Então conversando com as
meninas, falando sobre músicas, letras de músicas e afins eu solto um desabafo
sincero, genuíno:
- Acho que eu não tenho
capacidade, competência ou conhecimento suficiente para entender o Djavan. Coisa
mais nonsense... É demais para o meu grau de entendimento, é um patamar
lírico e literário diferente demais para minha compreensão. Essa coisa de rimar
“Leonardo de Caprio” com “dinossauros”, “raio que se liberta” com “ainda bem
que eu sou Flamengo”, é demais para minha cabeça. Não entendo, não... – e então
fui abruptamente interrompida, pelas duas falando ao mesmo tempo:
- Mas você não conhece a
técnica de composição de Djavan?
- Hein?!? Não conheço não...
- Ele tem um saco!
- Hããã?!?
- Dentro do saco tem vários
papeizinhos com palavras anotadas. – e vão gesticulando e me mostrando toda a
encenação da coisa (por coisa, leia-se “Djavan no auge de seu processo criativo
escrevendo uma música nova”). Vão simulando a estória toda, e começam segurando
“o saco imaginário”, como se fosse um saco de pedrinhas do bingo da igreja. Vão
mexendo a mão e misturando dentro dele, sorteando um bilhetinho (imaginário). Esticam
o bracinho para cima e lêem o que esta escrito – “açaí” – então abaixam a
cabeça, mexem os dedinhos com uma caneta (imaginária) e anotam num papel
(imaginário). Mexem no saquinho de novo. Outra palavra. Assim continuam... uma
após a outra, na ordem que saem do saco: “zum”. Anotam. “Besouro”, “imã”, “assombração”,
“clã”, “sereia”...
- Aaaahhhh.... Agora fez
todo o sentido do mundo!!! É isso!!! Só pode ser isso!!! Eis uma explicação lógica,
realmente plausível. Como é que eu não tinha percebido isso antes? Djavan é um dadaísta!!! Eu que não
havia atingido isso ainda... Nooooossa! Passei até a gostar do cara. Vejam só, vejam vocês, Djavan é um dadaísta...
...
nessa casa se ouve Fleetwood Mac
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