sexta-feira, 13 de julho de 2012

Mas eu sou assim mesmo



           
Sim. Eu estava mal.
Eu estava péssima


Porque eu preciso me entregar às coisas. Porque eu preciso saborear e viver intensamente tudo.
Porque eu quero viver e vivenciar todos os meus sentimentos. Porque eu me jogo! Intensamente.
Eu preciso olhar o corte. Vê-lo aberto e sangrando. Para saber e lembrar como me cortei. Para lembrar do fio da navalha. Não posso abafá-lo, não posso simplesmente escondê-lo embaixo de um bandaid.
Eu tenho que olhar. Sentir. Pensar.
Digerir o indigesto. Ruminar... Mastigar cada sabor, cada textura.
E então fico mal mesmo! Parte dos meus processos talvez...

Porque eu já estive “muito mal” uma vez.
E sei que o buraco é profundo. E sei que o caminho é quase sem volta. E sei como foi difícil voltar. E sei que é um lugar que eu nunca mais quero ir de novo!!!

Mas eu só vou lembrar disso se eu sentir um pouco do bafo frio e cruel desse poço passando pela minha nuca de novo...

Quando é assim, uma das coisas que mais se ouve é “você vai ficar bem”... Sim, eu sei que eu vou ficar bem!
Mas eu preciso ficar mal. (e se um dia eu perder o controle, eu aviso... podem deixar!)

Sabe a figura que só vai saber dar valor a um prato de comida se um dia passar fome?
Eu preciso deixar a barriga roncar...
Preciso me entregar às sensações.
Ouvir os indizíveis.
Conhecer as minhas obscuridades.
Partir os indivisíveis.

Uma alquimia... Sentimental.
Onde eu quero saber quais são os ingredientes, as misturas e combinações. Onde eu quero inventar novas composições. Porque não há receitas, fórmulas, nem doses indicadas nem limites conhecidos dos venenos.
O elixir da vida... O transformar em ouro.

            Então ME PERMITO ficar mal!

Não tampo sóis com peneiras.
Não visto um santo para despir outro.
Não ‘abafo os casos’.
Não tenho ‘ponto morto’, nem marchas desengatadas. Prefiro até puxar o freio e dar um cavalo de pau.

Porque eu não falo “eu te amo” sem que isso seja intenso, vívido! (ainda que eu o faça regularmente...)
Eu não lhe dou um beijo como se fosse a terceira boca numa noite. (mesmo se nunca mais eu for lhe ver...)

Não calo meus gritos.
Não finjo que as coisas não existem!!

Urge passar pelo caminho. Conhecê-lo, descobri-lo, inventá-lo, transformá-lo, adaptá-lo. Experimentá-lo!!!
Para não seguir por aí andando em círculos, e nem atrás do próprio rabo!



            Porque eu sei que talvez seja só assim que eu fique bem!
Abrindo a porta que eu não quero mais entrar.

Porque eu nasci rindo. Sonora e copiosamente gargalhando.
Mas, para não banalizar, às vezes eu preciso chorar.



Mas então...

Eu estou ótima!!!!
Ou melhor, eu estou óteeeeema!!!

            Eu estou renovada. Consciente.
Feliz e sorridente.
Tranqüila. Comigo.

Eu estou inteira. E presente!

E também consciente de que também sou um presente. E que nem todos sabem recebê-lo...



... nessa casa se ouve Lobão


Nenhum comentário: