terça-feira, 17 de abril de 2012

Jim Morrison não morreu


E como eu tenho a mente muito fértil, como eu adoro uma conspiração, como nem sempre as coisas são como a gente acha que é, e coisas esquisitas podem acontecer:

            - Acho que Jim Morrison está vivo. E que mora em Copacabana!

            Não é óbvio? Não faz todo o sentido do mundo?

            É por isso que toda vez que eu vou em Copacabana eu fico olhando para os “velhinhos” (se é que alguém com seus 70 anos pode ser considerado velhinho...).
Mas veja, pelas minhas contas ele deve estar com 69 anos – o que ainda é um número cabalístico... - Deve estar em Copacabana, o shangrilá de toda ordem de fugidos e disfarçados do mundo.
Deve ler Rimbaud até hoje, deve ter um bronze melhor que o meu (como se isso fosse difícil...), deve acessar a internet numa daquelas lan-houses-para-gringos toda tarde na volta do pilates, e postar fotos da mulherada em biquínis de onça deitadas em toalhas do flamengo em seu perfil (fake) do facebook, sob o codinome de Tony Clarck e Silva (ou algo mais ou menos assim...).
Dever dar risada pacas desse povo que fica indo ao Père-Lachaise tomar vinho e ficar cantando “para ele” (?!?).
Deve estar curtindo a vida em seu anonimato, sob chinelos havaianas - versão original, sem soltar tiras, sem cheiro – e, vez ou outra, soltar uns palavrões para Mr. Obama pelo telefone (telefone pré pago, que ele compra os créditos na banca de jornal da Barata Ribeiro com a Duvivier, e que também vive ligando para reclamar que falha no túnel e também para puxar papo com a atendente de telemarketing, que ele acha ter um sotaque ‘interessante’).

Não faz todo o sentido do mundo?

Então toda vez que eu vou em Copacabana, eu fico olhando para ver se eu o encontro... Cabelos ao vento (talvez até, em tons de acaju...), olhando para a bunda da mulherada (vez ou outra perdendo a linha com um travesti), comendo no Cervantes nas madrugadas de quarta-feira, curtindo a vida adoidado e jogando altinho com a galera aos sábados.

            Mas quando eu falo isso para alguém, ninguém acredita...

            E é sério.... eu sempre fico procurando!

Até que alguém interrompa e fale:
- Que tanto você está olhando?
(real) e naturalmente eu respondo, com toda a sinceridade do mundo:
- Estou vendo se Jim Morrison não está aí!
E ninguém me leva a sério....
Ou ainda:
- A reunião com Fulano é em Copacabana, endereço tal.
E eu penso cá com meus botões:
- Legal! Vou aproveitar e passear um tanto por ali, para ver se eu não encontro com ele.
Já nem comento mais, viu... O povo não acredita mesmo (e ainda acha que eu sou muito doida...).

Ora...
Tenho dívidas com ele!
Ou melhor... Ele as tem comigo!!!

Eu, o máximo que fiz, foi crucificá-lo durante muito tempo... Admito.
Confesso: Pendurei-o na cruz. Pendurei-o na cruz. Já o pus na cruz umas 10 vezes (e em 10 cruzes diferentes...)
Botei mesmo de castigo nesse instrumento de suplício. Literalmente, “peguei-o para Cristo” e o castiguei incitando a momentos de reflexão profundos:

- Por que é que você não me esperou? Por que é que você não me esperou? Por tão pouco... Por que é que você não me esperou?!?


            Era para você ter falado no meu ouvidinho we're gonna have a real good time” várias vezes!!! E para ter dito “Love me two times, baby. Love me twice today” nas manhãs de sábado!!! E para ter dito “my girl is mine, she is the world” com as pernas enroscadas nas minhas nas tardes de um domingo cinzento e chuvoso!!! Era para você ter ME chamado de “ashen lady” andando sem camisa para lá e para cá!!! Era para você falar “baby, please don't go” toda vez que eu levantasse para ir trabalhar!!! E a the best ever... era para você repetir diariamente nesta casa “touch me, babe. Can't you see that I am not afraid?” (…). Era para você berrar várias vezes, reproduzindo quase como um mantra “you gotta thrill my soul, let it roll, all night long”!!! Era para você ter sido preso por obscenidade e indecências aqui em casa mesmo!!!! Dentre tantas outras coisas...
Eu, que ainda vou ter uma filha chamada “Glória” e um bistrô chamado “Soul Kitchen”, como é que fico?!?


Pois bem... Crucifico mesmo o rapaz!
Que já nem é tão rapaz assim...

Mas que eu ainda vou o encontrar zanzando por aí e, pelo menos, poderemos discutir juntos um tanto sobre William Blake, ou sobre cinema, ou sobre as visões do que é sagrado e o que é profano, sobre como as pessoas continuam esquisitas, um tanto sobre poesia beat, quem sabe...
Tomaremos uma caipirinha (?), - a little farm girl, como dizem aqui... - Até vermos o sol nascendo e clareando o Dois Irmãos...

            Prometo não lhe chamar de tio!
            Prometo me comportar! (ai, ai....)
E quando a música acabar, eu apago a luz, ok?








... nessa casa se ouve The Doors (super temática, hoje...)


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