domingo, 26 de junho de 2011

DA GRANDE ARTE DE SER MULHER – parte I

Era um texto só... ficou loooongo. É que sou mulher, e talvez por isso seja prolixa... ;)
Parti em 2, para tentar ser menos maçante...
Acho que é para ler os dois. Para ter (algum) sentido e coerência
Se estiver chato, diga aí! Se ‘for bom para você’, diga aí...

  
Pois por muitas vezes, faço graça, faço piada, faço brincadeiras.
Com muito gosto. Com orgulho.
Afinal, a vida com bom humor é muito melhor.
Já tem peso e problemas demais por aí para a gente gerenciar, e se soubermos encarar todos estes DE FRENTE, assumirmo-los e enfrentá-los, e o fazer com leveza, com graça e com bom humor, a vida fica mais bela! Fica mais leve, melhor de ser vivida, né?
Saber rir de si mesmo é uma dádiva.
Saber rir da vida, com todas suas crises e seus problemas, é uma benção!

Mas desta vez o assunto é sério.

Acho que eu saberia falar com ‘graça’, com piada à beça e ‘causos’ divertidos pra chuchu.
Mas desta vez peguei-me filosofando com seriedade. Com crítica apurada. Com “racionalismos” vindos diretamente do coração, mesmo isto me parecendo tão estranho...

Andei lendo escritos guardados e achados, andei folheando alguns livros, andei pensando e sentindo um tantinho...
Pensando sobre o “ser mulher”.
Mulher é um bicho esquisito para chuchu...
Custei muuuuuito a me entender com elas.
Sempre me identifiquei e me entendi com os meninos. Fiz amigas que têm altas taxas de testosterona assim como eu.
Olha a minha volta hoje e tenho grandes momentos e sentimentos de estranheza, repulsa e vergonha.
Ao mesmo tempo também, hoje olho à minha volta e vejo quantas e quão incríveis mulheres eu também conheci, e tenho a sorte de tê-las por perto – figuras tão especiais e queridas que me fazem ver o real e verdadeiro valor do feminino nessa sociedade louca e de visões e valores tão distorcidos.

Mas, se por um lado vejo tanta coisa banal e desvirtuada, por causa de mulheres, vejo também O caminho – pleno, real e vivo, que é ‘parte que nos cabe’, ladies and ladies...

Sei que sou uma mulher ‘diferente’.
De uma geração nova, fruto contemporâneo, absurdamente inédita à nossa história esquisita, e por vezes suja e indigna.

Ás vezes, confesso (...) nesse desabafo mais honesto possível, que isso me causa algumas crises comportamentais e sociais... Pego-me pensando se eu estou agindo errado, se eu por acaso estou pensando algo completamente desconexo ao mundo lá de fora, se eu é que sou a “diferente” e talvez por isso devesse “me adaptar” a padrões que eu julgo estranhos ou que não consigo entender direito...

E então “não caibo”... Não me encaixo, não consigo.

E penso... “Mas eu sempre fui assim...”
Questionadora, inquieta, “diferente”... Criadora e criatura das próprias regras, dos próprios padrões, precursora de coisas que no fundo, no fundo, eram a minha própria expressão pessoal mesmo.
Enfim, admito... já tentei me enquadrar em padrões sociais, já tentei me adequar, “padronizar”, me sentir pertencente... Mas não rola... Não dá. Não funciona, não é minha, não dá certo, não resolve nada e ainda piora.
Tenho meu jeito próprio de ser quem e como sou, e hoje me pego aqui refletindo em quem e como sou como mulher.
Uma mulher incrível, diria... ;)
Eita....
Mas peculiar... Com jeitos e convicções próprias, que às vezes acho que são únicas, que ás vezes vejo que são “padrões de mulher especiais” tais como os das raras figuras que conheço e amo.

Sigo (ainda...) com a máxima de que “mulher é um bicho ruim”... Pura herança distorcida que carregamos, estigma criado, porque A MAIORIA age muito mal!
Mas não me sinto em parcela de culpa ou responsável por isso. Virei a página, sei que sou diferente. E, para mim, isso é muito bom.
Conheço e tenho amigas que são diferentes.
E simplesmente não “me encaixo” na visão geral da sociedade...
Parece que olho de fora, e ainda não sei bem como fazer para mudar e melhorar.
Sigo no “passo de formiguinha”. Sendo quem e como sou, fazendo a minha parte.

Veja você...
Olhe bem, e com calma, para a massa das “mulheres padrão” da sociedade hoje... Para os ideais, os objetivos, as aceitações culturais e sociais. O que querem, o que pensam, o que fazem... Um bando de loucas!!!!!! Tresloucadas!!! Mesquinhas, fúteis, egoístas, superficiais, rasas... Vítimas da mídia, de padrões sociais falidos, de padrões estéticos duvidosos, de submissões machistinhas enrustidas, da busca pela felicidade naquilo que é alheio a si mesmo...
Simplesmente banalizando o que é “ser mulher”.
Opa!
E deu uns 80% da sociedade, não?

Então olhe para o “padrão 2”, mais atualizado, contemporâneo, mais (e não menos “tendenciosamente”...) tido como inovador e presente – ideais de “mulheres contemporâneas, independentes, bem resolvidas”. Executivas de respeito na matéria da revista...
Bando de loucas parte 2!!!!!!!!
Trabalham fora, estudaram, conquistaram espaço e posições sociais. Têm suas vidas, são independentes financeiramente, dizem não precisar de homens para nada, tomam decisões de sua própria vida, das dos outros e do mundo.
Na maioria são outras tresloucadas de novo!!!!!!!
Opa... já deu quase uns 20% a mais, hein...

As que vivem de aparências, se escondem atrás de fortalezas neurotizantes que elas mesmas construíram, vivem em crises, são pretensiosas, manipuladoras, criam filhos como hamsters, fazem dos divórcios um negócio, gastam o que ganham em “anestésicos culturais”, sejam estes uma viagem ‘dos sonhos’ ou ‘um vibrador a pilhas’. Têm interesses pessoais acima de quaisquer outros, galgam a busca de importâncias e lucros pessoais, agem com desconfiança sobre as outras mulheres, agem com a falta de entrega verdadeira...

Sobrou 0,01 %???

Estão aí?

Que acreditam que “feliz para sempre” é algo muito relativo?
Que também acreditam que nem diploma nem casamento são garantias de seu futuro?
Mas que acreditam no poder dos seus sentimentos, das suas ações e seus pensamentos? Fazem-nos nobres?
E acreditam que a vida é aquilo que fizermos dela?
E que “príncipe num cavalo branco” é aquele que se dispuser a ser parceiro de uma mulher também parceira, guerreira, companheira, cúmplice e um ser humano?
Que acredita que “dividir uma vida” é dividir proventos não materiais, dividir emoções, satisfações, alegrias e (também) os prazeres do corpo? Naturalmente. E com plenitude e reciprocidade?
Que sabe que “o amor não pede nada” (e “quem pede é o poder”...)?
Que sabe diferenciar o que é amor do que é ‘querer poder’ sobre o outro?
Que fazem uso nobre de seus poderes?
Que não têm medo de assumir isso, mesmo em uma sociedade (ainda... e enrustidamente) retrógrada como a nossa?

Que admitem que aprenderam parte desta sabedoria com sua vó e / ou alguma outra mulher importante em sua jornada nessa vida?
Que sabem o real valor de um beijo, e também de um chazinho de mato fresco colhido na horta na hora?

Pois bem, mulheres que eu amo (e também às outras que eu não entendo...)...
Sabem a que duras penas isso se dá?

Eu sei...

Nas minhas ‘peculiaridades’ em ser uma mulher diferente, vive o fato de que sou uma mulher que pensa como um homem. Pensa como um homem. Age como um homem.
Mas sente como uma mulher...
Dureza, né?


 ... nessa casa se ouve Ella Fitzgerald

Nenhum comentário: