Sim. Eu estava mal.
Eu estava péssima
Porque eu preciso me
entregar às coisas. Porque eu preciso saborear e viver intensamente tudo.
Porque eu quero viver e
vivenciar todos os meus sentimentos. Porque eu me jogo! Intensamente.
Eu preciso olhar o corte. Vê-lo
aberto e sangrando. Para saber e lembrar como me cortei. Para lembrar do fio da
navalha. Não posso abafá-lo, não posso simplesmente escondê-lo embaixo de um bandaid.
Eu tenho que olhar. Sentir. Pensar.
Digerir o indigesto. Ruminar...
Mastigar cada sabor, cada textura.
E então fico mal mesmo! Parte
dos meus processos talvez...
Porque eu já estive “muito
mal” uma vez.
E sei que o buraco é
profundo. E sei que o caminho é quase sem volta. E sei como foi difícil voltar.
E sei que é um lugar que eu nunca mais quero ir de novo!!!
Mas eu só vou lembrar disso
se eu sentir um pouco do bafo frio e cruel desse poço passando pela minha nuca
de novo...
Quando é assim, uma das
coisas que mais se ouve é “você vai ficar bem”... Sim, eu sei que eu vou ficar
bem!
Mas eu preciso ficar mal. (e
se um dia eu perder o controle, eu aviso... podem deixar!)
Sabe a figura que só vai
saber dar valor a um prato de comida se um dia passar fome?
Eu preciso deixar a barriga roncar...
Preciso me entregar às
sensações.
Ouvir os indizíveis.
Conhecer as minhas obscuridades.
Partir os indivisíveis.
Uma alquimia... Sentimental.
Onde eu quero saber quais são
os ingredientes, as misturas e combinações. Onde eu quero inventar novas composições.
Porque não há receitas, fórmulas, nem doses indicadas nem limites conhecidos
dos venenos.
O elixir da vida... O transformar
em ouro.
Então
ME PERMITO ficar mal!
Não tampo
sóis com peneiras.
Não visto
um santo para despir outro.
Não ‘abafo os casos’.
Não tenho ‘ponto morto’, nem
marchas desengatadas. Prefiro até puxar o freio e dar um cavalo de pau.
Porque eu não falo “eu te
amo” sem que isso seja intenso, vívido! (ainda que eu o faça regularmente...)
Eu não lhe dou um beijo como
se fosse a terceira boca numa noite. (mesmo se nunca mais eu for lhe ver...)
Não calo
meus gritos.
Não finjo
que as coisas não existem!!
Urge passar pelo caminho. Conhecê-lo,
descobri-lo, inventá-lo, transformá-lo, adaptá-lo. Experimentá-lo!!!
Para não seguir por aí
andando em círculos, e nem atrás do próprio rabo!
Porque
eu sei que talvez seja só assim que eu fique bem!
Abrindo a porta que eu não
quero mais entrar.
Porque eu nasci rindo. Sonora
e copiosamente gargalhando.
Mas, para não banalizar, às
vezes eu preciso chorar.
Mas então...
Eu estou ótima!!!!
Ou melhor, eu estou óteeeeema!!!
Eu
estou renovada. Consciente.
Feliz e sorridente.
Tranqüila. Comigo.
Eu estou inteira. E presente!
E também consciente de que
também sou um presente. E que nem todos sabem recebê-lo...
... nessa casa se ouve Lobão
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