segunda-feira, 14 de junho de 2010

como eu acho que sou o que sou

em 15 de abril de 2010.


Outro dia peguei-me pensando em como eu era e como eu achava que seria.... Quer dizer, como eu acho que eu era, como hoje eu me vejo em tempos passados, pensando e lembrando... o quê e como eu sentia, imaginava as coisas, o mundo e a mim mesma. Ficar se auto-analisando, observando, esses exercícios cotidianos? Sabe essas coisas?

Pois bem, nesse dia eu estava lembrando de uma Dani novinha imaginando como seria uma Dani grandinha.... Nooooossa! Mil coisas!

Num balanço geral acho que sou bem parecida com o que eu achava de mim mesma... Algumas coisas (vejo que) são hoje beeeem diferentes. Mas, no saldo geral, acho que era assim mesmo que eu ia ficar... uma magrela alta, espevitada, fazendo 1.000 coisas que eu gostaria de fazer....

A-hannn....

Sim, sim.

E é certo que existem milhares de fatores que vão moldando nossos caminhos, rumos, escolhas, nesse processozinho doido chamado “essa vida”. Coisas que imaginamos, coisas que sabemos que vão acontecer, outras que sequer podíamos imaginar, as que nos pegam pelo meio do caminho, e por aí vai...

Algumas “idealizações” (ou vontades) do imaginário ambicionado se perderam por aí em algum lugar...

Talvez não por falta de vontade, mas simplesmente porque a vida vai (sendo e) acontecendo e as coisas não caminharam nesse sentido.

Quer ver só?

Por exemplo, por vezes eu imaginava momentos em que eu estivesse em uma simpática casa no campo, colhendo morangos e fazendo geléias mexendo um tacho no fogão à lenha. Vendo filhos e cachorros, meia dúzia de cada, correndo pelo gramado. E quando a noite chegasse, a vida seria “acústica”, com costuras de mão, luzinhas coloridas de lampião, talvez um piano ou violão. Cheiro de pão quentinho vindo do forno de barro, roupas de retalhos e casaquinhos coloridos de tricô, gosto de vinho gelado à temperatura ambiente, pois apesar do céu azul e do sol brilhante, seria um lugar onde fizesse friozinho.

Noooossa!

Tá vendo?

E dentre tantas coisas tão distantes, nem o tricô eu aprendi a fazer... (Tá bom... Sei fazer a casa, o forno e fogão. Sei usar os três. Mas não sei fazer tricô até hoje... Ah, também sei beber o vinho!)

Simplesmente a vida segue, e as coisas não se encaminharam para isso. Creio hoje ser o “ideal idealizado” mais distante possível da vida vivida (não o aprender a fazer tricô... o contexto todo, eu digo). Acho que ainda me vejo assim, de alguma forma, em algum momento, mas não como “realidade possível”, e sim como tão distante que não mais se atinge.

E se eu parar pra pensar mais um tiquinho acho que consigo desenterrar 200 mil idéias, vontades ou projetos de vida que já passaram por aqui.

Quer ver outra estória engraçada?

Uma amiga certa vez me dizia “que sempre se imaginava uma mulher separada”, e que “não consegui se imaginar casada, mas que se imaginava separada” (???). E eu dizia algo do tipo “se você não se imaginar casada, não terá como ser separada”.... Mais esquisito ainda, não?

E então eu que me separei, e acho que ela está casada até hoje.


E ainda outra?

Certa vez, já um bom tempo atrás, uma figura que eu mal conhecia, mas uma companhia animada desses papos bons de boteco, falava e me perguntara: “Eu hoje sou igualzinho ao que eu achava que seria. Já pensou nisso? Você certamente deve ser assim também.... Sabe quando você era criança e imaginava como você seria? Pode reparar, você deve ser igualzinha ao que você achava que seria....”

Faz uns 12 anos e eu mal parei para pensar... O máximo que fiz na hora, e só por alguns segundos, foi pensar assim: “Será?”. Mas aí acho que seriam tantas coisas profundas para se analisar e avaliar com isso, que deixei para algum outro momento, para algum momento meu. Acho que guardei isso para agora...

Hoje acho que o tempo (aaahhhh, o tempo.... sempre ele) é que o determinante nessas escolhas e definições. Por quanto tempo uma idéia ou vontade permanece inquietando, permanece instigando?

Porque, pelo menos por aqui, tem 1 milhão de coisas que já passaram pela cabeça em algum momento. Mas só por 5 minutinhos....

Critério 2: Então qual é o grau de envolvimento com a vontade? São as idéias e vontades que passam pela cabeça X as que passam pelo coração. Hummm.... complexo, não?

Acho que listei mais umas duas ou três coisas de imediato por aqui que podem ser consideradas “outros fatores determinantes” nessa nossa árvore da vida com 1 milhão de galhos e ramificações, mas só 1 tronco que a sustenta.

Alguma outra sugestão?



É, é. Essa é do Klimt. E o nome?



... nessa casa se ouve Isaac Hayes

sobre as leis da atração (ou porque eu acho o dourado uma graça)

em 04 de abril de 2010.


Sim, sim, esse mesmo aí do big brother.

Não, não assisto ao big brother, mas descobri que assisto ao Dourado.

Sempre achei o big brother um saco, uma porcaria, perda de tempo ao extremo, entretenimento fútil. Nunca havia assistido e sempre reclamara a respeito. Mesmo até com fortes campanhas de gente bacana e amiga que assistia e dizia ser divertido e fonte de profunda reflexão bio-psico-social. Não assistia e ponto.

Eis que um dia, aaanos atrás, zapeando e fugindo de leilão de tapete, dei de cara com a figura.

- Minha nossa!!!! Que é isso? – chamei até o marido para ver.

- Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça! Número do meu sapato, e dos 2 pés, e combinando com qualquer roupinha! – E então pensei com, os sempre presentes, meus botões... se Ali Kamel fosse mais esperto, botava o cara para apresentar o jornal nacional só para me falar ‘boa noite’ todos os dias às 20h em ponto.

Não precisei ver o que ele fazia, o que ele falava, nada disso importou, fez diferença ou peso na balança. Achei uma coooisa e ponto.

Passei a parar com o controle quando a peça estava lá.

Até o marido já tinha se acostumado à estranheza de eu estar vendo big brother. Era só para ver o cidadão e eu era feliz assim.

Até que um dia paro eu por ali, e o guapo rapaz estava lá lambendo uma loirinha muito da sem graça para lá e para cá, nem me consultou antes, não me avisou, fez eu perder meu tempo, uma coisa horrorosa... para piorar ela era a cara da minha prima (com a diferença que minha prima não é sem graça, não, tá!), mas me senti duplamente traída, chamei o cara de babaca umas 3 x, mudei de canal, nunca mais vi o que aconteceu.

E não é que a figura reapareceu?

Nem eu acreditei. Acho que ouviram minhas preces à Nossa Senhora do Voyeurismo.

Voltei a assisti-lo. Na maioria das vezes, sem volume mesmo. Só a TV lá ligada, só para ver a figura. Confesso que mal parei para ouvi-lo, mas soube que o rapaz era polêmico. Hummmm... Adoro uma polêmica quando é enriquecedora e construtiva, mas não sei mesmo se era o caso. A trilha de casa era outra e estava bom assim. E o dito cujo é uma cooooisa, só para olhar mesmo, e estava bom assim.

Parei para pensar um tantinho... Tentando descobrir ou identificar em mim mesma o que é que me agrada em uma pessoa. Retrocedendo um tanto a fita e parando para olhar para trás (para os lados e para a frente?) e ver o que me agrada, pelo menos, externamente, em alguém. Hummm, lá vem mais outra tese de doutorado...

Engraçado falar isso... é “papo calcinha” total, daqueles que mulheres falam somente entre elas. Pois, por mais esquisito que possa parecer, quando falam abertamente ainda são taxadas de nomes e títulos. Como se mulher (ainda) não pudesse admitir e declarar que tem desejos, atração, tesão, etc.

Mas como eu sou aparentemente bem resolvida (comigo, pelo menos, eu sou), dona das próprias opiniões e nem um pouco influenciável pelas impressões dos outros, falo mesmo o que acho, penso e sinto. Pois, por mais esquisito que pareça, atingem, cutucam e afetam a mim, em primeira (e mais importante) instância.

Enfim, faz parte também do grande (e quase eterno...) exercício - paro para pensar e sentir como as coisas agem em mim. Faço sempre isso com praticamente tudo na vida e no mundo... O quê e em quê me tocam, o que me despertam, me dizem, me influenciam, me agradam ou desagradam e por aí vaaaaai..... que a lista de “pequenas-grandes-perguntas-filosóficas-de-dani” é mesmo extensa....

Pois bem, no processo do controle remoto na mão, andando a fita de mim mesma para frente e para trás (Ui.... Devo estar ficando velha!!! É fita rebobinada, e não full HD!!!!), vou vendo, de um jeito ou de outro, consciente ou inconscientemente, quais as coisas que eu sempre busquei ou encontrei. Coisas que eu atraí (?) ou me atraíram de alguma forma, ainda que eu não tivesse percebido no momento.

Parei para tentar ver isso agora e perceber ou fazer essas associações.

Se eu pudesse hoje construir uma figura ideal (pelo menos por fora...) para desfrutar do bel prazer de me fazer companhia por algum momento (ainda que eu mudasse de idéia logo depois...), como será que seria??? Vamos lá... Faz de conta que o gênio da lâmpada (que não faz meu tipo mesmo... um bigodinho cafona, calça que parece uma fralda...) saísse da panela encardidinha enquanto eu a lavo...

- E aí Danizinha? Qual é a boa? Quer dizer, qual é o bom? Estou aqui com o poder de materializar um boneco inflável gatinho para você! Diga aí, como é que vai ser? Meia calabresa meia baiacu?

- Uia! Taí. Gostei. Mas não sei nem por onde começar...

- Fácil, vamos lá... Só por fora. Pura atração física. Não estou aqui para fazer um homem que não reclame, que não se acomode, que não dê mais bola para o joelho do meia-esquerda do que para o que as mulheres tanto sentem e filosofam; nem que não dê mais dinheiro para um aparelho eletrônico do que para as contas atrasadas, que não ache que a vida é assim e acabou e não há nada a fazer para que a mudemos. É só por fora, falou? Facinho, facinho. Diga aí o que te agrada, não precisa parar para pensar muito não.

- Humm... Ó, acho que eu tenho alguns símbolos sexuais ou imagens que me agradam... Na categoria símbolos sexuais pode incluir o Supla (de boca fechada, por favor), o Angeli e o Salsicha, amigo do Scooby. Nas imagens que me agradam gosto do Johnny Deep quando está descabelado vestido de pirata. Mas acho que eu gosto de nerds... Então pode misturar tudo e todos, deixar descabelado e com a barba por fazer, transformar em um nerd e está bom.

- Vixe Maria! Isso não vai dar certo, não!!!! Sorry, wrong answer.

- Ahh... E pode ter a voz do Iggy Pop, assim... sussurrandinho, falando no meu ouvidinho... Pode ser?

- Eita, Dani!!! Está complicando.... Só por fora, só por fora. E veja se consegue combinar um pouco mais as coisas, tá!

- Só por fora? ....... Então diga para ele que aqui nesse planeta é proibido, terminantemente proibido, um crime, uma heresia, diga que é a Lei: Pro-i-bi-do usar cuecas vermelhas. E também não pode usar perfume de jeito nenhum, pelamordedeus! Fechou?

- Pô Dani, tá foda... É só por fora e você conseguiu complicar. De novo, de novo... Começa do zero. Esquece esse monte de referências desconexas e começa do zero. Vamos lá! Você é capaz!

- Ah, tá! Quer moleza? Vou pegar leve então, “prestenção” ! Pega uma figura linda, indiscutivelmente linda! Assim... tipo David de Michelangelo, ou... inventa aí uma versão feminina de Afrodite.

- Tá.

- Agora dá uma distorcida... Como se estivesse fazendo uma escultura, sabe? Puxa um pouquinho daqui, amassa um pouquinho dali. Vamos para os elementos desconexos. Algo de desproporcional... Talvez geométrico, certa desconstrução russa, certa abstração de Picasso.

- Hummm?

- E então!!!! É esse o quê de desconstrução! Saiu do padrão! Dá uma puxada aqui e outra ali e deixa algo de esquisito na figura... Um olho achatado ou esbugalhado, um nariz saliente, um queixo protuberante, uma orelha maior que a outra, sobrancelha falha, um braço comprido, perna fina ou torta, essas coisas, sacou?

- Hein?

- Tá..... Agora precisa ter vida! Vida vivida. Ter alguma história, alguma mácula, alguma cicatriz, sabe?

- Ó céus.... Cadê a panela?

- Uia... Tá quase! Falta pouco.... Dá para dar uma estonada? Assim... como se enfiasse para bater na máquina, com umas pedras, umas cores diferentes para dar uma manchada, deixar mais surradinho, sabe como é?

- Não, não sei não. Como assim?

- É... para dar uma detonada mesmo, calça jeans quando fica mais velhinha e é mais gostosa, deixar mais com cara de tubarão do que de golfinho.

- Aaahhhh....

- Pronto. Viu como fez todo o sentido do mundo?


Aí eu entendi comigo mesma o quê e porque me agrada no Dourado. E mais... também descobri que é mesmo só para olhar. É puro voyeurismo que não chega nem a platonismo. E até porque eu não devo ser mesmo mulher para o cara... Não tenho bundão, não sei fazer carão, não sei descer até o chão.

Nessas, descobri também que minhas amigas e amigos ficam todos horrorizados quando eu falo que acho o cara uma graça!

Impressionante isso!!!

Só uma compartilha de tamanho bom gosto comigo!

Ela é meio esquisita, mas é do bem. E, ao que parece, tem esse gosto refinado e apurado no quesito masculino assim como eu. E não! Isso não vai dar briga nunca, não. É mais fácil a gente dividir alguém do que brigar por causa disso.

E sim! Nós mulheres, mesmo as esquisitas, falamos o que achamos, ainda que nem todos saibam. A diferença é que tem gente que fala abertamente, autenticamente, sem medos e crises de ser tachada ou estigmatizada com isso.

Aliás, por que é mesmo que as mulheres pleitearam tanto por direitos de igualdade?

Para poderem falar o que pensam? Ou para virarem objetos que rebolam na boquinha da garrafa do big brother?

Objeto por objeto prefiro eu admirar os meus...


gentilmente copiado e colado de KiraSaintClair



... nessa casa se ouve John Coltrane