segunda-feira, 11 de outubro de 2010

no banco

200 coisas para fazer no banco... Contas para pagar, ver se tinha dinheiro, quanto, como e onde, pagar o que desse, sacar um tanto para o bolso, essas coisas.

Bancos em greve. Melhor fazer tudo num pacote só. Pegar superfila uma vez só, não deixar vencer nada que ficasse para depois.

Então a porcaria da maquininha encrenca comigo e fica me pedindo uns tais números do cartão-chave (???). Cartão-chave? Para que isso agora? Não funciona tudo certo com a minha senha? Para que mudar de idéia no meio do caminho? Para que me pedir esses tais números que eu nem sei do que se trata?

Chuto a primeira vez. Chuto a segunda. Então lembrei...

- Aaahhhh... Cartão-chave, podes crer! Aquele cartãozinho porqueira, cheio de números, parece um calendariozinho de brinde da papelaria, e que eu nunca soube para que servia... Putz! Será que ele ainda existe? Por onde será que ele anda?
A máquina trava. Não aceita mais meus palpites... Aliás, nem me deixou tentar!!! Porque uma combinação de 2 números é finita... Chata, mas finita! Irritante, mas finita! E é relativamente simples de fazer... Um simples aplicar de alguns princípios da contagem, fatorial e arranjos simples. Tudo é uma questão de análise combinatória, de possibilidades. Algo besta, chato e irritante, mas possível. Se eu levar 2 segundos a cada tentativa – piiiii, piiiii – somados ao tempo de retorno da máquina a cada vez, quanto tempo será que eu preciso ficar aqui tentando? O que eu tenho para fazer depois? Será que dá para eu ficar aqui mais um pouquinho? Sou pé quente pacas, acho que acerto nas primeiras essa porcaria-de-senha-do-cartão-chave.

Não tive essa chance...

O muuundo foi bloqueado por normas de segurança antes que eu pudesse tentar. E saí do banco com cara de tacho... Um monte de contas sem pagar, nenhum puto no bolso, sem saber se eu tinha algum no banco... Aahhh, e aflita em imaginar se o tal do cartão cheio de numerozinhos ainda existia e, caso contrário, a quem reclamar estando todo mundo em greve...

Um pingo de calma e bom senso escorre gélida e suavemente por minha testa...

- Bom, se eu não conseguir pagar minhas contas antes que vençam, pago tudo em juízo, depois da greve vou cobrar a diferença do banco.

- Bom, se meu cartãozinho não funcionar mais sem a porcaria do outro cartãozinho dos numerozinhos e eu ficar sem um puto no bolso ou tiver que lavar pratos no restaurante, pego emprestado, depois da greve vou cobrar os prejuízos do banco.
O grilo falante começa a apitar...

- Dani, querida. Veja bem... Também é uma questão de probabilidade a complexa questão da fraude em bancos. Estratégias cada vez mais bem elaboradas, pessoas envolvidas cada vez com menos escrúpulos. Quando não é o banqueiro te roubando, é o seu cartão que é clonado. Isso é para te proteger, aumenta suas chances de segurança naquilo que deveria ser teu por direito.

- É, é... Eu sei. Mas já não basta eu ter que saber de cor a senha, eu ainda vou ter que carregar mais um cartão comigo? Porque decorar aquele monte de numerozinhos combinados e arranjados que nem um calendário de brinde da papelaria eu não decoro meeeesmo!

- É uma forma de evitar a fraude... De garantir que só você terá acesso a sua conta via caixa eletrônico.

- Não podia ser leitura de digitais?

- E se um ladrão corta e rouba seu dedo e acessa o caixa com seu cartão e seu dedo pendurado que nem um chaveiro?

- Ah é... Hummmm. Identificação da íris?

- Pior ainda! Dedo pelo menos você tem vinte... Já pensou um ladrão que rouba seu cartão e seu globo ocular, e vai ao caixa eletrônico carregando aquela bolinha aninhada entre as mãos?

- Leitura de voz! Leitura de voz! Leitura de voz! E sem direito a playback, sem direito à gravação! Só vale voz ao vivo! A-hammm..... Matei a pau agora! Nooosa, eu sou uma boa especialista em segurança de acesso ao caixa eletrônico de bancos em greve, hein! Falar ao vivo: “Sou eu aqui, porra! Eu sou eu, só eu posso usar meu cartão! Eu sou eu, pagar essa conta já. Super gêmeos, ativar”.
De repente, o grilo falante ficou mudo.
 
De repente, e eu já tinha chegado ao escritório.

De repente... E então eu percebi que ia ter que revirar a casa atrás do calendariozinho...




... nessa casa se ouve Programa Biotônico
 
 

2 comentários:

Angel'S Space disse...

Estou prontamente inscrita no DGE!!!! E me canditato a ser fiscal “linha duríssima, estilo C. Nascimento” da ECC (Equipe de Conferir Contrapartida) dos meus amigos!!!
Vamos divulgar! Isso é quase uma ONG!!

Angel'S Space disse...

AAAhhhh, a tecnologia!!!! Mas que bela bosta da humanidade!!!
Claro se não fosse ela nem estaria aqui lendo e interagindo.. e nem vendo ao vivo os mineiros do Chile saindo com suas bandeirinhas de dentro de uma caspsula futurística de dentro de um buraco.....
Mas também fico nostálgica ao lembra da época em que era necessário apenas falar com o Odair, gerente do extinto Bamerindus para resolver todos Os meu problmeas financeiros (só não me dava dinheiro sem juros, pq não sou da Idade da Pedra..)
Hoje, tudo é tão em prol da minha segurança, que até eu mesma preço ser uma ameaça!!! É um tal de prova que sou eu mesma, que sei TODOS os meu RGs, CPFs,CNPJs, Grupo Sanguine e RH, que me cansa a beleza...
E aí, vem a contradição... Pessoas com 3 vezes menos a minha idade fazem isso com um pé nas costas, de olhos fechados e SORRINDO!!!
E por mais que me possa parecer impossível solto a indefectível frase:
“No meu tempo, não era assim..”
Coisa de quem já passou de uma certa idade, rsrsrs