a girar, mesmo nessa posição ridícula, e a uns 40 km/ h... parecia uma enceradeira em pane, um carrinho a pilha quando bate na parede.

Eu começo a pular.

Pego um pano molhado, fica pesado, jogo em cima do cara. Pronto. Você tem uma morte digna, respira, desintoxica, fica fresquinho e não me enche mais o saco.
Encharquei a casa toda...
Botei a pá do lixo em cima, viradinha que nem uma concha. Ok. Quando eu vier limpar aqui, as ferramentas já estão à mão, vai para o lixo com pano e tudo.

- Otávio? Está no telefone? Estou com problemas... Que faço?

Mal consigo ouvir sobre os procedimentos... Fico enojada só de pensar... Acalmei, parei, sentei.
Tentei por uma meia hora dar cabo daquilo. Refleti, matutei, filosofei, rezei.
Até que me enchi de coragem e fui à cena do crime... Tiro a pá, e a besta tinha saído de debaixo do pano!!! Agonizava ainda ali...

Aaaaiiiii.... Começo a gritar e espernear de novo!

- Otáááávio.... não vou dar conta! E agora?
- Chama o síndico! Desce comer uma empada, pede para o dono do bar fazer essa gentileza para uma cliente. Sei lá... Ou então vai lá... Olha o bicho no olho, aprende a enfrentar seus medos, pô!

Tento novamente... por mais quase meia hora...
Resolvo pedir ajuda ao vizinho. Ouço barulho de TV, deve ter alguma boa alma acordada por aí, me visto e saio...

- Quem é?
- A vizinha aqui do lado.
- Ah ta. Só um minutinho.
- Oi. Boa noite. Tudo bem? Seguinte... estou com problemas, realmente preciso de ajuda. Vizinho é para isso, né.... se ajuda, coopera, colabora pela paz na comunidade. Estou até com um pouco de vergonha, mas é fato, é real. Quer dizer, é fatalidade. Entrou um bicho, eu estou nervosa, eu estava trabalhando, já atrasei tudo, estou há mais de 1 hora cuidando dessas questões, não estou dando conta sozinha. Ele voava de um lado para o outro. Eu sei que devia enfrentar meus medos, estou tentando, mas não consigo... quer dizer, consegui em partes, já foi um avanço. Matei. Matei com armas químicas, joguei o pano em cima. E o bicho apitava. Mas acho que eu devia ser da máfia... eu consegui matar mas não consigo me livrar dos corpos. Sabe como é... estou ainda nervosa, tremendo, já chorei, já berrei, mas consegui. Foi uma questão de invasão de domicílio. Eu tentei diálogo, abri a janela, falei para ele sair. A gente acha que é auto-suficiente, que consegue dar conta de tudo, que não precisa de homem para nada. Balela. Primeiro inseto nojento que aparece e a auto-suficiência e independência, ó... vão pras picas. Quem é que vai me ajudar com o bicho? Já pensou se fosse barata? Ia ser bem pior, eu era capaz de sair correndo e nunca mais voltar. Veja você, que bom ver um rosto amigo pela frente.

O vizinho foi ficando meio corcunda e com os olhos fechadinhos.
Achei melhor parar de falar, ele talvez pudesse achar que eu fosse uma maluca.

Ele vira e diz:
- Não estou entendendo nada do que você está falando... peraí que eu vou botar os óculos.
- ???

Ufa! Não sou maluca.
- Explica aí o que está acontecendo... como assim?

Eu explico tudo de novo. Ele bota o chinelo e vem aqui me ajudar com o serviço sujo.

- Ora... Veja você. É uma cigarra. Tem muitas aí na árvore. Ela entra se esconder quando vai morrer. Canta, canta, canta até morrer. Ela canta até explodir.
- ???
- Que nojo! Que horror! Explodir???? Entrou na minha casa para morrer? Que onda... Canta até explodir??? Amy Winehouse?

Ele joga o bicho num saquinho, me acompanha até a lixeira do prédio.
- Obrigada, meu herói!
- Boa noite. Fique tranqüila.
- Boa noite. Se precisar de alguma coisa, sei lá... acabar o açúcar, botão na camisa, diga aí.

A culpa, o remorso, a dor pareceram aliviar... Canta até explodir? Veio aqui para se matar? Por que aqui? Como assim explodir?
Quem mata um bicho suicida alivia sua pena? É ‘eutanásia do reino animal’?
Será que ela preferia cantar e explodir? Eu interrompi esse processo doloroso e profundo?
Eu serei menos má por matar um inseto com instintos suicidas?
Por que veio se matar aqui? Eu ia ver você explodir?
Não acreditoooo. Essas coisas só acontecem mesmo comigo. Você entra na minha casa para eu presenciar essa cena bizarra? Mas para que isso agora?
Que aconteceu? Briga em casa, marido safado, dívidas, desilusões? Por que não seguiu a vida? Cadê as outras cigarras? Alguém sabia dessas suas intenções? Deixou uma carta?
E veio morrer aqui???

Sempre gosto das “coisas bem pensadas”... pelo homem ou pela natureza.
Mas... Cantar até explodir? Que idéia? Que natureza essa a sua, hein?
Equilíbrio? Onde, se já desequilibramos tantas coisas? Você não percebeu? O mundo mudou, o homem alterou muitas coisas, talvez você não precise levar a cabo todos seus instintos... a natureza já se torna outra também. Seus reflexos, impulsos e tendências naturais serão transformados.
Será que ir se matar dentro da casa dos outros, até explodir, é reflexo de desequilíbrios ambientais?

Isso foi ontem. E eu estou mexida até agora... ainda não entendi bem a história, ainda não aliviei os pesos todos.


(*) nome de um dos espetáculos mais fantásticos que eu já vi.

E eu espero nunca mais levar ao pé da letra os nomes dos espetáculos fantásticos que eu vejo...
E como agora eu estou com essa onda de ‘blog ilustradinho’, boto uma foto da dita cuja... Não, não é a que entrou aqui em casa. É alguma parenta desgarrada que não deve nem saber ainda dos percalços da vida dessa que cá esteve... mas é tão esquisita quanto, e está agora me ajudando a enfrentar meus medos e olhar para elas de frente.







... nessa casa se ouve Easy Star All Stars