Ela não
tem paciência para esperar “chuvas passarem”, se acotovelando em baixo de
marquises, com gente esquisita que não sabe manobrar um guarda chuva.
Ela
não tem paciência para esperar se acotovelando em baixo de marquises.
Ela
não tem paciência para marquises.
Ela
não tem paciência para gente esquisita, nem para a maioria dos seres humanos...
“que esperam”... e que se acotovelam, e que não sabem manobrar um guarda chuva
e, muitas vezes, nem a si mesmos.
Ela
não tem paciência para esperar.
Ela
não tem paciência.
Então
saiu andando.
Há
dias anda por aí sem se importar... Atravessando ruas como se estivesse (descalça)
na Antártida, atravessando ruas como se fosse um tuaregue (descalço) no meio do
deserto.
-
E fodam-se essas luzinhas de 3 cores penduradas a cada esquina. E foda-se qualquer
carro que cruze no meio do caminho.
Ela
tem andado como se fosse a cavalaria de um exército.
Ela
tem andado como se fosse a infantaria dos legionários romanos.
Ela
tem andado meio mal...
Saiu
andando e pulando nas poças... propositalmente fazendo respingar nos carros que
fazem isso com os pedestres; propositalmente se deixando molhar... por dentro e
por fora.
Chegou
molhada, encharcada, pingando.
Pegou
toda a chuva do mundo na cabeça.
Pegou
toda a chuva do mundo na cabeça, corpo e membros. Por dentro e por fora. Chegou
gelada. Por dentro e por fora
Molhada.
Gelada. Calada.
Subiu
de escadas... 90 e poucos degraus, andando em círculos, ficando tonta e
pingando as gotas da chuva ácida andares abaixo.
Ela
não tem medo de quase nada nessa vida... mas ela tem medo de andar ‘no elevador
mal assombrado’ quando chove... e que é o que resta quando o social está
parado. Ela tem medo de ter medos, então prefere dizer “que não gosta”.
Abre
a bolsa que é de pano. Tira tudo que molhou lá dentro. Esparrama pelo chão ‘para
secar’.
Ela
não quer se secar. Vai se molhar de novo.
Gelada.
Calada.
Toma
um trago da canela, se enfia no chuveiro.
Esparrama
roupas pelo chão lado a lado com os papéis.
No
box está escrito “lavar pelo avesso”.
E
a água escorre pelas costas... levando a chuva ácida, levando a acidez da
mulher que é sempre tão doce (?).
Ela
agradece por ter água quentinha no chuveiro.
Por
ter meias secas para vestir.
Por
ter um teto para se guardar.
Veste
‘roupinhas ridículas de ficar em casa’.
Ela
está feliz.
Por
ter encontrado tanta gente querida num mesmo dia!
Ela
está triste.
Por
não ter encontrado gente querida nenhum dia...
Calada.
Segue
fazendo um lanche. Baixando arquivos da pendrive.
Segue
trabalhando noite afora, chuvas adentro...
... nessa casa se ouve The Strokes
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