domingo, 26 de setembro de 2010

no SPA

Passei uns dias num SPA (Ai... Acho tão chique isso!). Tirei dois dias de folga, emendei com um fim de semana. Pronto! Quatro dias para mim. Quatro dias para buscas e encontros comigo mesma, com meus monstros mais feios e com minhas asas mais lindas.

Não era um SPAááá assim que nem uma Brastemp... de vida mansa na beira piscina, eunucos me abanando, drinks de guarda-chuvinha, um mundo sem relógios, sem advogados, sem stress, só de folgas para seus pés.

Mas era um SPA.

Na verdade, para mim foi mesmo um momento de retiro. De tentar me afastar, me isolar e fazer contato imediato de terceiro grau comigo mesma mesmo.

E com um toque de carinho e atenção. Oportunidade para fazer coisas que eu nunca tivesse feito ou outras que há muito não fazia. Como por exemplo, massagem... Eu nunca havia recebido uma massagem!!! O máximo que eu tinha feito era ido a um quiroprata. E ele ainda tinha mãos-de-Maguila e era massagista da seleção de futebol, então já viu, né... Só porrada! Estala para cá, estica para lá. Quase uma sessão de tortura medieval com esticadores imaginários rangendo como unhas na lousa. Mas massagem de carinho mesmo, de relaxar que é bom, nada...

Bom, no meu pacote de 4 dias eu tinha direito a massagens, banho de óleo, banho sem óleo, banheira com florzinhas, cachoeira, yoga todo dia e uma boa alimentação vegetariana. Formô.

E lá foi a estressadinha aqui...

Era no meio do mato (mas no meio do mato meeeesmo... que até agora eu não sei nem como eu cheguei lá), então também ia ter uma terrinha para pisar, cheirinho de grama para cheirar, um céu estrelado para admirar.

É, é a vida.... Choveu para cacete durante os 4 dias. Só lama para escorregar, água na cabeça para circular por lá, maior neblina que não dava nem para ver se o céu estava ali.

SPA ao pé da letra... e toma-lhe água!

E eu ameiiiiii!!!

Os dois primeiros dias foram muito divertidos.

O lugar tinha capacidade para cento e poucas pessoas, e só tinha eu!!!! Mimada total. As cozinheiras faziam comida para um batalhinho... e numa variedade de 5, 6, 7 pratos principais. E me entupiam com o banquete!!!! Tudo só para mim... me chamavam pelo nome, não botavam nem a comida no buffet, iam servindo e servindo pratos na minha mesinha junto à janela, enquanto eu espiava a chuva escorrendo pelo vidro. Tratamento de castelo total! Algo entre o serviço de jantar oficial da corte e almoço de domingo na casa da tia, sabe? Casa da mãe em dia de almoço com os filhos? Maior capricho, maior carinho e te entopem de comida, sabe como é?

- Ai, e esse aqui? Você nem provou... Come um pouquinho, come!

E iam chegando travessas e travessas com 5, 6 saladas diferentes, panelão de sopa, arroz, feijão, lentilha, tortas, quiches, legumes fritos, cozidos e assados, pastéis, tortinhas, pães e patês, 3, 4 acompanhamentos... Acompanhados pelo peso da “desfeita em não comer”...

Entupiu?

- Ó... de sobremesa tem frutas – e chegava aquela torre de 3 andares, praticamente um adereço de Carmem Miranda, e mais bandejas e bandejas de frutas picadinhas e enfeitadas.
Entupiu mais ainda?

- Ô fia – porque a essa altura já não me chamavam mais pelo nome... Quando a cozinheira vê que você é boa de garfo, já vira logo amiga, né – Quando você acabar aí (sim!!!! Porque elas esperavam eu terminar de comer t-u-d-o para continuar...), quando você acabar aí eu já trago o pudim, a torta e o arroz doce. Estou assando bolo disso e bolo daquilo, também já trago com café e chá.
- Meudeus!!!!! Mais dois bolos? Não, não precisa, não. Deixa para amanhã. Amanhã eu como, tá.

- Amanhã é dia de pavê e manjar. Bolo é hoje, já fiz.
Agora você entupiu, hein?

E eu pensando sobre os “automáticos” das atitudes das pessoas... Dia tal é para fazer bolo de cenoura e bolo de chocolate. Dia tal, pavê e pudim. Duas variedades de cada prato são para a lotação máxima da casa... E ninguém pára para pensar que, se só tem uma pessoa ali, só se precisa de comida para uma pessoa...

Regida pelas ordens do bom senso eu tentava avisar:

- O que vocês vão jantar hoje? Não precisa fazer nada de diferente para mim. Tira um pratinho para mim da comida que tem aí que tá valendo!

- Aaaaaah, não... Nem pensar, fia! Eu sou a cozinheira, eu sou boa cozinheira, eu faço vários pratos, eu sei fazer um monte de comida. Você é a hóspede, você senta lá e vai comendo tudo que a gente fizer nessa cozinha.
Entupi.

Fora essa orgia gastronômica, havia outras coisas mui interessantes no meu retiro-spa.

Primeiro, a descoberta de que não faz o menor sentido alguém ir a um SPA para emagrecer...

Bem, eu estava ali para espairecer, para perambular dentro de mim mesma, e isso ia além do estômago...

Para ajudar, fazia frio pacas! De gelar e bater os dentes. Adoro! Estava em casa. Frio, chuva, comidinha boa (comidinha é muita sutileza de minha parte...), levei livros, cadernos em branco, tricot, e um coraçãozinho que é tão tenso e ao mesmo tempo tão quebradiço.

Decidi ficar sem luz elétrica. Sem luz. Só velas.

Nada elétrico... nem TV, nem rádio (pasmem), nem carregador de celular, nem celular, porque nem sinal para funcionar lá tinha mesmo. Eu e eu, em meu mundinho unplugged e acústico...

Só barulhinho ambiente do meio do mato. Só mantras e gritarias hare krishna pontualmente às 3h30, às 7h00 e às 18h00. Ah sim, porque dentro da mesma fazenda, a vizinhança mais próxima era o Templo.

Tutti buona gente!

Quase que eu fico por lá mesmo... Mas deixa esse papo para outra hora.

Aliás, acho que vou dividir essa maratona-spa em posts separados... É papo que rende mesmo. Os dois dias que se seguiram aos primeiros, foram completamente outra estória... Essa minha pequena “viagem interior” foi em julho, rendeu 1 caderno inteiro de anotações, dentre tantas outras emoções. Outras águas já rolaram desde então, por isso acho mesmo que ainda vêm boas e longas estórias... Deixa para outra hora, vamos por partes agora.

Balanço geral?

O saldo é todo positivo!!!!

A grande vitória foi que eu consegui relaxar!!! Como há muito tempo eu não fazia, como eu nem lembrava como era... Consegui relaxar! Consegui esvaziar a cabeça e dar vazão ao nobre momento de não fazer nada.

Descobri, senti e percebi que “eu precisava ir tão longe, para encontrar coisas que estão tão perto”.

Ainda assim, fiquei com aquela vontade de “se eu pudesse viria para cá 1 x por mês”.

Vai uma foto do cantinho que me enfurnei nesses dias.

Qualquer hora conto mais sobre a aventura.


“A toca”... Não era a caminha, não...
Mas como a cama ficava longe da janela, tratei de fazer o “lounge”,
ali pertinho da vista e da paisagem.

“A paisagem”... A vista da minha varandinha, num dos poucos momentos em que não choveu.
Logo ali, no topo da montanha, pegando a subida de cabrito montês.
Meu grande panorama, minha vizinhança querida e amada durante a mini temporada.






... nessa casa se ouve Cartola

Um comentário:

Angel'S Space disse...

Deixa eu te contar um segredo…
Na verdade, você foi abdusida para um cativeiro com espiões altamente treinada pela D. Fatima...
Pode conferir...As “cozinheiras-espiãs” que devem se chamar Genoveva e Zefa foram treinadas com o método Fatima de resolver os problemas....
“Tá cansada? É fome, foi te fazer um leitinho”
“Pegou muito trânsito? Relaxa, te faço uma rabanada e você vai se sentir outra pessoa”.
“Coração partido? Nada que um lanchinho (Ah, os lanchinhos!) nao resolva”.
Foram tão bem treinadas, que pelo visto fizeram efeito!
Vou agora dar o feedback para elas..