quinta-feira, 12 de julho de 2012


Rio, 11 de julho de 2012.


É que eu tenho o hábito de me entregar....

Mesmo. De cabeça, corpo, alma. Me entrego com todos os poros, me entrego pelas vísceras, pelo avesso e pelo direito... - se é que há algo direito nisso. Se é que eu tenho o direito de fazer isso.

Mas me entrego. Me jogo! Mergulho de cabeça sem nem olhar se a piscina está cheia, fecho os olhos e me jogo no meio da multidão, abro os braços de frente para o vento e me entreeeego.

Lembro certa vez em um trabalho de Terapia onde a atividade proposta era de olhos vendados, e fazíamos um percurso totalmente adverso, experimentando mil coisas...

Me jogueeeeei! Fechei os olhos e fui.
Nem precisava me dar a mão, nem precisava que ninguém me amparasse ou auxiliasse.

Pois eis que para minha surpresa, na avaliação ao final com comentários sobre as sensações e tudo mais, absolutamente TODOS haviam se queixado por tanto incômodo, por se sentirem inseguros de olhos fechados, por não estarem confortáveis com aquilo e tudo mais... EXCETO eu!!!
E essa era a parte que eu mais gostara! Que fui sorrindo e me jogaaaando, toda feliz e segura, de braços abertos para todas as surpresas...

Na ocasião, confesso, me senti um pouco esquisita... “será que eu sou normal?” (pergunta aguda em dobro num trabalho de terapia em grupo...), “será possível que sou tão diferente? Onde todos choram, lamentam, reclamam, se queixam, eu me joooooogo?”, e “mas será possível que o que é tão desconfortável para a amostragem de 99% do grupo, é justamente o que me encanta? Cativa, seduz, satisfaz”

Será que eu sou sempre uma ousadia?
Será que eu sou sempre a contracultura sem nem perceber?
Será que eu dou significados a minha vida lhe atribuindo formas sinceras e apaixonadas ao extremo, mesmo em meio às adversidades e dificuldades, sem me corromper por empecilhos e limitações, superando o tédio, a alienação, o desespero, ansiedades, absurdos? Será que sou uma existencialista?

Ou só uma doida (e doída) insana?

Que nada mais me assusta? Nada mais pode me machucar (mais)? Que nada mais...


(e vou dormir. Amanhã escrevo mais um pouquinho, acho..)




... nessa casa se ouve Otis Spann


Nenhum comentário: