segunda-feira, 14 de junho de 2010

sobre as leis da atração (ou porque eu acho o dourado uma graça)

em 04 de abril de 2010.


Sim, sim, esse mesmo aí do big brother.

Não, não assisto ao big brother, mas descobri que assisto ao Dourado.

Sempre achei o big brother um saco, uma porcaria, perda de tempo ao extremo, entretenimento fútil. Nunca havia assistido e sempre reclamara a respeito. Mesmo até com fortes campanhas de gente bacana e amiga que assistia e dizia ser divertido e fonte de profunda reflexão bio-psico-social. Não assistia e ponto.

Eis que um dia, aaanos atrás, zapeando e fugindo de leilão de tapete, dei de cara com a figura.

- Minha nossa!!!! Que é isso? – chamei até o marido para ver.

- Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça! Número do meu sapato, e dos 2 pés, e combinando com qualquer roupinha! – E então pensei com, os sempre presentes, meus botões... se Ali Kamel fosse mais esperto, botava o cara para apresentar o jornal nacional só para me falar ‘boa noite’ todos os dias às 20h em ponto.

Não precisei ver o que ele fazia, o que ele falava, nada disso importou, fez diferença ou peso na balança. Achei uma coooisa e ponto.

Passei a parar com o controle quando a peça estava lá.

Até o marido já tinha se acostumado à estranheza de eu estar vendo big brother. Era só para ver o cidadão e eu era feliz assim.

Até que um dia paro eu por ali, e o guapo rapaz estava lá lambendo uma loirinha muito da sem graça para lá e para cá, nem me consultou antes, não me avisou, fez eu perder meu tempo, uma coisa horrorosa... para piorar ela era a cara da minha prima (com a diferença que minha prima não é sem graça, não, tá!), mas me senti duplamente traída, chamei o cara de babaca umas 3 x, mudei de canal, nunca mais vi o que aconteceu.

E não é que a figura reapareceu?

Nem eu acreditei. Acho que ouviram minhas preces à Nossa Senhora do Voyeurismo.

Voltei a assisti-lo. Na maioria das vezes, sem volume mesmo. Só a TV lá ligada, só para ver a figura. Confesso que mal parei para ouvi-lo, mas soube que o rapaz era polêmico. Hummmm... Adoro uma polêmica quando é enriquecedora e construtiva, mas não sei mesmo se era o caso. A trilha de casa era outra e estava bom assim. E o dito cujo é uma cooooisa, só para olhar mesmo, e estava bom assim.

Parei para pensar um tantinho... Tentando descobrir ou identificar em mim mesma o que é que me agrada em uma pessoa. Retrocedendo um tanto a fita e parando para olhar para trás (para os lados e para a frente?) e ver o que me agrada, pelo menos, externamente, em alguém. Hummm, lá vem mais outra tese de doutorado...

Engraçado falar isso... é “papo calcinha” total, daqueles que mulheres falam somente entre elas. Pois, por mais esquisito que possa parecer, quando falam abertamente ainda são taxadas de nomes e títulos. Como se mulher (ainda) não pudesse admitir e declarar que tem desejos, atração, tesão, etc.

Mas como eu sou aparentemente bem resolvida (comigo, pelo menos, eu sou), dona das próprias opiniões e nem um pouco influenciável pelas impressões dos outros, falo mesmo o que acho, penso e sinto. Pois, por mais esquisito que pareça, atingem, cutucam e afetam a mim, em primeira (e mais importante) instância.

Enfim, faz parte também do grande (e quase eterno...) exercício - paro para pensar e sentir como as coisas agem em mim. Faço sempre isso com praticamente tudo na vida e no mundo... O quê e em quê me tocam, o que me despertam, me dizem, me influenciam, me agradam ou desagradam e por aí vaaaaai..... que a lista de “pequenas-grandes-perguntas-filosóficas-de-dani” é mesmo extensa....

Pois bem, no processo do controle remoto na mão, andando a fita de mim mesma para frente e para trás (Ui.... Devo estar ficando velha!!! É fita rebobinada, e não full HD!!!!), vou vendo, de um jeito ou de outro, consciente ou inconscientemente, quais as coisas que eu sempre busquei ou encontrei. Coisas que eu atraí (?) ou me atraíram de alguma forma, ainda que eu não tivesse percebido no momento.

Parei para tentar ver isso agora e perceber ou fazer essas associações.

Se eu pudesse hoje construir uma figura ideal (pelo menos por fora...) para desfrutar do bel prazer de me fazer companhia por algum momento (ainda que eu mudasse de idéia logo depois...), como será que seria??? Vamos lá... Faz de conta que o gênio da lâmpada (que não faz meu tipo mesmo... um bigodinho cafona, calça que parece uma fralda...) saísse da panela encardidinha enquanto eu a lavo...

- E aí Danizinha? Qual é a boa? Quer dizer, qual é o bom? Estou aqui com o poder de materializar um boneco inflável gatinho para você! Diga aí, como é que vai ser? Meia calabresa meia baiacu?

- Uia! Taí. Gostei. Mas não sei nem por onde começar...

- Fácil, vamos lá... Só por fora. Pura atração física. Não estou aqui para fazer um homem que não reclame, que não se acomode, que não dê mais bola para o joelho do meia-esquerda do que para o que as mulheres tanto sentem e filosofam; nem que não dê mais dinheiro para um aparelho eletrônico do que para as contas atrasadas, que não ache que a vida é assim e acabou e não há nada a fazer para que a mudemos. É só por fora, falou? Facinho, facinho. Diga aí o que te agrada, não precisa parar para pensar muito não.

- Humm... Ó, acho que eu tenho alguns símbolos sexuais ou imagens que me agradam... Na categoria símbolos sexuais pode incluir o Supla (de boca fechada, por favor), o Angeli e o Salsicha, amigo do Scooby. Nas imagens que me agradam gosto do Johnny Deep quando está descabelado vestido de pirata. Mas acho que eu gosto de nerds... Então pode misturar tudo e todos, deixar descabelado e com a barba por fazer, transformar em um nerd e está bom.

- Vixe Maria! Isso não vai dar certo, não!!!! Sorry, wrong answer.

- Ahh... E pode ter a voz do Iggy Pop, assim... sussurrandinho, falando no meu ouvidinho... Pode ser?

- Eita, Dani!!! Está complicando.... Só por fora, só por fora. E veja se consegue combinar um pouco mais as coisas, tá!

- Só por fora? ....... Então diga para ele que aqui nesse planeta é proibido, terminantemente proibido, um crime, uma heresia, diga que é a Lei: Pro-i-bi-do usar cuecas vermelhas. E também não pode usar perfume de jeito nenhum, pelamordedeus! Fechou?

- Pô Dani, tá foda... É só por fora e você conseguiu complicar. De novo, de novo... Começa do zero. Esquece esse monte de referências desconexas e começa do zero. Vamos lá! Você é capaz!

- Ah, tá! Quer moleza? Vou pegar leve então, “prestenção” ! Pega uma figura linda, indiscutivelmente linda! Assim... tipo David de Michelangelo, ou... inventa aí uma versão feminina de Afrodite.

- Tá.

- Agora dá uma distorcida... Como se estivesse fazendo uma escultura, sabe? Puxa um pouquinho daqui, amassa um pouquinho dali. Vamos para os elementos desconexos. Algo de desproporcional... Talvez geométrico, certa desconstrução russa, certa abstração de Picasso.

- Hummm?

- E então!!!! É esse o quê de desconstrução! Saiu do padrão! Dá uma puxada aqui e outra ali e deixa algo de esquisito na figura... Um olho achatado ou esbugalhado, um nariz saliente, um queixo protuberante, uma orelha maior que a outra, sobrancelha falha, um braço comprido, perna fina ou torta, essas coisas, sacou?

- Hein?

- Tá..... Agora precisa ter vida! Vida vivida. Ter alguma história, alguma mácula, alguma cicatriz, sabe?

- Ó céus.... Cadê a panela?

- Uia... Tá quase! Falta pouco.... Dá para dar uma estonada? Assim... como se enfiasse para bater na máquina, com umas pedras, umas cores diferentes para dar uma manchada, deixar mais surradinho, sabe como é?

- Não, não sei não. Como assim?

- É... para dar uma detonada mesmo, calça jeans quando fica mais velhinha e é mais gostosa, deixar mais com cara de tubarão do que de golfinho.

- Aaahhhh....

- Pronto. Viu como fez todo o sentido do mundo?


Aí eu entendi comigo mesma o quê e porque me agrada no Dourado. E mais... também descobri que é mesmo só para olhar. É puro voyeurismo que não chega nem a platonismo. E até porque eu não devo ser mesmo mulher para o cara... Não tenho bundão, não sei fazer carão, não sei descer até o chão.

Nessas, descobri também que minhas amigas e amigos ficam todos horrorizados quando eu falo que acho o cara uma graça!

Impressionante isso!!!

Só uma compartilha de tamanho bom gosto comigo!

Ela é meio esquisita, mas é do bem. E, ao que parece, tem esse gosto refinado e apurado no quesito masculino assim como eu. E não! Isso não vai dar briga nunca, não. É mais fácil a gente dividir alguém do que brigar por causa disso.

E sim! Nós mulheres, mesmo as esquisitas, falamos o que achamos, ainda que nem todos saibam. A diferença é que tem gente que fala abertamente, autenticamente, sem medos e crises de ser tachada ou estigmatizada com isso.

Aliás, por que é mesmo que as mulheres pleitearam tanto por direitos de igualdade?

Para poderem falar o que pensam? Ou para virarem objetos que rebolam na boquinha da garrafa do big brother?

Objeto por objeto prefiro eu admirar os meus...


gentilmente copiado e colado de KiraSaintClair



... nessa casa se ouve John Coltrane

Um comentário:

Marconi Brasil disse...

Dani, querida. O blogue ficou todo preto. Beijos.