domingo, 22 de novembro de 2009

domingo, 9 de agosto de 09

Com quantos cacos se faz uma vida?



Ontem quebrei azulejos para depois recompô-los na parede.


Fiz como quando corto o cabelo... a cada tesourada penso em tudo que quero cortar da minha vida; para depois pensar em tudo que quero que cresça, forte e vivo como os cabelos de Sansão.


Com os azulejos a mesma coisa... a cada marretada, tudo que quero quebrar na minha vida. A cada recomposição, tudo o que quero pra ela criar.


E as pecinhas vão se encaixando, se montando, se ajeitando, se completando, como cada pedacinho de mim mesma.


Fiz um mosaico pobrinho... feliz nas suas limitações...


Eram azulejos “sobra da obra”, cores xoxas, peças velhas e sujas, mas cheias de história...


Não era para ser nem bonito, nem feio. Só para ser o que é.


Não era para ter um desenho representando nada. Só para formar o que dali saísse....


Faz pensar tanta coisa...


Horas a fio, colando, montando, descobrindo, encaixando.


A vida é feita de caquinhos.


Um dos grandes desafios é saber pegar (o que parece ser...) o entulho e transformar em algo novo.



Às vezes acho que faço isso o tempo todo e com tudo... coisas que não têm serventia, coisas que ninguém mais quer, coisas que “são lixo” aos olhos de alguém, e as transformo em coisas novas, crio coisas novas a partir destas.


Digo que estou lhes “dando dignidade” e então elas passam a ser coisas lindas e exclusivas, aceitas pelo mundo que as rodeia.


Com tudo... é impressionante...


Aí tento buscar paralelos comigo mesma...

Tudo tem um uso possível, uma serventia, pode se tornar algo interessante.


Tentar juntar os cacos de mim mesma e me transformar em alguém que possa ser aceita...


Pegar essa tralha toda amontoada, chamada DR, aparentemente sem muito valor, e transforma-la em algo que as pessoas gostem.


Vejo valor, oportunidade e possibilidade em tudo quanto é tralha. Acho mesmo que é possível de se transformar em algo novo e interessante; como é que mim mesma não consigo achar???


Parece que finalmente deu algum ‘start’ nesse ponto...


Algo de bom eu devo ter... não é possível... não vou ser o entulho amontoado no canto para o resto da vida; em algum momento alguém mais há de reconhecer e agregar valor a essa que vos fala...


Talvez uma conjunção de fatores estejam colaborando para isso nesse momento. Estou mais tranqüila e feliz comigo mesma.










... nessa casa se ouve Célia Cruz

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