Tempinho
sobrando, sabe como é mulher, né? Vai peruar, bater perna, ver as novidades e
gastar por aí...
Então estou eu,
formosa e cremosa como sempre (?), fuçando a loja de ferragens. Daquelas boas!!!!
Com cacarecos pendurados por todos os lados, daquelas que você não consegue nem
saber que cor seria a parede de fundo, um verdadeiro mundo mágico da porca e
parafuso... Parque de diversões total.
Então vejo aquele
saco liiiindo no chão! Rechonchudo, encostado num canto do balcão.
Peça rara. Coisa
fina...
Disparo na hora:
- Ô moço, quero
esse saco de presente, pode me dar? O que tem dentro? Deixa eu ver que eu
esvazio, arrumo um lugar para você guardar o que for, me deixa ver de perto. –
e já vou quase invadindo o balcão do rapaz...
- Tá cheio de
saco igual dentro, dona. A gente vende... E o povo compra para jogar entulho
dentro.
- O quêêê? Quero
um!!! Isso é lindo, uma preciosidade, design notável. Olha a cara da moça... Uma
boneca de porcelana! E ainda está escrito (de forma nonsense total) “fubazão,
fubá mimoso, quirera fina, quirera grossa, quirera média”, Qué isso?!?
- É mesmo... Tem
uma moça aí.
- Me dá aqui
esse saco, que eu vou pendurar na parede. Coisa linda de se ver. Parece uma
pinup... Olha lá, está até de batonzinho vermelho, um olhão expressivo, né? Sobrancelhinha
bem feita, certo ar de “não to nem aí”...
- Pôr na parede,
dona?
- Nossa, pra já!
– já esticando o saco no meio da lojica – Veja aí, moço. Ela até parece comigo!
Eu de franjinha e esse cabelinho álbum-de-casamento-da-tia nessa moldura do Bombril
ia ficar igualzinha
- Viiixi, é
mesmo – e berra olhando para o estoque – Ê Fulano, “vem-cavê”!!! A dona aqui
parece a mulher do saco!
Ganhei um saco
de presente!
Voltei para casa
(pesaaaaada com a bolsa cheia de ferragens), mas feliz da vida com a nova obra
de arte do surrealismo (popular) fantástico :)
... nessa casa
se ouve King
Oliver and His Creole Jazz Band
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