terça-feira, 8 de março de 2011

CARNAVAL * parte I

É que às vezes eu perco a paciência com o Carnaval.

Quer dizer, perco a paciência com muitas coisas, mas quando chega o Carnaval, todas as coisas são Carnaval, e então esse é o lado bom, pois acabo perdendo a paciência só com 1 coisa.

Não sei se é porque eu não entendo bem o que acontece... Não sei se é porque é tudo muito chato mesmo.

Acho as músicas maçantes, repetitivas, cansativas, não acho dançáveis.

Também acho as músicas racistas e preconceituosas, machistas, violentas... assusto-me em ver pessoas vibrando, rindo, cantando e dançando músicas e coisas tão bestas.

Ok, não vou generalizar... Não são todas as pessoas, não são todas as músicas. Mas diria que 90% me assustam... E muito!

E também tenho “restrições tarja preta” com samba.

E olha que sou muito boa sujeita... Talvez ruim da cabeça ou doente do pé. Mas muito boa sujeita.

Só que não gosto tanto de samba assim, não... Há restrições, há restrições.

E há também o fator overdose... É muito samba por aí, cara... Satura. Enjoa. Empapuça.

Por que é que não existe Roda de Rock?

Não é óbvio e fantástico? Alguém me explique, por favor... Por que é que não existe Roda de Rock?

Pô... Bateria à beça, um monte de gente empolgada reunida, por que é que não aparece um baixo, uma guitarra, e fazem Rodas de Rock?

Juro que eu não entendo...

Mas vou tentando me acostumar a viver nesse mundo.

E quando chega o Carnaval esse mundo parece mesmo muito doido.

Sempre imagino se um extraterrestre chegasse á Terra pela primeira vez, primeiro contato, primeira impressão, e viesse parar bem no Rio de Janeiro, no meio do Carnaval.

Carái.... Sentiu o drama?
E é como me sinto toda vez.

Não entendo nada... Acho tudo bizarrooooo!

De repente aparece uma turma de homens peludos e barrigudos usando fralda com uma chupeta no meio da fuça... As pessoas têm antenas chinesas horrorosas e que piscam. Você vai à padaria de manhã e dá de cara com a Minnie vomitando agarrada a um poste, um pirata e um smurf babando e dormindo na sarjeta, é surreal...

E todo mundo se lambe, se esfrega e se enrosca como se isso fosse natural e saudável. E todo mundo sai por aí gritando “ei você aí me dá um dinheiro aí”, “será que ele é, será que ele é”, “mas como a cor não pega, mulata”.

Ai... Juro que eu não entendo. Perco a paciência. Acho isso um saco.

Pô... Maior desperdício... Uma festa pagã era para ser muito mais nobre! Olha, creio que na minha época de celtas e druidas, as festas eram muito mais animadas, com rituais sob a lua, união dos povos, sem fome nem dor, com sexo de qualidade e suquinhos de maçã. Digo mais.... Acho que na minha época de Grécia antiga, Baco, as bacantes, os bacanais, as vinhas e os vinhos, eram todos muito mais sensatos e equilibrados que um bando de bobo suado com chupeta e antena falando “alalaô”.

Que aconteceu???

Foi a própria Igreja que contribui para essa total ruína da humanidade???

Ora... Veja você. O mundo é cheio de voltas, hein... E, tão insano quanto, da mesma forma ninguém mais associa a permissão e a permissividade dessa “festa de despedida carnal” ao período da quaresma, de, supostamente, introspecção, devoção, oração e jejuns... Aahhhh, feiticeiro... Veja só onde foi parar o feitiço.

Pois bem... Mas como na minha Igreja não há chantagens nem concessões, não há condicionamentos nem condições, e como, na minha Igreja, eu sou devota da Nossa Sra. do Bom Senso, da Nossa Sra. do Amor Próprio, do Nosso Sr. Ser Supremo e do real amor entre todos seus filhos, faço meu Carnaval do meu jeito, muito obrigada. Faço meus períodos de devoção do meu jeito, muito obrigada. Faço minhas festinhas, pagãs, sãs ou insanas do meu jeito, muito obrigada.

Pois é, turma do funil... Depois eu é que bebo e vocês que “fica tonto”...

Bom.. Tenho tentado “me disfarçar” ou parecer um ser humano convencional, e também tenho tentado ser um pouco mais sociável e me sentir mais pertencente a este planeta, por isso resolvi que vou sair às ruas fantasiada também. Nem que seja um lencinho na cabeça e um bigodinho de portuguesa... Um chapeuzinho vermelho ou um narizinho de palhaço. Quem sabe assim eu não me sinto “normal” quando for à feira ou á padaria...

Aahhhh... E para constar, Sr. Extraterrestre: quer entender tudo?

Vi essa esses dias, achei fantástico.

Samba enredo com coerência, consistência, com visão lúcida, clara e compreensível dos fatos.
GRÊMIO RECREATIVO DA CASA DO CARALHO

Puta que pariu
Começou o carnaval no Brasil
Vai tomar no cu
É barulheira de norte a sul
Segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=CxDLPl5fNaM


Aahhhh... E para constar de novo, Sr. Extraterrestre: quer entender mais ainda?

Aqui nesse mundo doido, Carnaval é uma bandalha, mas também tem as suas regras... Uma delas é que, nesse momento de extravasar e liberar suas reais vontades, os homens se vestem de mulher e as mulheres se vestem “de nada”. Pode reparar....

É esquisito, mas é isso mesmo...

E outra... E sabe-se lá de onde veio essa insanidade, esse auge da bandalha-mór, é o hábito das mulheres usarem coleiras com o nome de seus donos...

Afff...

Mas já que aderi às fantasias, aderi a este também...


Para deixar bem claro quem é que manda aqui.
Para deixar claro e explícito, principalmente para as pessoas que eu mais amo,
que o nariz (de palhaço ou não) é meu!
E que, por mais que alguém pertença e participe da minha vida,
a dona da coleira sou eu, ok?


... nessa casa se ouve Pink Floyd


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